Theresa Catharina de Góes Campos

 

De: "Manoel Craveiro"
Data: Thu, 16 Feb 2006 11:01:14 -0300


Sra. Theresa Catharina,
Acredito deva tratar-se de artigo que interesse ao público que se dedique a comunicações oficiais.
Um abraço.
Prof. Craveiro


Resolutibilidade (?)

             Veio ao meu conhecimento, por meio de uma Comunicação Oficial, a forma vocabular resolutibilidade, cujo trecho aqui  transcrevo: “(...)  Por se tratar de uma população de número significativo, o sistema proposto deverá admitir possibilidades de atendimento e agilidade para atender às necessidades mais prementes do usuário, sempre buscando altas taxas de resolutibilidade (...)”.  Teria  havido erro de digitação (em vez da sílaba di, registrara-se ti) ou simplesmente tal forma não existiria em nossa língua?

Examinando o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras,  identifiquei tão-somente o vocábulo resolubilidade, s.f., “qualidade do que é passível de resolução”. Por um processo de parassíntese (prefixo e sufixo simultaneamente), temos re- +f.latina solubili- (desligar, desatar, dissolver, soltar,...) e o sufixo –dade (=resolubilidade).  A forma latina adjetiva solutilis, derivada do verbo soluere, igualmente desatar, desligar,...   não foi incorporada ao nosso idioma, o que não ocorreu com o registro latino solubili(s).

 Segundo Napoleão Mendes de Almeida, no Dicionário de Questões Vernáculas, “(...) o que determina a fixação de uma palavra no vocabulário de uma língua é, sem dúvida, o uso (...)”.  E poderíamos aduzir que a forma substantiva resolutibilidade é mais um modismo da língua, um barbarismo, ou seja, “estranha na forma ou na idéia, ou inteiramente desnecessária ou contrária à sua índole”.

A título de curiosidade, a forma solubilidade teve registro, em nosso idioma,  já em 1858, a par de resolução, do latim resolutio, -onis, “ação de desatar, libertação, decomposição”; no séc. XV, resoluçã e resoluçam e, no séc. XVI, já ‘resolução’. 

Fontes:  Academia Brasileira de Letras.

  Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.

           Dicionário de questões vernáculas, de Napoleão Mendes de Almeida.

              Dicionário etimológico da língua portuguesa, de Antônio Geraldo da Cunha.

 

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