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Bilíngue, em japonês e português,
o número 71 da Revista Nikkei Bungaku está à
venda
De: Kakinet
Date: ter., 29 de nov. de 2022
Subject: [Kigo-BR] Revista Nikkei
Bungaku #71
Haicaístas:
Está à venda o número 71 da revista bilíngue
Brasil Nikkei Bungaku,
publicada pela Associação Cultural e
Literária Nikkei Bungaku do Brasil, com
os haicais em português enviados por
colaboradores de todo o país.
A revista Brasil Nikkei Bungaku é uma
publicação quadrimestral que
originalmente divulgava a produção literária
em língua japonesa da
comunidade nipo-brasileira. Tem seções de
contos, ensaios, crônicas, tanca,
haicai, senryu e poesia livre, além de
traduções de literatura brasileira
para o japonês.
Hoje a revista também divulga trabalhos em
língua portuguesa (haicai,
conto, poesia, crônica e ensaios), num
espaço aberto à participação de todos
os interessados.
A edição 71 tem 124 páginas em língua
portuguesa.
O editor da seção de língua portuguesa é o
escritor André Kondo.
O editor da seção de língua japonesa é
Nobuyuki Miyagawa.
Para adquirir um número avulso, solicitar
pelo e-mail
nikkeisecretaria@gmail.com
Nesta edição, foram selecionados e
publicados 126 haicais de 39 autores,
com temas de verão, selecionados por Edson
Iura, que seguem abaixo.
***
Oh, amanhecer
entra pela janela
o sol de verão.
Verão na praia
nas ondas o surfista
parece voar.
Agustín Alberto Subirats
Miami, EUA
***
Chuva de granizo.
Os alunos se protegem
sob uma marquise.
A missa do galo
na televisão sem som...
Meu avô cochila.
Ceia de Ano Novo.
Só mais uma rabanada
antes do jantar.
Fonte luminosa –
As crianças comemoram
cada jato d’água.
Noite de verão –
Os casais até mais tarde
nos bancos da praça.
Antonio Seixas
Magé, RJ
***
Mosquito abusado
zunindo no meu ouvido –
Palmas pelo ar.
Época chuvosa –
O vento leva a sombrinha
das mãos da vovó.
Na guerra de lama
crianças da vizinhança –
Época chuvosa.
No espaço entre pedras
sozinha a flor amarela –
Manhã de verão.
Ao longo da praia
aqui e ali flores na areia –
Dia de Iemanjá.
Benedita Azevedo
Magé, RJ
***
na pedra do umbral
bato meu velho sapato –
de súbito, a aranha
doce farfalhar
das palhas dos coqueiros –
mar de verão
festa de Ano Novo –
com taças de guaraná
brinde das crianças
a criança e a idosa
cantam a mesma marchinha –
já é carnaval
o tom crescente
do canto da cigarra
tarde de domingo
Bruno Ítalo
Teresina, PI
***
Estudante à toa,
Sem tarefas a fazer –
Férias de verão.
Um ponto distante –
A jangada solitária
Quase em alto-mar.
À beira do rio,
Famílias desabrigadas –
Estação chuvosa.
Sequer um centímetro
Na faixa de areia resta –
Esteiras de praia.
Jacarés se aquecem
Ao sol na beira do rio –
Bocarras abertas.
Carlos Alberto Bittar Filho
São Paulo, SP
***
O vento a zunir
Entre as folhas dos coqueiros
Ondas se levantam
Verão abafado
As sombras sobre as montanhas
Quase não se movem
Primeiras estrelas
Chegam com o lusco-fusco
Coaxar dos sapos
Calor escaldante
Sob a árvore frondosa
O gado se junta
Carlos Viegas
Brasília, DF
***
Flores de verão
espalhadas pelo caminho.
Festa das cores.
Com a bicicleta
subo na água barrenta.
Chuvas de verão.
No verão, sol forte,
árvores cobrem caminho.
Pedalo na sombra.
Clenio F. Salviano
Campinas, SP
***
Agenda nova –
Sem grandes planos
a longo prazo.
Pés descalços
na caminhada à beira-mar –
Férias de verão.
Verão no parque –
Cachorra se refresca
na grama úmida.
Cris Chinen
Santos, SP
***
dia de feira –
em frente à barraca de peixe
a garça espera
dias de toró –
na pausa entre as chuvas
roupas no varal
noite na praia –
o sorvete em família
depois do passeio
um rápido susto
ao encostar na parede –
ah… a lagartixa!
Daniel Morine
Santos, SP
***
Numa noite quente
Deito no chão e divago
Contando as estrelas.
Danielle Oliveira
Anápolis, GO
***
Sob o calor feroz,
O cogumelo, de chapéu,
Tem sua própria sombra.
David Ehrlich
Curitiba, PR
***
guarda-sóis em praias:
cogumelos coloridos
plantados na areia
Eduardo Hernandes
Brasília, DF
***
Verão, sol a pino,
A sombrinha não bastava.
Só a mangueira de água!
Elizabeth Cortella
São Paulo, SP
***
Noite de verão –
Uma rodinha de samba
na estação Central.
Subida da serra –
Algazarra dos meninos
na bica da estrada.
Viagem de férias –
Na plaquinha do cardápio,
pintado grelhado.
Família reunida
na montagem do presépio –
Faço uma oração.
Fabiana Lessa
Nova Iguaçu, RJ
***
Festa na praia –
Há crianças que brincam,
festejando o verão.
Espuma do mar –
Ao tocar os meus pés,
sinto o verão.
Fernando de Azevedo Alves Brito
Vitória da Conquista, BA
***
Tarde de verão –
Cachorro que tomou banho
corre pra areia
Voa o chapéu de praia –
O rapazinho e a sua sombra
tentam pegar
Noite de verão –
O ronco forte e monótono
no quarto dos hóspedes
Férias de verão –
Os irmãos jogam capoeira
no quintal da avó
Fernando Mandioca
Uíge, Angola
***
Madrugada escura –
No horizonte os pirilampos
piscam entre estrelas
Todos se abanam
na estação ferroviária –
Canícula intensa
Apenas os pombos
nas ruas perto da escola –
Férias de verão
Na estrada de pedra
a cantiga dos pastores –
Serra de Verão
Chega o fim da tarde –
Pelo campo de verão
ovelhas douradas
George Goldberg
Londres, Inglaterra
***
A mão, como um leque,
manda pra longe o mosquito
e espanta o calor!
Geraldo Trombin
Americana, SP
***
O voo da garça
No verão do pantanal
Faz sombra ao sol
Filhotes de garças
Branqueando o pantanal
Começou o verão
Irene Curcelli
São Paulo, SP
***
Conversa animada –
Sobre a toalha estendida
formiga passeia.
Saída da escola –
Nas mãos da criançada
pedras de granizo.
Sol a pino
e camisa desabotoada –
Esplendor do verão.
Jaíra Presa
Santos, SP
***
Noite de verão –
Conversa entre vizinhos
por cima da cerca
Entrada do sítio –
Tento, mas não consigo
contar os vagalumes
No meio da trilha...
Surge repentinamente
uma saracura
Porta do paiol –
A aranha tece a teia
inúmeras vezes
Colheita de pêssego –
O menininho no colo
também quer ajudar
Jô Marcondes
Irati, PR
***
O velho muro
aos poucos se embelezando –
Ipomeias rubras.
Dia nublado –
Mesmo assim os girassóis
mantém-se erguidos.
Ah! terra natal –
Nenhum amigo de infância
só o rio de verão.
Pesca abundante –
Também o ronco dos bagres
dentro do samburá.
José Alberto Lopes
São Bernardo, SP
***
manhã de verão
barcos aportam na praia
peixes no puçá
noite de natal
crianças em alvoroço
esperam Noel
ecoam trovões
na sala iluminada
bebê assustado
Jurema Rangel
Rio de Janeiro, RJ
***
Beira de estradinha,
uma serpente, a surpresa –
Calorão destoa...
Chispa a lagartixa,
na capela abandonada.
Manhã de verão –
Lúcio Kume
São Paulo, SP
***
dias de toró –
o pai convida as crianças
ao banho de chuva
o mar para todos –
cedinho já estão na praia
garças pescadoras
com seus passos lentos
deixa trilha no jardim
velho jaboti
voltam à cozinha
visitantes sem convite –
formigas miúdas
Madô Martins
Santos, SP
***
Noite tropical –
Uma criança brinca
com seu patinete
Brasas da tarde –
As bochechas do bebê
mais e mais rosadas
Velha queda d'água –
O barulho da infância
hoje relembrado
Noite de insônia –
Por companhia apenas
as muriçocas
Marco Aurélio Goulart dos Santos
Itapecuru Mirim, MA
***
Chuvas de verão
As sombrinhas coloridas
No passo do frevo
Marcos Antonio Campos
Natal, RN
***
tomar a fresca –
casebre sem ventilação
de pé na cerca
Marisa Tereza de Sá
Osasco SP
***
Antigamente
tudo era mais mágico.
Noite de Natal.
Sob o flamboiã...
uma sombra refrescante
e algumas pétalas.
Longa estrada reta.
Lá no horizonte uma
nuvem de verão.
Noite de verão.
Pedalar até a praia
e voltar feliz.
Matsuki
São José dos Pinhais, PR
***
Cheiram cá na estrada
os abacaxis maduros
lá embaixo no vale
O pé de acerolas
carregadinho de frutos
e de passarinhos
O menino e o pai
voltando da pescaria
bagres no embornal
Em meio aos espinhos
no cacto começa a abrir
a primeira flor
Toda desbotada
na parede do barraco
a folhinha velha
De longe contemplo
a árvore de fedegoso
carregada de flores
Matusalém Dias de Moura
Iúna, ES
***
dia na praia –
no arrebentar das ondas
biquini perdido
tardinha de vento –
no balançar dos galhos
lágrima-de-cristo
chuva de verão –
entre uma e outra trovoada
flashes angelicais
Maurício de Oliveira
São Paulo, SP
***
Serra de verão –
O casebre lá no alto
reluzindo ao sol.
Rua pequenina –
De ponta a ponta o perfume
da dama-da-noite.
Nuvem de verão –
Na tarde lenta do campo,
céu de carneirinhos...
Carros estacionados
em toda a extensão da orla –
Ainda é verão...
Janeiro termina –
O som da chuva lá fora
me faz pensativa...
Alvura de garças
à beira-rio de águas turvas –
Viagem de trem.
Mônica Monnerat
Santos, SP
***
Gaivotas voam
Sobre a brisa do oceano
O verão chegou
Nathalia Tavares Mageste
Mogi das Cruzes, SP
***
voa tingida
suave, a garça branca
céu de açafrão
Paulo César Giordano
São Paulo, SP
***
Na rua deserta
sigo o rastro do perfume –
Alfeneiro em flor
Mercado de peixes –
O alvoroço dos turistas
e também das garças
Quantos caranguejos!
Os olhos do pescador
à beira do mangue
Calorão da noite –
A conversa dos amigos
com os pés no mar
Chuva de verão –
O repentino frescor
neste fim de tarde
Taís Curi
Santos, SP
***
A tarde se anima
de vermelho e passarinho –
ah, que dia longo!
Flor de jasmim-manga
perfuma a moça na praia –
colar havaiano
Na tarde quente
atobás sobrevoam o mar –
cardume à vista
Valquíria Cardarelli
São Paulo, SP
***
fim de tarde –
quarta-feira de cinzas
despe-se das cores...
de manhãzinha –
a roupa de Papai Noel
desperta no varal...
Vanice Zimerman
Curitiba, PR
***
poemas em penca
à vista em exposição
feira de Natal
o puxão bem dado
na linha em volta dos dedos
um bagre amarelo
decora em azul
o jardim da velha casa
flor da bela-emília
em fila na banca
talhadas de melancia
que gostosura
Vilma Vianna
Pelotas, RS
***
Calendário velho –
Tantas marcas e rabiscos
sem mais serventia.
Janeiro começa –
Perdida atrás do sofá
rolha de espumante.
Folia de Momo –
Sem passado nem futuro
o beijo na boca.
Chega o Carnaval...
No retiro dos velhinhos
a TV ligada.
Velório encerrado –
Samambaias impassíveis
na sala em penumbra.
Noite de verão...
Os cachorros do vizinho
também têm insônia.
Zekan Fernandes
São Paulo, SP
***
Abraços,
---
Edson Iura
kakinet@gmail.com
www.kakinet.com
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