*Morte clínica do Congresso: deputados e
senadores não servem para mais nada* *J.R.
Guzzo*, 22/12/2022
O Congresso Nacional não existe mais –
ocorreu, ali, o que os médicos chamam de “morte
clínica”, quando o organismo ainda está
biologicamente vivo, mas não tem mais circulação
sanguínea, respiração e batimentos cardíacos
capazes de sustentar a vida de um ser animado.
Câmara e Senado continuam de portas
abertas, pagam os salários de todos os seus
dependentes (são os parlamentares mais caros do
mundo) e até aprovam aumentos para eles próprios
e os seus senhores do Poder Judiciário, mas já
não respondem mais a estímulos internos ou
externos de qualquer natureza.
Não servem rigorosamente para mais nada, do
ponto de vista do interesse público. Suas
decisões não contam para coisa alguma – tanto
faz, na verdade, se decidem ou não, porque quem
faz as leis é o Supremo Tribunal Federal. É dali
que saem, na vida real, as ordens a serem
obedecidas pela sociedade brasileira.
A morte do Congresso vem se fazendo por
etapas, com a participação ativa dos presidentes
da Câmara e do Senado – os mais destrutivos da
história parlamentar do Brasil, em sua
obediência cega ao STF.Deputados e senadores,
eleitos pela população, só podem fazer o que o
STF permite, não têm mais liberdade de se
manifestar fora do Plenário (talvez nem dentro,
pelo jeito que vão as coisas) e podem ser presos
até por nove meses, sem o mais remoto fundamento
legal, se um ministro assim quiser. Não reagem a
mais nada que o STF decida. Estão vivendo na
base de aparelhos – no caso, do dinheiro
público, de seus negócios privados e da
submissão completa à “corte suprema” e a um
segundo patrão, o futuro governo Lula.
A morte do Congresso vem se fazendo por
etapas, com a participação ativa dos presidentes
da Câmara e do Senado – os mais destrutivos da
história parlamentar do Brasil, em sua
obediência cega ao STF e, agora, ao novo
governo. Sua última obra, que veio junto com o
escândalo do aumento na remuneração, foi aprovar
a licença para Lula gastar 145 bilhões de reais
acima do que a lei permite – um assalto
explícito ao Tesouro Nacional e, pior que isso,
uma perfeita palhaçada.
Não fez nenhuma diferença a sua aprovação – o
Supremo já tinha decidido que o teto de gastos
ia ser jogado no lixo e o Congresso mais uma
vez, disse “sim, senhor”. Não fazia e continuará
a não fazer nenhuma diferença o que deputados e
senadores queiram ou não queiram, ou a vontade
dos eleitores que os colocaram em seus cargos;
quem vai mandar no Brasil, cada vez mais, é o
consórcio STF-Lula, e todo o imenso sistema de
interesses que lhe dá apoio.
Jornalista. Colunista dos jornais: O
Estado de S. Paulo, Gazeta do Povo e da
Revista Oeste
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