A ERA DA GRANDE MENTIRA J.R Guzzo - Revista
Oeste
O Brasil tem desde o dia 1º de janeiro de
2023 uma religião oficial do Estado: a mentira,
o tempo todo e em todas as questões, com método,
cálculo e um sistema de operação.
Não é nenhuma novidade. Mentir como política
pública é um dos fundamentos básicos de regimes
de esquerda que querem mandar no governo para
sempre.
Foi assim na Rússia comunista de Stalin, onde
a verdade era unicamente aquilo que o governo
certificava como sendo verdade; é assim em Cuba,
de 1959 até hoje.
Se um jornalista, ou quem quer que fosse,
perguntava sobre os presos políticos que lotavam
os campos de concentração da ditadura
estalinista, a resposta era: “Não há presos
políticos na Rússia. Não há campos de
concentração na Rússia”.
É a mesma coisa em Cuba, quando se pergunta
sobre a ditadura de Fidel Castro: “Há eleições
livres em Cuba. Há liberdade de opinião em
Cuba”.
É negacionismo no último grau.
O regime elimina a realidade dos fatos, dos
números e das evidências visíveis, em todos os
discursos, documentos e atos oficiais.
Em seu lugar entra uma nova realidade,
fabricada pelo governo e repetida pelos
políticos de partido único e pela imprensa de um
jornal só.
A principal característica dessa nova
realidade é não existir.
O quadro que Lula atribuiu a Bolsonaro, na
verdade, é uma fotografia perfeita do que ele
próprio e a sucessora que inventou fizeram com o
Brasil entre 2003 e 2006
A posse de Lula na presidência da República é
provavelmente a tentativa mais flagrante de uso
da mentira como política de Estado que o Brasil
já viu em sua história.
Nada do que foi dito ou apresentado ao
público no dia 1º de janeiro em Brasília tem
algum contato com qualquer coisa que se possa
chamar de verdade — e talvez nenhum fato
comprove isso com tanta clareza quanto a frase
mais indignada do primeiro discurso de Lula como
presidente.
“Desorganizaram a governança da economia”,
disse ele, referindo-se ao governo de seu
antecessor.
“Dilapidaram as estatais e os bancos
públicos. Entregaram o patrimônio nacional. Os
recursos do país foram rapinados para saciar a
cupidez de rentistas e acionistas privados das
empresas públicas.”
O Brasil que ele recebe, segundo o discurso,
é um amontoado de “ruínas terríveis”.
É uma das declarações mais alucinadas jamais
feitas por qualquer presidente deste país, em
qualquer época.
Lula não citou um único fato, um único
número, absolutamente nada, para sustentar
qualquer das palavras que disse.
É pura Rússia, ou Cuba, com as lendas
oficiais que os seus governos impõem à
população.
Como acontece lá, a realidade objetiva é
exatamente o contrário do que afirmou — o quadro
que Lula atribuiu a Jair Bolsonaro, na verdade,
é uma fotografia perfeita do que ele próprio e a
sucessora que inventou, Dilma Rousseff, fizeram
com o Brasil entre 2003 e 2006.
Lula recebe a economia com inflação inferior
a 6% ao ano, menos que a dos Estados Unidos, a
menor taxa de desemprego desde a recessão de
Dilma, e as estatais com um lucro de 250 bilhões
em 2022.
O Banco do Brasil, especificamente, lucrou 30
bilhões no ano passado — o melhor resultado da
sua história. Como o presidente da República
pode dizer, em discurso oficial, que o banco foi
“dilapidado”?
O saldo na balança comercial em 2022 foi
recorde, com mais de US $60 bilhões.
As reservas internacionais estão acima de 320
bilhões, também em dólares — e por aí se vai, um
fato em cima do outro, tudo flagrantemente
oposto ao que Lula afirmou.
Nem uma das figuras principais da coreografia
da posse, a catadora de lixo que lhe passou a
faixa presidencial, é de verdade.
A figura foi inventada para simbolizar os “33
milhões” que “passam fome” — por sinal, um
número simplesmente absurdo, fruto direto de
propaganda lulista explícita, e que já foi
comprovado como falso.
Mas a “catadora de lixo” é estudante de
Direito, presidente de uma “Central de Materiais
de Recicláveis do Distrito Federal e Entorno” e
“secretária nacional” da “Mulher e Juventude” da
Uni Catadores; circulam na internet imagens de
uma viagem que fez a Roma. É tão catadora de
lixo como Lula é “operário”.
A imagem que tentaram vender, de qualquer
forma, é puro fake.
Se ela é mesmo quem o roteiro da posse quis
mostrar que é, fica sem resposta a seguinte
questão: como continua catando lixo se começou a
fazer isso, pelo que diz a propaganda da posse,
20 anos atrás?
Quer dizer, então, que o símbolo da luta
“contra a pobreza” exibido ao público atravessou
os dois governos de Lula, mais os dois de Dilma,
e até hoje não conseguiu sair da miséria?
É essa a lógica da realidade oficial do
regime que começa; é o mundo falso de Lula, do
PT e do Jornal Nacional, como na Rússia
comunista era o mundo do Pravda.
Na nova religião oficial do Brasil, Lula não
é um político que foi condenado pelos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em três
instâncias e por nove juízes diferentes; também
não passou 20 meses trancado numa cela de
cadeia.
É como se tudo o que aconteceu não tivesse
acontecido.
Não houve confissões de corrupção por parte
de diretores da Petrobras durante o seu governo.
Não houve devolução voluntária de dinheiro
roubado.
Não houve empreiteiros de obras públicas que
confessaram ter comprado os favores de Lula,
foram para cadeia e se delataram uns aos outros.
O presidente diz, como se estivesse fazendo
um imenso favor ao povo brasileiro, que vai
“salvar” a Petrobras e fazer dela de novo o que
era.
Mas a realidade fabricada por Lula e o seu
sistema, para substituir a realidade comprovada,
não diz que a Petrobras do seu tempo era a
Petrobras que comprou a montanha de ferro-velho
da refinaria americana de Pasadena, uma das
negociatas mais grosseiras jamais cometidas
contra o Estado brasileiro — ou que foi roubada
durante anos pela construção da Refinaria Abreu
e Lima, que deveria custar US $2 bilhões, já
custou mais de 20 bi e ainda não está pronta,
por falhas primitivas no projeto.
É essa a Petrobras, que quase foi à falência
nos governos do PT, e se viu condenada por
tribunais internacionais a pagar bilhões de
dólares por roubar os acionistas, que ele quer
de novo.
Na verdade, no mundo de ficção que está
criado no Brasil desde o dia 1º de janeiro, não
existe a palavra “corrupção”.
Não se falou uma sílaba sobre o tema, nem no
discurso de posse nem em qualquer manifestação
oficial;
a era Lula-Dilma foi a mais corrupta da
história brasileira, ou mundial, mas nada disso
aconteceu.
Não há o reconhecimento de nenhum erro, mesmo
involuntário.
Não se lamenta nada, nem se pede desculpas
por nada.
A mentira como política de Estado sustenta
que o Brasil viveu entre 2003 e 2016, sob Lula e
a sua sucessora, uma época de ouro, para a qual
a população estava morrendo de vontade de
voltar.
Não existiram a recessão econômica deixada
por Dilma, a maior da história nacional, nem as
centenas de processos penais contra ladrões do
erário (quase todos eles já de volta ao novo
governo), nem o fato objetivo de que em 13 anos
e meio no poder o Sistema Lula não resolveu um
único problema real do Brasil, um só que fosse —
da pobreza ao crime, da calamidade da educação à
calamidade da saúde pública, da falta de
estradas à falta de esgotos.
Olhe-se em volta, à procura de alguma coisa
boa do governo Lula, ou melhor do que existe
hoje; não se encontra nada.
Mas a farsa imposta ao país diz que nunca
houve um Brasil tão justo, feliz e bem-resolvido
quanto o Brasil da confederação
Lula-PT-empreiteiros corruptos-ladroagem etc.
etc. etc.
Em menos de uma semana de governo, as ações
cotadas na Bolsa perderam R $500 bilhões em seu
valor.
A mentira oficial não reconhece que 58
milhões de brasileiros adultos — ou praticamente
50% dos que votaram nas últimas eleições,
segundo os números do próprio TSE — são contra
Lula.
Diz que a democracia no Brasil estava sendo
destruída no governo anterior, que não mandou
prender ninguém, nem desobedeceu a qualquer lei,
nem censurou uma única palavra dita contra ele
na imprensa ou nas redes sociais.
O Brasil da coligação Lula-STF já tem pelo
menos sete presos políticos.
Tem pencas de mandados de prisão a cumprir.
Tem repressão redobrada nas redes.
Tem quebras em massa de sigilos.
Tem uma nova “Procuradoria Nacional de Defesa
da Democracia”, para combater “atentados” contra
as“políticas públicas”.
Tem o terrorismo sistemático do Ministério da
Justiça contra quem é acusado de “atos
antidemocráticos”.
Tem até um índio preso nos cárceres do
ministro Alexandre de Moraes — isso num país que
desde 1º de janeiro tem um “Ministério dos Povos
Indígenas”, ou coisa parecida, sustentado com o
dinheiro do pagador de impostos.
O Brasil imaculado de Lula e da impostura
implantada com o início do seu governo tem
dezenas, ou mais, de autoridades públicas com
passado ou presente penal nas costas; quando se
vai para o segundo escalão, a coisa fica pior.
Só nas penitenciárias, que o ministro da
Justiça quer esvaziar, se pode achar uma
concentração tão grande de gente envolvida com o
Código Penal como no ministério e na equipe
principal de Lula.
Em menos de uma semana de governo, as ações
cotadas na Bolsa perderam R $500 bilhões em seu
valor — mas no teatro montado em Brasília as
perdas não existem, a Bolsa não existe, como não
existe nada além de um raio de 3 quilômetros do
Palácio do Planalto.
Em cima de tudo isso, para completar, Lula dá
sinais de estar vivendo um processo mental de
ilusões maciças. Acha que ganhou a eleição por
seus próprios méritos; esquece que está lá pelas
decisões encadeadas de Alexandre de Moraes, do
resto do STF e do TSE.(Até agradeceu ao TSE no
seu discurso de posse, passando um notável
”recibo” público por serviços prestados, mas tem
certeza que o seu herói é ele mesmo.)
Acha que os brasileiros vão obedecer a ele
como os cubanos obedeciam a Fidel Castro, ou aos
ditadores que estão lá hoje, com a sua polícia e
o seu aparelho todo de repressão.
Acha que pode anular o Congresso com uns
trocados como Ministério da Pesca, ou
cofres-fortes como o novo Ministério dos Portos
— um dos sinais mais óbvios a respeito de como
seu governo vai proceder, realmente, no mundo
das coisas materiais.
Acha que a realidade do Brasil é o que
aparece nos blogs “progressistas”, no noticiário
da mídia militante e na programação da Rede
Globo.
Acha, acima de tudo, que o Brasil começa e
acaba nele e no PT — e sobretudo nele.
É o enquadramento perfeito para a Era da
Grande Mentira. |