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De:
2001 Video [mailto:email@2001video.com.br]
Enviada: sex 30/6/2006 11:34
Para: Theresa Catharina G. Campos
Assunto: 2001 Video - Lançamentos
para locação
JOHNNY & JUNE
(Walk the Line,
EUA, 2005, Cor, 135’)
Fox – Drama – 12 anos
De: James Mangold
Com: Joaquin Phoenix, Reese Witherspoon,
Ginnifer Goodwin, Waylon Payne
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O filme acompanha a
vida de Johnny Cash desde a infância
pobre até virar cantor, nos anos 1950,
quando já estava casado e com filhos. A
partir de então, ele viaja pelos EUA com
Jerry Lee Lewis e a cantora folk June
Carter, por quem se apaixona.
...Johnny
Cash
Comentário:
John R. Cash nasceu em 26 de fevereiro
de 1932. Na infância, enfrentou a dor da
perda do irmão mais velho, Jack, em
acidente apenas sugerido no filme, que o
marcou por toda vida. Em 1957, gravou
seu primeiro álbum, Johnny Cash With
His Hot and Blue Guitar, trazendo
canções que se tornariam clássicas, como
I Walk the Line e Cry! Cry! Cry!,
lançadas anteriormente em singles. Em
1965, foi preso em El Paso (Texas)
quando tentou entrar nos EUA com
anfetaminas – das quais era dependente,
bem como de barbitúricos – escondidas no
estojo do violão. Diz a lenda que pediu
June Carter - sua parceira de turnês,
filha da tradicional família Carter, de
músicos folk - em casamento dezenas de
vezes antes que ela finalmente aceitasse
durante show em London (Ontário,
Canadá), realizado em 1968. Compôs
canções interpretadas por grandes astros
de sua época, como Elvis Presley e Roy
Orbinson. Nos últimos anos de sua vida,
interpretou, com seu inconfundível
estilo declamado de cantar, músicas de
grupos famosos, como U2 (The Wanderer),
Depeche Mode (Personal Jesus) e
Nine Inch Nails (a belíssima Hurt).
Essa transgressão de estilos do “Man in
Black”, apelido dado por seu hábito de
usar roupas da cor preta, lhe valeu o
reconhecimento tanto no mundo do rock,
quanto no do country e folk. Ganhou a
incrível marca de 11 prêmios Grammy,
alguns compartilhados com June Carter. A
universalidade de Cash se deve em parte
por seguir a tradição de músicos que,
como Woodie Guthrie, deu voz aos
excluídos da sociedade. O filme
Johnny & June tem roteiro adaptado
de sua autobiografia.
* Oscar® de melhor
atriz (Reese Witherspoon). Indicado a
melhor ator (Joaquin Phoenix), figurino,
montagem e efeitos sonoros. Prêmio da
Academia Britânica de melhor atriz e
melhor som. Globo de Ouro de melhor
filme musical ou comédia, melhor ator em
musical ou comédia e melhor atriz em
musical ou comédia.
JOHNNY E JUNE - Theresa Catharina de Góes Campos
(NOTAS DA EDITORA)
Acompanhar a situação de uma família pobre, cujo
chefe é alcoólatra e até as crianças trabalham
duro nos campos de algodão, além de operar
máquinas de manejo inseguro, já nos sensibiliza
desde o início para compreender os sentimentos
de frustração e melancolia do personagem a ser
retratado na tela.
Ao amigo Reynaldo Domingos Ferreira, escritor,
dramaturgo e jornalista, reitero meus
agradecimentos pelo envio de seu artigo, tão
abrangente, e detalhado, sobre o filme "Johnny e
June" (Walk the line), de James Mangold (EUA,
2005 - 136 min.). Essa cinebiografia do astro da
música country americana Johnny Cash registra
momentos tristes de sua meninice , o início de
sua carreira e a paixão por June Carter.
Como sou irremediavelmente romântica, acredito
que June amou Johnny com sinceridade, mas,
consciente e realista, convivendo com os
problemas dele ( álcool e drogas ), trabalhando
e viajando a seu lado, hesitou ao máximo antes
de aceitar, em 1968, o seu pedido de casamento (
que, repetido inúmeras vezes, durante anos,
recebia uma resposta negativa), inclusive,
porque ela já fora casada duas vezes, e tinha a
responsabilidade de criar duas filhas.
No meu entender, June Carter era prática, sem
vícios e precisava ser forte, pragmática, para
sobreviver de forma íntegra, sustentando a
família.
Conviver tão intimamente, como esposa, com um
homem viciado em álcool e drogas, e com traumas
de infância tão profundos, talvez lhe parecesse
favorecer uma eventual ocorrência de outras
tragédias familiares, para ambos, além de
colocar sob grande risco o bem-estar e a
educação das filhas, exatamente a sua maior
preocupação.
Como você, Reynaldo, também achei ótima, como
expressão de atitude consciente, vibrei com
aquela cena dos pais de June, armados com
espingarda, dizendo com firmeza ao traficante ou
vendedor de drogas (que chegou à residência
recém-comprada por Johnny, à beira do lago):
"Leve o seu veneno para longe daqui e nunca mais
volte!"
De fato, a recuperação de Johnny só foi possível
graças à ajuda de June e sua família.
Sobre o excelente trabalho dos intérpretes
principais, já premiados e reconhecidos pela
crítica especializada, aproveito para reproduzir
aqui uma explicação de Reynaldo, bem didática,
qualificada por seus conhecimentos como diretor,
no que se refere à interpretação
cinematográfica:
"(...) no cinema americano, como também nos mais
desenvolvidos, inclusive no da Argentina, existe
a figura do diretor de atores. Assim, no caso do
Joaquin Phoenix, ele cria o personagem em
concordância com o diretor de atores, que define
a linha de interpretação adequada ao tom da
narrativa que a direção quer imprimir ao filme
para todo o elenco. Se, por exemplo, o tom da
narrativa seguir uma linha expressionista, como
no caso de Matrix, o diretor de atores tem de
orientar os intérpretes a seguir os métodos de
composição expressionista, que não são naturais.
O cinema brasileiro ainda é tão primário que
desconhece a figura do diretor de atores, razão
pela qual nossos filmes não têm bom padrão de
interpretação. A direção tem a ver com a
composição de cena, isto é, com a movimentação
dos atores pelo set de filmagem, pelas
tomadas,etc., mas não necessariamente com a
linha interpretativa dos atores, como acontece
no teatro. São poucos os diretores, no cinema,
que se dão à tarefa de dispensar o diretor de
atores. Um caso clássico era o Visconti, que não
só dirigia o filme, mas também cuidava
meticulosamente da interpretação dos seus
atores, pois viera do teatro. Havia diferença
grande, por isso, do Alain Delon, dirigido por
Visconti e o Alain Delon de outros filmes.
Também o Helmut Berger. No caso do Joaquin
Phoenix e da Reese Whiterspoon percebe-se que,
além da convivência que ambos tiveram com os
personagens retratados antes de morrerem, houve
também um trabalho sério de composição no
sentido de que as nuanças por eles absorvidas da
realidade se adequassem à linha da direção.
Phoenix, ao que se percebe, é um ator muito
disciplinado, preocupado com as marcações de
cena do diretor, talvez mais obediente a ele que
Reese. Esta é muito preocupada com a composição
do personagem, mas, é um tanto quanto
desobediente em relação às marcações de cena,
passando a impressão às vezes de achar-se um
tanto deslocada em determinadas seqüências. De
qualquer forma, porém, o filme se valoriza muito
pelo trabalho deles como intérpretes." (Reynaldo
Domingos Ferreira)
O roteiro de "Johnny e June", bastante criticado
por Reynaldo, também não me agradou, em alguns
aspectos; no entanto, talvez tenha contribuído,
ainda assim , apesar dos defeitos, para
ressaltar que os protagonistas enfrentaram o
desafio de interpretar papéis muito difíceis...e
saíram vencedores.
Em "Johnny e June", os intérpretes principais
precisaram atuar, além de tocar instrumentos,
"dançando" (a movimentação no palco, ao se
apresentarem) e cantando eles mesmos - (sem
dublês!) - uma tarefa exigente, realizada com
eficiência e talento, elogiada pelos jornalistas
estrangeiros, especializados em cinema, que
premiaram Joaquin Phoenix e Reese Witherspoon
com o Globo de Ouro, sendo ambos indicados para
o Oscar. Ela ganhou, igualmente, o Bafta,
premiação máxima do cinema britânico à qual
Joaquin Phoenix também foi indicado!
Minha percepção do filme "Johnny e June" foi a
de uma comovente história de vida, marcada pelo
amor, trabalho constante e superação. Aquela
casa do lago não teria atrativo algum para quem
não amasse o dono e se dedicasse a ser a sua
companheira... Achei o comentário de Reynaldo um
tanto implacável em sua análise humana da
personagem June Carter Cash, que o garoto Johnny
ouvia com admiração, já se apresentando nas
emissoras de rádio, quando ela ainda era uma
menina.
A todos que me perguntam, confirmo ter assistido
com muita emoção ao belo e pungente drama
"Johnny e June", ao qual dei nota dez, sem
hesitar, inclusive pela admirável performance de
Joaquin Phoenix, acompanhada quase no mesmo
nível de excelência por Reese Witherspoon.
Outras pessoas, talvez bem mais exigentes do que
eu, no quesito "forma" (eu sempre privilegio o
conteúdo... apesar de também valorizar as
qualidades técnicas), também se disseram
entusiasmadas com o filme.
A vida do casal de artistas continuou produtiva
e plena de realizações, décadas depois dos anos
relembrados em "Johnny e June".
(ver os sites
www.johnnycash.com e
www.ringoffirethemusical.com)
Após 35 anos de casamento, June morreu, em 15 de
maio de 2003, aos 73, exatamente na fase de
pré-produção do filme. Menos de quatro meses
depois, morreu Johnny, aos 71 anos, sendo
enterrado ao lado da esposa e companheira de
trabalho. Deixaram órfãos, além de seis filhas
das uniões anteriores, seu único filho homem,
John Carter Cash, nascido em 1970.
A biografia completa do casal revela o quanto
ambos sofreram e lutaram juntos. Cantaram com
vigor todas as incompreensões, dores e rejeições
que experimentaram durante a sua conturbada
existência. Nem o sucesso nem o amor chegaram a
eles como algo fácil.
As suas realizações mostram que não viveram em
vão todos esses sofrimentos físicos e emocionais
do cotidiano, todos os conflitos que
experimentaram, lado a lado, ao longo de muitos
anos.
Theresa Catharina de Góes Campos
São Paulo, 24 de fevereiro de 2006
De: Heloisa
Guimaraes
Data: Tue, 28 Feb 2006 09:51:02 -0300 (ART)
Fortaleza, 26 de fev 2006.
Querida Theresa Catharina:
Estou agora em Fortaleza, neste meu saboroso
périplo pelo nordeste. Tenho feito lindos
passeios.
Foi ótimo ler as suas considerações sobre o
filme Jonhy & June, que muito bem ilustram as
mesmas impressões sobre esta história que me
emocionou enormemente, quando vi o filme ainda
em São Luís. (...) Amanhã é que verei finalmente
o Boa Noite e Boa Sorte... com as boas
expectativas e a preciosa munição crítica que
você já me enviou.
Aqui, por este nordeste, para mim, é tudo tão
bom e bonito, a gente e a terra, fico muito
reconfortada.
Lá pelo dia 10 estarei de regresso a Brasília.
Abraços da
Heloisa Helena
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