Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
Enfim, o Outono... Nova Acrópole Lago Norte

De: Nova Acrópole Lago Norte
Date: seg., 27 de mar. de 2023 às 06:37
Subject: #44 - E enfim, o Outono...

 

 

“Que ao passar por nós, o áureo outono / Faça ecoar o som do duradouro... / E, ao mergulhar o transitório em sono, / Possa tornar homens de terra em homens de ouro.”  Lúcia Helena Galvão

  

Se tivéssemos que definir as estações, falaríamos de um ciclo que se repete anualmente. A ninguém chama a atenção que as estações se sucedem segundo um ritmo estabelecido, e sempre com a mesma ordem: primavera, verão, outono, inverno. Pelo contrário, chamaria a atenção se isto não sucedesse assim.

Primavera é o nascimento da vida sobre a terra. É o momento em que tudo floresce e se abre aos benéficos raios do sol. É o despertar, o fôlego quente que começa a manifestar-se.

Verão é a plenitude da vida. O que se havia insinuado na Primavera é agora uma total realidade. É o momento do fruto maduro.

No Outono, a vida começa a declinar suavemente; as folhas perdem o seu brilho e já não podem manter-se fixas aos ramos; as flores e os frutos deixam de existir. O dourado substitui o verde.

E o Inverno é a morte da Natureza. Agora tudo dorme e repousa, embora a vida continue latente na profundidade das raízes. É o momento de descanso, mas não de um descanso definitivo. Uma nova Primavera espreitará após o Inverno, e o que dormia, abrirá os seus olhos outra vez à vida.

Mas estes ciclos que tão facilmente aceitamos na Natureza, são extremamente difíceis de aplicar aos seres humanos, que vivem as estações externamente, mas não podem senti-las em si mesmos.

Não chegaram a conceber que as nossas próprias vidas estão sujeitas a um ciclo muito semelhante ao das estações.

Também o ser humano nasce, desenvolve-se, alcança a plenitude, decai e morre. Mas a sua cegueira impede-o de reconhecer que a sua morte não é definitiva, tal como não o é nenhuma forma de descanso na natureza.

Não se apercebe que ele também renascerá com a mesma simplicidade com que o fazem as árvores, uma vez chegado o momento. Não pode pretender renascer com o mesmo corpo, nem a árvore exige as mesmas folhas do verão passado. Novas folhas, novos corpos: as mesmas raízes, a mesma alma.

Os ciclos de tempo giram circularmente, acrescentando experiências que aproximam a rotação ao centro do círculo. Giram incansavelmente as estações; e o homem gira inconscientemente, até que alcance a consciência da sua imortalidade.

chegada do outono é um ótimo momento de início da retirada da vida exterior para todos nós. Que o recolhimento que a natureza nos impõe nos favoreça a entrar em nós mesmos, deixar cair as folhas mortas, plantar as sementes que suportarão o inverno e nascerão na primavera.

Estejamos todos sempre alinhados com os ciclos da Natureza, pois ela tem a Sabedoria como aliada.

 

Adaptado do livro “Os Jogos de Maya”, de Delia Steinberg Guzmán

 

  

Livro: Compreender as idades da vida e encontrar seu sentido. Laura Winckler reflete sobre a ciclicidade da vida, passando por distintas etapas que, quando encadeadas, encerram um sentido mais amplo e total. Infância, juventude, maturidade e velhice afiguram-se como estágios da formação do entendimento e do sentimento, assim como as estações do ano.

Filme: A estranha vida de Timothy Green. 2012. Um casal sem filhos enterra uma caixa em seu quintal, contendo todos os seus sonhos e desejos para uma criança. Logo, nasce Timothy Green, que, no entanto, é muito mais do que parece, trazendo com ele uma magia que vai mudar a maneira de todos sentirem o amor. A natureza é bastante destacada e as cores vivas do outono são bem exploradas em diversos ambientes. Disponível no Disney+.

Apreciação poética: Outono. Lúcia Helena Galvão. Declamação do poema pela própria autora e mensagem de outono. Vale a pena conferir o vídeo.

Apreciação Artística #1: As Estações, Op. 37: Outubro - Canção do Outono. Tchaikovsky, 1875. Para os que já conhecem as estações de Vivaldi, vale a pena conhecer as de Tchaikovsky. Sua Canção de Outono traz a leveza e introspecção características dessa estação, saindo da transição da alegria do verão para a quietude do inverno, e retratando o auge da estação que traz consigo emoções, como a saudade e a nostalgia.

Apreciação Artística #2:  Dia de Outono na Floresta. Peder Mørk Mønsted, 1918. Famoso por suas belas pinturas de paisagens, esse pintor dinamarquês possuía a admirável habilidade de capturar a beleza da natureza. Nesse quadro, Mønsted traz e ressalta as cores características do outono em seu país, além de trazer a sensação de serenidade e, ao mesmo tempo, movimento, através dos pequenos cervos e das folhas que são levadas pela brisa da estação.

  

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