Floriano Vieira Peixoto (1819
- 1895)
Militar brasileiro que exerceu a
presidência da República durante três anos (
1891 - 1894 ). Primeiro Vice-presidente do
Brasil, eleito, em pleito indireto, em 25 de
fevereiro de 1891, Floriano Peixoto assumiu
o governo em 23 de novembro desse ano, após
a renúncia do Marechal Deodoro da Fonseca, e
permaneceu no cargo até 15 de novembro de
1894. Nessa data, foi substituído por
Prudente de Morais.
Durante sua presidência, o Marechal
Floriano Peixoto, chamado "o Marechal de
Ferro" pelos que apoiavam seu autoritarismo,
teve que enfrentar muitas revoltas. A
Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul,
e a Revolta da Armada, chefiada pelos
almirantes Custodio de Melo e Saldanha da
Gama, foram as mais importantes. Absorvido
por esses problemas de ordem pública,
Floriano Peixoto realizou pouco no plano
administrativo. Uma de suas preocupações
nessa área foi a de cumprir o preceito
constitucional da mudança da capital federal
para Goiás.
Infância e Formação - Floriano Vieira
Peixoto nasceu no engenho do Riacho Grande,
em Ipíoca (Al), em 30 de abril de 1839. Era
o quinto dos dez filhos de Manuel Vieira de
Araújo Peixoto e de Joaquim de Albuquerque
Peixoto, humildes lavradores que entregaram
o sustento e a educação do menino ao coronel
José Vieira de Araújo, seu tio e padrinho. O
coronel José Vieira, que participara
ativamente das lutas pela independência, era
de temperamento autoritário e corajoso e
exerceu grande influência sobre o caráter do
sobrinho. Após concluir o curso primário em
Maceió, Floriano seguiu para o Rio de
Janeiro, onde, em 1855, ingressou no Colégio
São Pedro de Alcântara. Aos 18 anos,
decidiu-se pela carreira militar.
Assentou praça em 1857 e, em 1861, entrou
para a Escola Militar, onde foi colega e
amigo de Artur Silveira da Mota, futuro
barão de Jaceguai, e de José Maria da Silva
Paranhos, mais tarde barão do Rio Branco.
Durante esse período, tornou-se conhecido
por sua aptidão físico, pela coragem e pelo
temperamento sagaz. Também se destacou pela
habilidade no desenho, tendo sido escolhido
para pintar os panos de boca do teatro da
escola, onde, nos dias de festa, eram
representados monólogos e comédias simples.
Em dezembro de 1863, Floriano recebeu
divisas de primeiro-tenente. Após a Guerra
do Paraguai (1864-1870), da qual participou
ativamente, sua formação seria completada
pela conclusão de um curso de ciências
físicas e matemáticas.
A Carreira Militar - Em 1865, Floriano
comandava o 2º Batalhão de Infantaria, em
Bajé (RS), quando foi chamado a participar
da Guerra do Paraguai. No comando de uma
pequena e improvisada frota fluvial, impediu
a junção das tropas inimigas que marchavam
pelas margens do rio Uruguai, contribuindo
para a retomada de Uruguaiana. No mesmo ano
foi promovido a capitão. Continuou a lutar,
sob as ordens do general Osório. Tomou parte
do combate do Passo da Pátria e das batalhas
mais importantes, como as de Estero Bellaco,
Tuiuti, Tuiu-Cuê, Avai, Lomas Valentinas,
Angustura, Peribebui, Campo Grande e Passo
da Taquara. Também esteve presente no
desfecho da guerra, em Cerro Corá (1º de
março de 1870, quando morreu o ditador
paraguaio. Dessa batalha, Floriano trouxe
como lembrança a manta do cavalo de Solano
Lópes.
Pelos seus feitos durante a guerra,
Floriano recebeu a Medalha Geral de Campanha
(1870) e outras condecorações. No mesmo ano
passou também a tenente-coronel. Em 1872,
viu-se designado para comandar o 3º Batalhão
de Artilharia a Pé, no Amazonas. Transferido
para seu Estado natal meses depois, casou-se
em 11 de maio daquele ano, no engenho
Itamaracá (Al), com sua prima Josina
Peixoto, filha do padrinho que o criara. Com
ela teve dois filhos, José e Maria.
De 1878 a 1881, Floriano Peixoto dirigiu
o Arsenal de Guerra de Pernambuco, tendo
sido, depois, encarregado da inspeção dos
estabelecimentos militares de Alagoas.
Promovido a brigadeiro em 1882, exerceu o
Comando das Armas no Amazonas, em Pernambuco
e em Mato Grosso. Governou esta última
província de 1884 a 1885, período em que se
interessou pela indústria extrativa do mate
e combateu índios rebelados.
Entre 1885 e 1889, Floriano permaneceu em
Alagoas, para cuidar de sua fazenda de
Itamaracá. Chegou a pensar em reformar-se,
mas retornou à vida militar em 1889. Nesse
ano, assumiu, na Corte, o comando de 2ª
Brigada do Exército. Com a ascensão do
gabinete Ouro Preto, recebeu a patente de
marechal-de-campo, antepenúltimo posto do
Exército imperial, e foi nomeado ajudante
general-de-exército, cargo mais importante
depois do de ministro da Guerra.
Carreira Política - Embora fosse
proprietário de escravos em sua fazenda,
Floriano parece ter-se ligado à campanha
abolicionista no Nordeste; pois, em 1884,
foi aclamado sócio honorário do clube
abolicionista Ceará Livre, do Recife. Em
1885, demitiu-se do governo da província de
Mato Grosso devido à ascensão do barão de
Cotejipe, conservador e escravocrata, à
presidência do Conselho de Ministros. Em
política, ligou-se ao Partido Liberal.
Inicialmente, não participou da
conspiração republicana, chegando mesmo,
quando a crise se aprofundou, a pedir
dispensa das funções de ajudante
general-de-exército e reforma do serviço
ativo. Dissuadido dessas idéias e obrigado a
definir-se com os republicanos. No dia 15 de
novembro de 1889, data da proclamação
República, recusou-se a cumprir a ordem,
dada pelo visconde de Ouro Preto, de
dispersar os rebeldes reunidos no Campo de
Santana, no Rio de Janeiro. Já no governo
provisório substituiu Benjamin Constant na
pasta da Guerra, assumindo o cargo em 19 de
abril de 1890.
Chegada à Presidência - Em 25 de ferreiro
de 1891. Floriano Peixoto elegeu-se
vice-presidente da República, com grande
maioria de votos, contra o candidato
oficial, o vice-almirante Eduardo
Wandenkolk. No exercício do cargo, foi um
dos mais importantes elementos da reação ao
golpe de 3 de novembro, quando o presidente
Deodoro da Fonseca fechou o Congresso. Após
o contragolpe de 23 de novembro, que obrigou
Deodoro a renunciar, Floriano Peixoto
assumiu o governo do país, conservando no
entanto o título de vice-presidente (veja
Fonseca Deodoro DA).
O Governo de Floriano Peixoto
Os 19 Golpes de Estado - Reaberto o
Congresso e escolhido o novo ministério,
logo começaram a chegar dos Estados
manifestações de apoio ao chefe do governo.
Na esperança de continuar no poder, aderiam
agora a Floriano os mesmos governadores que
tinham apoiado o golpe de 3 novembro.
Impossível, entretanto, coexistirem os
governadores estaduais, escolhidos
pessoalmente por Deodoro, e suas respectivas
bancadas no Congresso, base política da
ascensão de Floriano. Os parlamentares,
eleitos, representavam a força real de cada
grupo político que atuava nos Estados; os
governadores, nomeados antes da votação das
constituições estaduais, refletiam as
preferências do presidente deposto.
Floriano, naturalmente, alinhou-se contra
os governadores deodoristas. Entre novembro
de 1891 e março do ano seguinte ocorreram os
"19 golpes de Estado": um após o outro,
foram substituídos os governadores, na
maioria por elementos ligados a Floriano. Só
foi poupado Lauro Sodré, governador do Pará,
que desde o inicio se opusera ao golpe de
Deodoro. De nada valeram os protestos da
oposição legalista, liderada no Congresso
por Rui Barbosa, que acabou renunciando a
seu mandato, impotente diante da pressão
centralizadora do governo federal.
Fonte de consulta: Enciclopédia Delta
Universal. Rio de Janeiro, Ed. Delta, 1980
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