De: Nova
Acrópole Lago Norte
Date: seg., 26 de jun. de 2023
Subject: #57 - Reflexões sobre a
Honestidade
“O honesto não teme a luz,
nem a escuridão” -
Thomas Fuller
Já imaginou se cada um de nós
vivesse em uma casa, na qual as paredes,
portas e janelas fossem todas feitas de
vidro? Como é que seria o nosso dia
a dia ali dentro? Será que nos
sentiríamos plenamente seguros, ou uma
constante sensação de vulnerabilidade nos
invadiria o peito?
E se pensássemos que, de
certa forma, todos nós já vivemos assim? A
transparência da nossa casa pode não ser
literal, mas torna-se simbólica se partimos
da ideia de que os nossos
pensamentos, sentimentos e ações estão à
mostra o tempo todo. Mesmo quando
tentamos disfarçá-los ou ocultá-los.
Ser honesto é viver o
tempo todo numa casa de vidro, onde
o outro pode ver o que se passa dentro de
nós. E por consequência, a transparência das
paredes, portas e janelas, também amplia a
capacidade de deixarmos entrar em
nós a Luz da Verdade e da Bondade,
o que expande o nosso olhar para fora, para
vermos a Beleza da Vida.
A Honestidade é uma das
virtudes mais difíceis de se conquistar,
porque vivê-la implica em tornarmo-nos cada
vez mais transparentes em relação às nossas
verdades, aquilo que somos como
seres humanos. E como dizia o
filósofo indiano Sri Ram, em sua obra “O
interesse humano”, “toda virtude é
uma forma de verdade”.
É difícil viver a
Honestidade, porque ela exige um
grau de coerência entre o que se
pensa, o que se sente e a forma como se age.
Sem aquela ideia de: “faça o que eu digo,
mas não faça o que eu faço”. Ser honesto é
agir como um bom exemplo, não pelo desejo de
se destacar por isso, mas por fidelidade
à nossa melhor parte, ao nosso coração.
Por outro lado, se em nossa
casa de vidro, um trinco começa a se formar,
por menor que ele seja, uma hora pode
colocar em risco a estrutura da nossa casa,
pois ela pode se quebrar toda. Do mesmo
modo, um coração que se trinca, se
corrompe. E é aí que nasce a
corrupção.
Cuidemos das nossas paredes,
portas e janelas, para que sua transparência
seja preservada. Cuidemos da nossa casa,
para que aos poucos o vidro se torne um
espelho, e possa refletir o melhor que há
dentro de nós, e o melhor que há naqueles
que passam por nós. Sejamos mais verdadeiros
e mais honestos, mas
comecemos por nós mesmos.
Aline Freitas
Vídeo-palestra:Reflexões
sobre a transparência. O
que é ser verdadeiro? O que é a enganação?
Como não nos deixar enganar tanto? Conheça
as chamadas falácias clássicas, às vezes,
somos falaciosos e nem percebemos! Nesta
palestra a professora Lúcia Helena Galvão
nos conduz em tais reflexões filosóficas.
Filme:Pinóquio.2022.
O clássico da Disney ganhou uma versão em live
action, com Tom Hanks no papel de
Gepeto. O filme conta a história do boneco
de madeira, que para se tornar um menino de
verdade precisa despertar sua consciência e
conquistar as virtudes da Verdade, Coragem e
Bondade. Disponível no Disney+.
Podcast:Feito
pedra no lago.Reúne
histórias e reflexões, que são tipo aquelas
ondinhas que vão reverberando na superfície
do lago quando a gente joga uma pedra na
água, sabe? Será que a vida e as histórias
de vida das pessoas não funcionam exatamente
assim também? Por Aline Freitas, autora do
texto dessa edição da newsletter.
Apreciação artística #1:Tempo
Salvando a Verdade da Falsidade e Inveja. François
Lemoyne. Artista francês do século XVIII,
considerado um dos maiores pintores do
rococó, e de história francesa. A obra é uma
alegoria da Verdade, representada por uma
figura feminina desnuda, que é salva por seu
pai, o Tempo, que derrota a Falsidade (caída
ao chão com suas roupas vibrantes e sua
máscara) e a Inveja (inconformada, se
escondendo na escuridão). A composição da
pintura é muito dinâmica e dramática, com as
figuras representadas com caráter
escultural.
Apreciação artística #2:Kinderszenen
Op.15, Cenas infantis.Robert
Schumann. Essa obra é composta por treze
peças curtas para piano solo. Schumann se
inspirou nas lembranças de sua própria
infância e na personalidade infantil de sua
esposa Clara. Por meio da música, ele
expressa a inocência, a imaginação, a
sinceridade e a pureza com a qual as
crianças enxergam o mundo. Uma das peças
mais conhecidas é Träumere (Sonhando), que
tem uma melodia doce e nostálgica. A última
peça, chamada Der Dichter spricht (O Poeta
Fala), representa o compositor refletindo
sobre suas memórias e sentimentos.