Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
POEMA BÚLGARO

Carlos Drummond de Andrade


Na Bulgária tem um homem
que vende poesias

e as escreve nas manhãs
de todos os dias

e as pendura no varal de seu
comércio defronte

diz que são visões oceânicas
de um mecânico universo

que observa de sua luneta
quando o cosmos, disperso,

brinca com os planetas em
torno da primeira explosão

e cospe fogo e fúria e estende
a teia que sustenta o chão.

Alguém na Bulgária disse que
nunca ouviu de tal homem
falar

e que é melhor ver as
paisagens búlgaras do que
inventar

poesias que falem de secretos
poemas búlgaros ou não.
 

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