Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
Reynaldo Ferreira comenta o artigo de J.R. Guzzo - IMPRENSA BRASILEIRA: VERGONHA DAS VERGONHAS

De: Reynaldo Domingos Ferreira
Date: qui., 31 de ago. de 2023

Repassando: É realmente uma vergonha - para não dizer uma injustiça, que deverá ser reparada - essa demissão do jornalista, advogado, Tiago Pavinatto, da Rádio/TV Jovem-Pan. A liberdade de expressão é assegurada aos brasileiros pela Carta Magna. E, no caso de jornalismo é tida - não podia ser diferente - como essencial ao exercício da profissão. No caso da demissão de Pavinatto, como diz o jornalista J.R. Guzzo, não se trata do que ele disse, mesmo usando palavras duras, ao abordar, em seu comentário radiofônico, a decisão de um desembargador de São Paulo, que proferiu sentença, inocentando um pedófilo,estuprador de uma menor, de 13 anos, justificando sua decisão no fato de que a vítima pratica a prostituição e, no momento do ato, estava bêbada. A emissora quis forçá-lo a pedir desculpas ao desembargador, o que ele naturalmente não aceitou e, por isso, foi demitido. Leiam o artigo de J.R. Guzzo:

J.R. Guzzo

Demissão de Pavinatto entrapara a história de vergonhasda grande mídia brasileiraJ.R. Guzzo

26/08/2023

A demissão do comentarista Tiago Pavinattoda rádio Jovem Pan é mais uma vergonhana história de vergonhas que a grandemaioria dos donos de veículos decomunicação, dia após dia, estáconstruindo no Brasil dos nossos dias.É, ao mesmo tempo, uma demonstração amais de que o grosso da mídiabrasileira realmente não precisa decensura, de regulamentação ou de"controle social", como exigem o tempotodo o STF e o governo Lula.Para quê? Os próprios veículos são osmaiores censores em ação neste país –talvez estejam fazendo até maisdo que gostariam de fazer aspolícias do pensamento operadas peloSistema Lula-STF.

O comentarista dirigiu, no ar, palavrasmuito duras contra um desembargadorde São Paulo; e a emissora quisque ele fizesse um pedidopúblico de desculpas, e como Tiagose recusou a fazer, foi mandado embora.Não se trata tanto, no caso, de sabero que Tiago disse, mas o que odesembargador fez.Foi o seguinte: Sua Excelênciaabsolveu um pedófilo que estuprouuma menina de 13 anos, com o argumentode que a vítima era "prostituta" e"bêbada". Um juiz que faz uma coisadessas não pode esperarcomentários ponderados, respeitosos esuaves a respeito da sua decisão;ela é pública e, portanto, estásujeita à apreciação pública.O comentarista, que também é umadvogado de excelente reputaçãoprofissional, julgou que asentença foi indecente, tanto quantoo juiz. Sua avaliação é sólida.O crime de estupro, pelo textodo Código Penal, não isenta oautor de responsabilidade nos casosem que a violência é cometida contrabêbadas, prostitutas, ou seja lá odiabo que durante. Estuprou? Entãoé crime. Dizer que não houve estupro,porque a menina aceitou, é pior ainda.Toda e qualquer relação sexual commenores de 14 anos é estupro; não faza menor diferença o consentimento davítima.

Um juiz que faz uma coisa dessasnão pode esperar comentáriosponderados, respeitosos e suaves arespeito da sua decisão; ela épública e, portanto, está sujeita àapreciação pública.A Jovem Pan considerou que oculpado dessa história é TiagoPavinatto – e que a parte ofendidaé o juiz que inocentou o pedófilo econdenou a criança. O desembargador sesentiu insultado? Perfeito: é só entrarcom um processo contra o comentaristapor crime de injúria; não é porfalta de advogado que sua causa deixaráde ser apreciada pela justiça. Mas aJovem Pan se antecipou ao própriojuiz e, antes de qualquer decisãolegal sobre o caso, decidiu queo seu colaborador tinha de pedirdesculpas. Ele achou que não haviaa menor razão para fazer isso– pedir desculpas a um cidadão queabsolve um estuprador de criançase acusa a vítima? Não senhor,muito obrigado. É esse, justamente,o grande problema de Tiago Pavinatto.Ele é um comunicador independentee tem a coragem de dizer o que pensa,coisas intoleráveis para oconsórcio das redações onde sepratica o jornalismo brasileiro dehoje – uma mistura grossa depropaganda do governo commilitância mal resolvida no“campo democrático”. Para piorar, éao mesmo tempo inteligente econservador. No Brasil de hojeisso é crime inafiançável.

 

Jornalismo com ética e solidariedade.