POEMAS RACIAIS
											
												
 
											Repassando: Em Separata, a Revista 
											da Academia de Letras do Brasil, que 
											tem sede em Brasília, edita, em 
											momento mais que oportuno,"POEMAS 
											RACIAIS ", do poeta Anderson Braga 
											Horta, Prêmio Jabuti de Literatura e 
											participante da redação da 
											Constituição de 1988.
												 
													Em termos de poesia, na 
													linhagem próxima, a meu 
													ver, da de Gonçalves Dias - 
													cujo bicentenário 
													de nascimento comemoramos,  
													este ano -, o nosso poeta dá 
													um tapa, comme il faut, no 
													racismo, no preconceito e no 
													fanatismo, que, como bem 
													destaca, em seu 
													magnífico prefácio, Flávio 
													R. Kothe, editor da 
													revista, tornou-se evidente, 
													em meio à gente brasileira, 
													nas eleições de 2022, quando 
													ocorreram manifestações, nesse 
													sentido, que, segundo ele, 
													não se esperavam.
												
													
 
												
													
														- Elas têm raízes 
														seculares - afirma Kothe 
														- e não serão fáceis de 
														superar. O fanático nao 
														aceita conversar, não 
														ouve o argumento do 
														outro, não é capaz de 
														ver por que pensa de 
														certo modo, não consegue 
														admitir que deveria 
														mudar sua postura.
												 
											 
											
												
 
											
												Por sua vez, em um " Prefácio 
												Sinuoso ", Anderson Braga Horta 
												oferece-nos o  real motivo pelo 
												qual escreveu "POEMAS RACIAIS ", 
												surpreendido e traumatizado, que 
												ficou, conforme diz, com a 
												astúcia de uma moça - uma jovem 
												de belos olhos mouriscos, como 
												observa - que o entrevistou, 
												recentemente, a qual disse, 
												depois, a um colega haver 
												chegado à conclusão de ser ele 
												"um poço de racismo ". Um seu 
												companheiro não teve 
												contemplações, para com ele, sem 
												que saiba dizer, entretanto, se 
												foi em sonho ou se teve 
												realmente esse diálogo.
											
												- Você devia ter a hombridade de 
												revelar essa escura face anti 
												negra e publicar uma antologia 
												com os seus poemas!
											
												- Tomei o pião na unha - diz o 
												poeta. Por que não? Só que 
												pensando bem, daria ao livro um 
												título menos brutal, e chocante, 
												como, talvez, " Meus Poemas 
												Raciais" (...)- Pretensioso e 
												canalha! Seja homem! - gritou 
												ele quase fora de si - Assuma-se 
												por inteiro. 
 
											
												- Vá lá. Que seja '''Poemas 
												Racistas ". Desde que você o 
												prefacie.
											
												-Ele não topou  (...) E decidi 
												dar a público, deslavadamente, 
												esta coletânea.Não venha me 
												dizer que Freud explica. 
												Leia-me, por favor, meu irmão ou 
												meu dessemelhante, e depois me 
												diga se não tenho razão.
											
												
 
											
												Agora, peço autorização ao 
												poeta, Anderson Braga Horta, 
												também meu amigo, que me 
												ofertou, autografado, que muito 
												agradeço, um exemplar da 
												Separata da Revista da Academia 
												de Letras do Brasília, contendo 
												esses seus belos, corajosos e 
												importantes, para a nossa 
												nacionalidade, "POEMAS RACIAIS 
												", bem como à editoria da 
												referida revista, para divulgar, 
												entre os amigos, 
												correspondentes, por e-mail, um 
												dos poemas - o primeiro 
												da "Cantata Étnica", que 
												são três: "Canto Índio", " Canto 
												Negro "e "Canto Fraterno "- 
												incluidos na notável coletânea:
											
												
 
											
												CANTO ÍNDIO
											
												
 
											
												Sou índio.
											
												Sou bravo, sou forte,
											
												sou filho das matas
											
												que vão sendo destruídas,
											
												com seus bichos, seu frutos,
											
												suas fontes, seus aromas, 
											
												seu mistério.
											
												
 
											
												Sou índio
											
												Sou íntimo da Lua e do Sol
											
												e das águas.
											
												Sou amigo de todos os seres da 
												Terra,
											
												sou um com a natureza.
											
												
 
											
												Sou índio.
											
												Tenho a pele vermelha,
											
												Canto e danço,
											
												sinto e penso, 
											
												amo e poemo.
											
												Venero os meus mortos
											
												reverencio os espíritos,
											
												adoro o Grande Deus.
											
												
 
											
												Que mais querem saber
											
												para concluir que sou homem?
											
												
 
											
												Já estava aqui
											
												quando os outros vieram.
											
												Mas não é isso o que importa.
											
												
 
											
												A natureza tem todas as cores,
											
												E a terra é de todos os homens.
											
												Sou índio.
											
												Sou um com a natureza.
											
												Conclamo o Saci, a Iara,
											
												o Boitatá, o Curupira,
											
												todos os espíritos, Tupã
											
												e os homens de qualquer cor
											
												para velar por estas matas
											
												e por estes rios. 
											
												
 
											
												A Terra é de todos.
											
												
 
											
												ANDERSON BRAGA HORTA