“Whiplash-em busca da perfeição”- LUÍZA
CAVALCANTE CARDOSO De: LUÍZA CAVALCANTE
CARDOSO
Date: ter., 26 de set. de 2023
Subject: perfeição
A BUSCA DA PERFEIÇÃO
Andrews entra na boate, atraído pelo som de
um piano maravilhoso. Um jazz cheio de
sentimento e delicadeza. E quem está tocando é
justamente Terence, o impiedoso maestro da banda
da qual Andrews fizera parte. E saíra pela
humilhação a qual fora submetido por este mesmo
seu professor de música. Chegara a parar de
tocar. E, com o estímulo do pai, prestara um
testemunho secreto no caso movido contra Terence,
cujos métodos foram contestados após o suicídio
de um dos seus alunos. Terence fora despedido.
Naquela noite, no entanto, eles se
reencontram e Terence explica que elogiar o
trabalho de alguém é um desserviço. Após o
elogio, não há chance de superação e
desenvolvimento. As pessoas se contentarão com a
mediocridade. E ele quer tirar de todos o melhor
que possam dar. E convida Andrews para tocar na
próxima noite, em uma apresentação para a qual
ele, Terence, fora convidado. Andrews comparece,
mas é despedido em seguida. Terence lhe diz que
soube de seu testemunho no julgamento. Andrews
sai desconcertado e é recebido carinhosamente
pelo pai, por trás das cortinas, com um longo
abraço. Como que fortalecido por aquele amor
incondicional, ele resolve voltar para o palco.O
jovem baterista, então, parece tomado por uma
entidade qualquer. Após o sinal do maestro para
os últimos acordes de uma música, ele passa a
tocar a parte mais difícil do repertório. Dirige
os músicos que o acompanham. O som de sua
bateria ecoa pelo teatro, sob os olhares
atônitos do maestro, dos próprios músicos e
espectadores. Após alguns momentos, o maestro
percebe o que seu baterista está fazendo; o seu
esforço, o seu vigoroso desempenho. E entra no
jogo, passando a regê-lo.
Trata-se de uma história de determinação. E
de obsessão. Terence é um obcecado pela
perfeição. Embora a delicadeza de seu desempenho
ao piano pareça desmentir seu caráter impiedoso.
E Andrews, que a princípio desanima e se afasta
de sua vocação, resolve voltar para vencer. O
filme, de 1914, é “Whiplash-em busca da
perfeição”, com direção de Damien Chazelle. Com
uma longa carreira no cinema, J K Simmons, ao
que parece, faz seu primeiro personagem central.
E está maravilhoso como Terence. Suas mãos
parecem perfeitas na regência das músicas. E
Miles Teller, o baterista, vive um personagem
feito de suor e sangue, com muita competência.
Sem falar no excelente roteiro musical. E
algumas questões: de quanta determinação somos
capazes para alcançar nossos objetivos de vida?
O caminho para sair da mediocridade tem de ser
impiedoso? Ou haveria um meio termo? Não foi o
amor incondicional do pai de Andrews que o
salvou do desespero?
LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO (BSB, 10/2015) |