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O EVEREST DO FUTEBOL
Faustino Vicente*
O lugar mais alto do planeta azul é muito mais
que uma imponente montanha coberta de gelo. O
Everest - teto do mundo com seus 8.844,43 metros
de altura - não perde o poder de atração. É o
pódio reservado para uma classe especial de
seres humanos - pessoas que sabem transformar
dificuldades em vitórias memoráveis. Nas
imediações do pico da montanha, cada passo é uma
decisão - solitária e arriscada - que exige
conhecimento, coragem, experiência,
determinação, autocontrole e fé inabalável na
superação do maior obstáculo para o ser humano -
ele próprio.
O local mais ambicionado pelos amantes do
alpinismo é, paradoxalmente, o mais agreste e
isolado da terra. A permanência humana nesse
local só é suportável por pouco tempo,
consagrando a máxima de que a chave do sucesso
encontra-se na caminhada, não na chegada. Uma
reflexão sobre o montanhismo pode deixar lições
exemplares para todos aqueles que buscam uma
carreira bem-sucedida e duradoura. A Copa do
Mundo é, sem dúvida alguma, o Everest do
futebol. Este esporte tem a magia de oferecer
oportunidades para que garotos da periferia
apliquem dribles sensacionais na pobreza e
tornem-se cidadãos do mundo.
Apesar de existirem clubes que possuem
excelentes infra-estruturas, o berço natural de
craques continua sendo os campinhos de terra nos
bairros das cidades. Aí, um grupo de garotos,
sem camisas e descalços, corre atrás da bola e,
naturalmente, de seu sonho maior - vestir a
sedutora camisa da seleção de seu país. A
descoberta das vantagens do marketing esportivo,
pelo mundo dos negócios, levou os clubes à
profissionalização da gestão. Planejamento
estratégico, comissão técnica multidisciplinar,
investimentos em infra-estrutura física e
excelência na gestão de recursos humanos, são
ingredientes da receita indicada à conquista de
títulos. O esporte e a arte, são segmentos
democráticos,pois dão oportunidades (iguais)
para que as pessoas possam revelar, e
desenvolver, o seu potencial.
A realização da Copa do Mundo é o mais atraente
evento esportivo do planeta, pois movimenta
todos os segmentos da sociedade, até o
religioso. Orações de torcedores e promessas de
jogadores são práticas comuns. Atraídos pelos "euro-dólares"
os craques têm trocado de clubes, e até de
continente, com extrema facilidade,ao mesmo
tempo em que cuidam da saúde física e
aprimoram-se nos fundamentos essenciais da
profissão. São os atletas globais, jovens que
conseguiram fazer de suas excepcionais
habilidades um meio de ganhar salários de fazer
inveja a executivos de muitas empresas.
Adquiriram a consciência de que dependem
exclusivamente de seu desempenho em campo e da
contribuição efetiva que devem dar para a
conquista de títulos para suas equipes. No
esporte de alto rendimento a avaliação de
desempenho acontece, ao vivo e a cores, pela
comissão técnica, pelos profissionais da mídia
e, principalmente, por aquela que contribui com
os elevados saldos bancários dos jogadores - a
apaixonada torcida. Diante dessa realidade vale
a pena enfatizar que cada trabalhador,
independentemente da função que exerça, deve se
considerar presidente da mais importante empresa
do planeta - ele próprio.
O capital de cada um de nós é o nosso potencial
- competência técnica, habilidade eclética e
conduta ética - valores agregados que levam à
concretização de nossas metas, ideais e, até de
nossos sonhos. O sucesso (sustentável) de uma
carreira depende da visão estratégica da
atividade em que se atue. Essa percepção tem
sido o passaporte para que ex-jogadores
tornem-se técnicos, garotos-propaganda,
comentaristas, empresários e,até incentivadores
do Terceiro Setor.Estamos convencidos de que os
executivos que tiverem a ousadia, e a humildade,
de criar essa cultura empreendedora em suas
empresas, estarão atingindo o pico do "Everest
organizacional".
* Faustino Vicente - Consultor de Empresas -
e-mail: faustino.vicente@uol.com.br -
tel.(0xx11) 4586.7426 - Jundiaí (Terra da Uva) -
SP
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