REPASSANDO:
O PIOR FILME DE TODA A CARREIRA
DE MARTIN SCORSESE
Subject: 200 milhões estavam em
jogo: O novo filme de Leonardo
DiCaprio foi completamente
alterado no último segundo
Muito dinheiro estava em jogo na
produção de "Assassinos da Lua das
Flores", que não só narra a violenta
exploração do homem branco contra a
tribo do povo indígena dos Osage,
detentora de um território de
Oklahoma, onde, de uma hora, para
outra, jorra petróleo, enriquecendo
a comunidade, como focaliza também a
primeira grande atuação de Edgard
Hoover, à frente do FBI, então
recentemente criado. Ninguém pode
negar, portanto, a importância do
tema histórico, tanto do lado do
sofrimento dos Osage, como da parte
do FBI, que apurou os fatos, e
deteve os responsáveis pelos
assassinatos da lua das flores. Eis
a razão da exagerada publicidade -
enganosa, a meu ver -, que ganhou o
filme, em todo o mundo, para salvar,
de qualquer maneira, tanto dinheiro
investido pela Paramount Pictures,
em sua produção.
Nesta
matéria, reproduzida abaixo, a atriz
Devery Jacobs, de origem indígena,
diz que assistiu ao filme, no qual
também atuou, amargurada, por ver o
que fizeram com a atriz, igualmente,
de origem indigena, Lily Gladstone,
na película. E Jacobs está coberta
de razão!...Penso eu. É o primeiro
grande assassinato do filme esse,
que comete Scorsese contra Gladstone,
que é enterrada numa cama, de forma
a desaparecer durante toda a ação,
como punição, por
brilhar intensamente, na primeira
parte da película, de forma a
ofuscar, por completo, as medíocres
atuações, à base de uma infinidade
de caretas - não precisavam tantas
-, de que lançam mão os canastrões,
Leonardo Dicaprio e Robert de Niro, para
personificarem dois canalhas, o tio
e o sobrinho.
Sou
fiel admirador da carreira
cinematográfica de Scorsese, desde
que ele surgiu com o contundente "Taxi-Driver"
e, depois, com o magnífico "Bons
Companheiros", até chegar à sua
obra-prima, que é, a meu ver, "O
Irlandês ". Em minha coleção de
DVDs, além de "Os Bons Companheiro
", tenho " O Cassino", em que ele
faz um mergulho fundo, na
jogatina de Las Vegas. em quase
todos esses filmes, ele conta com a
eficiente colaboração de Robert de
Niro, que não é mais aquele, pois se
encontra num lastimável fim de
carreira. Em nenhum de todos esses
seus trabalhos, entretanto,
vi Scorsese tão indeciso em impor
uma linha de direção adequada ao
tema do argumento, como acontece na
condução de "Os Assassinos da Lua
das Flores ".
Ele
começa perseguindo uma linguagem de
western, fazendo, pelas tomadas,
quase uma citação das cenas iniciais
do clássico "Era Uma Vez no Oeste".
Mas não fica só nisso. O tema
musical, da mesma forma, ganha
acordes mais ou menos semelhantes ao
inimitável tema, de autoria de Ennio
Morricone, para a obra-prima de
Sergio Leone. E, como já foi dito,
a atriz Lily Gladstone brilha
intensamente, como uma osage, dona
de muito dinheiro, mas que,
ligeiramente desconfiada, se deixa
seduzir, aos poucos, por um homem
branco, da pior qualidade, que só
deseja apoderar-se de seu dinheiro.
A partir daí, Scorsese escorrega
feio, ao tentar seguir uma linguagem
psicológica, sobre um drama
familiar, morosa, lenta, aborrecida,
em que só Dicaprio tem participação,
pois Gladstone não tem direito de se
manifestar, até descambar para uma
linha policialesca, com a chegada de
uma equipe de agentes do FBI à
localidade. Como a premiação do
Oscar vem decaindo, a cada ano, é
até possível, que, pelo peso da
bilheteria, o filme de Scorsese
ganhe imerecidas estatuetas. De
qualquer forma, continuará sendo
duro, para o espectador, suportar
suas duas horas e meia de projeção.
Reynaldo Domingos Ferreira
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