De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO
Date: qui., 9 de nov. de 2023
REFORMA TRIBUTÁRIA
Quando chegamos a um bom termo com a
votação de uma reforma tributária,
embora bastante atrasada no tempo,
descobrimos que caímos em uma armadilha.
Cuidadosamente elaborada e realizada
pela nossa classe política. Com a mesma
e manjada estratégia de vender sua
adesão aos planos de governo, tendo como
moeda de troca o seu voto. Voto cujo
senhor absoluto deveria ser o eleitor.
Mas desconfio que, salvo engano, são os
grupos de poder econômico.Os
parlamentares aumentaram
desproporcionalmente as reduções de
impostos para múltiplos setores da
economia, aparentemente sem nenhum
estudo que comprove a necessidade dos
benefícios. A redução da carga
tributária chega a 60% da alíquota e
terá como resultado perverso o aumento
dos impostos para a população em geral. Pagaremos
mais de 27% de impostos. Um dos maiores
do mundo. Pois quando você retira de
alguns, os outros têm de pagar. O
desenvolvimento do país justifica tudo
isto?
O Senador Eduardo Braga, em sua proposta
de Reforma Tributária, aumentou de 9
para 13 as ÁREAS que serão beneficiadas.
Incluindo uma redução de 30% para
categorias profissionais. Por todos os
deuses! Entre os setores favorecidos
pela Câmara e Senado estão: bancos (?),
taxistas, indústria automotiva (que não
poderia faltar), produtos e insumos
agropecuários (aquele pessoal que nas
feiras faz propaganda de iates, barcos
etc.). Favorecidas as indústrias
voltadas para este que é um dos setores
mais desenvolvidos do país. Temos ainda
atividades artísticas e culturais,
transporte coletivo (que já vivem de
subvenções dos governos estaduais),
itens de higiene, etc. Não consegui a
lista de todos os setores.Não
satisfeitos em sua sanha eleitoreira, os
parlamentares ainda incluíram um
“jaboti” na Reforma Tributária.
Prorrogaram até 2032 os benefícios
fiscais concedidos ao setor automotivo,
que terminariam em 2025. O setor mais
privilegiado do país, eterno mamante das
tetas do Governo. Embora o preço dos
carros no Brasil deva ser o maior do
mundo. Mas não satisfeitos, permanece
uma imunidade tributária inacreditável!
Vejam! É vedado à União, Estados e
Municípios recolher impostos de:
entidades religiosas e suas associações;
Partidos Políticos e suas associações;
entidades sindicais; livros, jornais e
periódicos; vídeos e fonogramas com
artistas nacionais.
Ou seja, somos os palhaços de um Estado
laico, a subsidiar Igrejas que constroem
os maiores templos do mundo e cuja
inesgotável fonte de renda são as
contribuições de seus fiéis e atividades
paralelas. Assim como os Partidos
Políticos. Não parece haver limite para
a falta de ética e a ganância. Partidos
que recebem Fundo Partidário, salvo
engano com previsão de RS 5 bilhões para
o próximo ano. Recebem o Fundo
Eleitoral, mais de 1 bilhão para
manterem suas atividades. Sendo cada
parlamentar agraciado com cerca de R$
100 mil por mês, para atividades do seu
gabinete. Ou seja, das tetas do governo
também se servem os 30 partidos
brasileiros. Enquanto uma considerável
parcela do povo vive em insegurança
alimentar.Por todos os deuses, em qual
ser nos transformamos? Em uma massa
gelatinosa, acéfala, sem forma ou força,
que se submete e silencia diante de
tantos desmandos? Desconfio que nos
transformamos, paulatinamente, nos
cidadãos descritos por George Orwell em
seu livro “1984”. Que tipo de dominação
nos paralisa hoje? (nov/2023/luiza) |