Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
Gênio Indomável - LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO

De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO
Date: ter., 19 de dez. de 2023 
 

 
                                                     O GÊNIO INDOMÁVEL
 

 

       A grande maioria de nós não será um gênio indomável. Nós apenas passaremos grande parte de nossas vidas torturados por incertezas, fantasmas que insistem em nos perseguir, medo e culpa. Muita culpa não reconhecida, 

mas como uma bactéria indômita a corroer nossas entranhas. E solidão! Ah! Sim. Porque dificilmente poderemos nos entregar em nossas relações afetivas. Seremos invasivos, manipuladores, agressivos, posaremos de bonzinho ou nos afastaremos ao menor sinal de derrota. Não suportaremos o amor, porque nos sentiremos sempre inferiores a quem amamos.  E porque sentimos o medo do abandono, precisamos nos sentir no controle, apesar do alto preço a pagar.

     “O Gênio Indomável” fala disso tudo. Com a presença insana de uma violência que caiu sobre Will, quando criança e adolescente. Violência do pai e em lares adotivos. Sujeito aos mais diversos abusos. Quando passou a viver sozinho, encontrou amigos e conseguiu aproveitar de sua rotina de vida. Embora em condições de pobreza e sendo um gênio. Que não sabia lidar com seus sentimentos. Suas alavancas para a vida foram os amigos e um bom terapeuta, que compreendeu seu medo, na arrogância e na violência que utilizava para se defender.


 

     No momento mais sensível do filme o terapeuta lhe obriga a encará-lo, enquanto lhe afirma e reafirma: “Você não tem culpa”. A princípio bastante desconfortável, Will vai aos poucos desmoronando com suas defesas, e termina extravasando todo o sofrimento. Enquanto é abraçado e acolhido. A mais forte, das muitas cenas cheias de sensibilidade do filme. Que se baseia em uma história muito interessante e realista de vida, contada magistralmente pelo excelente roteiro de Ben Affleck e Matt Damon - uma parceria para a vida, de dois grandes atores e amigos. E uma direção primorosa de Gus Van Sant, cineasta e roteirista norte americano, formado pela Rhode Island School Design. Sant explora os closes, amparado pela maravilhosa interpretação do time de atores, cuja personalidade mais conhecida e experimentada na arte do cinema é Robin Williams. Com uma carreira de filmes feita para ficar na história. Com personagens complexos, profundos, nos quais se empenhava e nos seduzia. Robin desistiu de viver, embora tenha vindo para ficar na maestria de suas interpretações. 

Nos deixou órfãos.

    O cinema conta com diversos instrumentos que direcionam os espectadores, criam expectativas e manipulam sensações. No entanto, ao final, em muitas histórias que lidam com as relações humanas, há uma realidade subjacente que fala da vida que vivemos. Dos problemas que todos nós passamos. Particularmente, neste filme, há uma inesquecível descrição do amor. Da substância das relações amorosas, em cuja apresentação através da imagem ou da fala, dispensam-se os preciosismos e a eloquência. É na simplicidade das pequenas coisas que o amor se faz presente e se consolida. Na forma como dois seres humanos conseguem uma compreensão e uma identificação mútua que os leva à permanência. Ao final, a compreensão e o processo 

e identificação facilitados pela técnica cinematográfica se transformam em lição de vida. O “Gênio Indomável” fala sobre isto. (dez/2023/luiza)

 

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