Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
Carolina Martins: O (alto) preço de realizar os sonhos

De: Carolina Martins via LinkedIn
Date: sáb., 25 de nov. de 2023
Subject: O (alto) preço de realizar os sonhos.
To: Theresa Catharina de GÓES CAMPOS
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Theresa Catharina de GÓES CAMPOS

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Carolina Martins
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O (alto) preço de realizar os sonhos.

Eu me lembro de quando era criança e assistia a novelas ao lado da minha mãe, sempre me animando nas cenas que envolviam mulheres importantes. Naquela época, minha definição de mulheres importantes era simples: trabalhar em um computador em um prédio grande, usar salto alto e dirigir o próprio carro. Eu me imaginava dessa forma, e quando alguém me perguntava sobre meus sonhos para o futuro, a resposta era imediata: eu queria ser uma mulher importante.

Crescendo em uma cidade do interior, onde os papéis tradicionais eram bem definidos, com os homens trabalhando fora e as mulheres cuidando dos filhos, minha visão de sucesso era moldada pelas "mulheres importantes" que eu via na TV. Essas mulheres, geralmente secretárias, desempenhavam papéis essenciais, mas eu jamais sonhava em ser o chefe delas porque não imaginava que isso fosse possível.

A maior parte da minha infância foi dedicada ao sonho de ser secretária, uma brincadeira que ganhou vida quando meu pai me presenteou com um telefone de verdade. À medida que crescia, meus desejos profissionais mudavam, indo desde veterinária até comissária de bordo, professora e bombeira. No entanto, meu sonho central permanecia inalterado: eu queria ser uma mulher importante.

Aos 15 anos, tomei uma decisão firme sobre minha carreira e decidi que estudaria para ser psicóloga. Aos 16, já tinha certeza de minha escolha e estava determinada a ser uma psicóloga de destaque para realizar meu sonho de infância.

Contudo, aos 16 anos, vivi o momento mais desafiador até então: descobri que estava grávida. Além do choque e do medo, enfrentei o estigma cruel que a sociedade impõe às adolescentes grávidas. Palavras maldosas marcaram esse período, mas tive o apoio crucial dos meus pais, que cuidaram de mim e do meu filho para que eu pudesse perseguir meus sonhos.

Resumindo uma história longa, entrei na faculdade de psicologia aos 17 anos e me formei aos 21. Na faculdade, percebi que poderia ser uma mulher importante de diversas formas, mas escolhi seguir na área organizacional, alinhando-me ao que sempre sonhei.

Mudei-me para São Paulo para iniciar minha carreira, acreditando desde criança que as mulheres importantes vivem em grandes cidades. A mudança foi desafiadora, especialmente porque tive que deixar meu filho com meus pais no interior, vendo-o apenas duas vezes por mês durante três anos. Trabalhei incansavelmente até conquistar uma posição confortável e trazer meu filho, Gui, para morar comigo.

A chegada de Gui me impulsionou a buscar ainda mais meus sonhos, pois ser uma mulher importante afetaria diretamente a qualidade de vida que ele teria. Trabalhei 14 horas por dia, sete dias por semana, mas gradualmente percebi que o preço era alto demais.

Ao buscar um sonho de infância, estava perdendo algo irrecuperável: o presente e a presença das pessoas que amo.

Não foi fácil aceitar que precisava desacelerar, mas ao deixar de lado a obsessão por "ser uma mulher importante", percebi que já era essa pessoa há muito tempo. A Carol do passado certamente ficaria feliz ao ver as mulheres das novelas refletidas em mim hoje. Entendi que ser "uma mulher importante" vai muito além de trabalhar em um prédio grande e dirigir o próprio carro.

Apesar de minhas muitas ambições profissionais, como ganhar o prêmio iBest na categoria Influenciador de RH, hoje tenho clareza de que a jornada é tão importante quanto o destino. Mais do que isso, quem está ao nosso lado nessa jornada é o que realmente importa.

 

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