Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
‘Napoleão’ de Ridley Scott - comentário de Reynaldo Domingos Ferreira

‘Napoleão’: 3 escorregões históricos do filme com Joaquin Phoenix | VEJA

Esse comentário da "Veja", em anexo,parte do falso, errôneo, pressuposto de que o realizador cinematográfico, Ridley Scott, teria de fazer um filme sobre Napoleão Bonaparte de extraordinária fixidez histórica.O que não foi certamente o intento dele, pois, desde as primeiras cenas da película está impressa sua intenção de não fazer um filme histórico, mas de criar, com base em fatos históricos, uma obra de ficção, como é, de resto, da própria essência do cinema. A arte cinematográfica é, antes de tudo, obra de ficção. E, como tal, mobiliza grandes multidões aos cinemas.Não fosse assim, filmes de super-heróis não ganhariam fartas bilheterias, como ganham, principalmente nos EUA.

Em "O Gladiador ", por exemplo, que é, inegavelmente, um belo filme, Scott cria personagens que não existiram, do ponto de vista histórico, no tempo da sucessão de Marco Aurélio, como Imperador romano. Mas são importantes para a condução da narrativa.

Essa mesma compreensão vale para as adaptações literárias para o cinema.

Um exemplo disso é a obra-prima "O Leopardo ", em que Luchino Visconti alterou bastante, em relação ao romance de Lampedusa, o caráter do padre e do próprio Tancredi, sobrinho de Dom Fabrizio, o personagem central. A arte literária é uma. A cinematográfica é outra.

No tocante a "Napoleão ", fica bem clara, pelo ritmo de quase comédia, dado à narrativa - na execução de Maria Antonieta, na guilhotina, por exemplo - a intenção de seu realizador de fazer um filme, de natureza política, farsesca, para mostrar que o personagem, ao contrário do que querem demonstrar alguns historiadores, foi um verme, obcecado pela ideia de exterminar com a monarquia britânica, mas que, não podendo, ataca a Rússia, que tinha estreitasrelações comerciais com a Inglaterra. Ele é dominado pela mãe - como Alexandre Magno, da Macedônia, retratado,da mesma forma, no cinema, por Oliver Stone -, e pela esposa, Josefina, que o traía abertamente e que nenhum prazer sentia, quando, na cama, cedia aos seus prazeres.

Parece Scott querer dizer que todo tirano sofre de frustrações domésticas.Ele recria essa história com uma ambientação vibrante, maravilhosa, ostentosa, grandiosa, pontilhada por belíssima trilha sonora e interpretada por atores excepcionais. Vale aqui destacar mais uma primorosa interpretação do portorriquenho Joaquin Phoenix, que entendeu muito bem, como caracterizar Napoleão, dentro da linha imposta por seu realizador, Ridley Scott. O ponto alto da realização, entretanto, são as batalhas, que eliminaram milhares e milhares de pessoas, em toda a Europa, relacionadas, uma por uma, nos créditos finais da película. Enfim, um belo filme, que está tendo boa acolhida de bilheteria e que merece ser visto.RDF

https://veja.abril.com.br/coluna/e-tudo-historia/napoleao-3-escorregoes-historicos-do-filme-com-joaquin-phoenix/


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Reynaldo Domingos Ferreira sobre: o diretor Ridley Scott e seu filme "Napoleão"

De: Reynaldo Domingos Ferreira
Date: ter., 26 de dez. de 2023

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Não é verdadeira essa declaração de Ridley Scott. Ele leu muito. O roteiro foi lido e relido por ele e debatido com o roteirista. O próprio filme - o maior, a meu ver, acontecimento cinematográfico deste ano, que se finda, já detentor de uma renda de bilheteria superior a duzentos milhões de dólares - o refuta, claramente, ao deixar mais do que claro, em seus minimos detalhes, que sua realização resultou de um formidável, e solidário, trabalho de equipe, principalmente, entre ele, Ridley Scott, o roteirista, o fotógrafo e o cenarista.

Isso, para nada falar do magnífico elenco de atores, liderado por Joaquin Phoenix, que seguiu à risca suas orientações. Tudo está perfeitamente impresso nas imagens da película, que, na versão original - não exibida comercialmente - tem a duração de quatro horas de projeção, a ser mostrada, em série, na televisão.

A intenção do realizador - inequivocamente ressaltada, principalmente, pelos enquadramentos mais do que depreciativos, que ele nos proporciona, da figura do protagonista -, fielmente cumprida pelo roteirista, foi a de uebrar um mito, criado principalmente pelos historiadores franceses, e bem provavelmente pelo clássico - do ponto de vista
e linguagem cinematográfica - filme de Abel Gance, que, infelizmennte, não conheço. RDF

https://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-1000057355/

 

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