LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO: Há mais de uma
década, Brasília tem a pior Rodoviária do Brasil
De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO
Date: qui., 7 de dez. de 2023
Subject: rodoviária
ESPANTO e DECEPÇÃO!
Sem dúvida, há mais coisas entre o céu e a
terra que a nossa vã sabedoria desconhece. E na
gestão pública é de enlouquecer. Desconhecemos
ou então nos perdemos no espanto do tamanho da
insensatez e do descalabro. Há muito mais de 10
anos nós, brasilienses, temos a pior Rodoviária
do Brasil. Na cidade patrimônio da humanidade,
que nos deslumbra a cada dia com sua
arquitetura, suas cores, seu verde, suas curvas,
seu céu. Usuários do transporte público são
tratados com desrespeito, grosseria e submetidos
à sujeira e a falta de segurança. Idosos,
crianças, gestantes e deficientes físicos foram
obrigados a subirem escadas porque as escadas
rolantes e os elevadores nunca funcionavam.
Sufocados pelo excesso de barracas e camelôs com
suas mercadorias no chão. Sem falar das filas
quilométricas esperando os ônibus, porque as
autoridades públicas da cidade resolveram
privilegiar o transporte rodoviário em lugar de
metrô e trens. Mesmo levando em conta a
distância que as pessoas enfrentam entre
Brasília e muitas cidades do Entorno. Lembrando
que entre Goiânia e a capital federal há muito
tempo se deseja um trem e o projeto nunca foi
adiante. A indústria automotiva e as ligadas ao
transporte público têm poder suficiente para
comprarem a obediência a seus interesses.
Colocando no lixo o bem-estar da população.
Enfim, cada um tem o político que merece.
Depois de todos estes anos, com o sofrimento
da população permanecendo sem atenção, eis que
surge a ideia de privatizar a Rodoviária. A
administração do local sempre foi tão ruim, que
era como se preparassem o projeto de
privatização ao longo do tempo. Inclusive,
autoridade do governo em entrevista recente ao
Correio Braziliense, teve a ousadia de dizer que
por seu tamanho e funções a Rodoviária é
inadministrável. Só pelo poder público? Que
estranho, não é mesmo? Quais foram os
administradores da Rodoviária ao longo do tempo?
Que fiscalização foi realizada e com quais
resultados? Quais as responsabilidades apuradas
e assumidas? Alguma vez foi realizada avaliação
qualitativa dos serviços, onde a voz dos
usuários se faz presente? Certamente as
respostas a essas perguntas serão negativas.
Enquanto isto, são construídos viadutos e outras
obras para facilitar o trânsito dos carros.
Enfim, dias atrás, parlamentares de Brasília
e movimentos da esquerda se reuniram para se
colocarem contra a privatização da Rodoviária.
Durante o tempo de mais de uma década de
sofrimento da população que por lá trafega,
algum parlamentar foi conhecer a realidade dos
serviços? Houve uma grande campanha de
esclarecimento da opinião pública sobre os
problemas de gestão? Quão degradados estavam os
serviços e a que sacrifícios submetiam o povo?
Claro que não! Pois, quem assume a
responsabilidade de realizar a fiscalização dos
resultados da gestão pública?
Constitucionalmente seria o poder Legislativo.
Na prática, o conluio entre Parlamento e Governo
impede o desempenho desta função.
Diante do descalabro em que vive a Rodoviária
de Brasília e a insensatez do poder Público,
talvez a privatização resolva. E tenhamos um
projeto humanizado onde as pessoas sejam
cercadas pela beleza do verde, bancos para
descansarem, banheiros decentes e segurança –
visível. Além das indispensáveis escadas
rolantes e elevadores funcionando. Privatizar
resolverá o impasse de colocar os interesses do
povo em primeiro lugar? Afinal é um serviço
público! Na verdade, no Brasil nada é garantido.
A distância entre povo e Estado é muito grande,
a relação é de um autoritarismo que envergonha e
não existe preocupação com o bem-estar da
população. (dez/2023/luiza) |