De: Nova Acrópole Lago Norte/DF
Date: seg., 11 de dez. de 2023
Subject: #81 - Saúde mental
“O centro do seu coração: é
justamente aí que a vida inicia; é justamente aí
o lugar mais belo do mundo.” –
Rumi
No livro “Da tranquilidade da
alma”, o filósofo estóico Sêneca trava um
diálogo com Sereno, que reclama: “Eu não
estou doente nem saudável”. E lhe pede
ajuda: “Tire de mim, pois, esse mal, seja ele
qual for. Rogo se tem algum remédio que possa
deter esta minha vacilação e me faça digno de
lhe dever a paz de espírito”.
A falta de entendimento e
aceitação dos ciclos da natureza causam uma
busca desesperada por uma qualidade de vida
incompreendida. Há
uma busca pela perfeição que não existe nesse
mundo.
Além disso, há o desejo do
controle: controlar para ter bom cargo na
empresa, para ser bom pai, mãe, filhos, cônjuges
e para poder cumprir com tudo que é chamado de
sucesso. Dar conta de tudo isso esgota a
saúde mental porque busca-se um controle de tudo
e perde-se o controle de si mesmo.
Essa necessidade artificial e
impossível vai criando uma descompensação
psíquica desgastante, uma psique descontrolada
que resulta na ansiedade desequilibrada que
adoece.
Precisamos, então, de uma
formação, de uma educação que nos ensine como
lidar com emoções que desestabilizam a psique.
Em diferentes obras, Platão
propõe métodos para educar nossas
emoções e nossa mente. Ele nos ensina
que para lidar com as circunstâncias das
incertezas da vida, é preciso ensinar as pessoas
a lidarem não só com o sofrimento físico, mas
também com o sofrimento da alma – a tristeza, o
medo, a raiva.
E como podemos ajudar pessoas que
estão em sofrimento? À maneira acropolitana,
devemos agir com a filosofia prática:
• Quem está sofrendo
emocionalmente, não deve se isolar;
• Busque rodear-se de
Beleza e de Alegria: coisas alegres e elevadas
como músicas, leituras filosóficas, poesias e
conversas trazem um bom ânimo;
• Da mesma forma, ative o
físico: exercícios de alongamento e relaxamento
ajudam a concentração e aquieta a mente.
E, para aqueles que convivem com
pessoas fragilizadas emocionalmente, é
importante sermos solidários, mas também,
voluntariosos, ou seja, sermos um fator de soma
para a sua fortaleza emocional. Assim, devemos
ser um ponto de atenção, compreensão e ajuda:
• Evitem os julgamentos,
dizendo que é frescura ou preguiça;
• Não ignorem os sinais:
prestem atenção se a qualidade de vida da pessoa
está piorando – falta de apetite, insônia,
solidão, humor deprimido, cansaço, tristeza
constante, falta de prazer nas coisas que sempre
gostou ou agressividade;
• Na dúvida, buscar
orientação profissional. Não deixe a situação se
agravar.
Retomando a obra de Sêneca, o
estóico diz a Sereno que ele busca a coisa mais
importante da vida, a tranquilidade, assim
explicada: “o que buscamos é como a alma
pode sempre seguir um rumo firme, sem
percalços, pode estar satisfeita consigo mesma e
olhar com prazer para o que a rodeia, e não
experimentar nenhuma interrupção dessa alegria,
mas permanecer em uma condição pacífica, sem
nunca estar eufórica ou deprimida: isso será
tranquilidade”.
Uma busca do ser humano de hoje,
de ontem e do amanhã. Que bom que temos mestres,
sábios e filósofos que nos mostram que o “remédio
para deter a vacilação” pode estar na
Filosofia, no autoconhecimento e fortalecimento
interior.
Um bom trilhar nesse rumo firme
da tranquilidade da alma, da saúde mental e de
um bom viver. Por isto, agradecemos!
Adaptado de artigo da Revista
Esfinge
Artigo:Saúde
mental e a filosofia. Entrevista
especial da Revista Esfinge para o Setembro
Amarelo, com Bernardo Norat e Valéria Canecchio,
para falar sobre como devemos lidar com emoções
e sensações ruins que afetam a nossa saúde
mental. Vale a pena conferir na íntegra o artigo
que inspirou esta edição da newsletter.
Filme:Soul.2020.
Soul é um filme que dialoga com a saúde mental e
com aquela essência jovem que há dentro de todo
ser humano, por mais adormecida que esteja. Uma
história linda sobre vocação, amor, amizade,
altruísmo e jazz. Disponível no Disney+.
Vídeo-palestra:Filosofia,
saúde mental e equilíbrio emocional. Nesta
palestra a Profa. Lúcia Helena Galvão explora as
diferentes perspectivas filosóficas sobre as
emoções, incluindo a filosofia estóica e a
filosofia budista, e discute como elas podem ser
aplicadas em nossas próprias vidas. Ela também
enfatiza a importância da auto-observação e da
reflexão na busca pelo equilíbrio emocional.
Livro:Como
superar seus limites internos. Steven
Pressfield identifica o inimigo que todos
precisamos enfrentar em nós mesmos, traçando um
plano de batalha para o vencermos e apresentando
importantes ensinamentos para alcançarmos o
máximo de sucesso.
Vídeo curtinho:Un
jour à Versailles. O
contato direto com a beleza da natureza tem
efeito purificador para nossas mentes e emoções.
Por este e outros motivos, a jardinagem e o
paisagismo estão presentes nas civilizações mais
antigas que conhecemos. Um dos maiores exemplos
de excelência nesta arte é o jardim do palácio
de Versalhes. Para os que não puderem o visitar,
aqui está um pequeno vídeo que capta as
sensações que o jardim transmite a quem o
visita.
Música:Concerto
para piano em Ré maior, Hob. XVIII: 11.A
música que transmite a beleza pode influenciar
de maneira rápida e positiva as nossas emoções.
Assim, apreciar obras como o alegre e cativante
concerto para piano de Haydn pode ser exatamente
o que precisamos para nos alegrar em dias
difíceis.
Pinturas: Assim
como diversas outras coisas, atividades
artísticas nos ajudam a alimentar nossa alma com
beleza, o que pode nos inspirar, acalmar nossas
emoções e purificar nossas mentes. Aqui estão
três pinturas que retratam as artes de forma
bela.