Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO : MENTIRA COMO ESTRATÉGIA

De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO
Date: qui., 14 de dez. de 2023

MENTIRA COMO ESTRATÉGIA

Assisti na Comissão de Constituição e Justiça à sabatina do Dr. Paulo Gonet e do Dr. Flávio Dino para os cargos de Procurador Geral da República e Ministro do Supremo Tribunal Federal, respectivamente. Durante a qual, com raras exceções, muitas exigências foram feitas para que os candidatos se manifestassem em relação a processos em andamento. O que era rigorosamente proibido para os dois candidatos. Desta forma, o processo em si foi considerado sem muito rigor pelo senador Alessandro Vieira, que estranhou também o rito de reunir dois candidatos em uma só ocasião. As perguntas de muitos parlamentares foram repetitivas e fracas. Tais como as da senadora Damares em outras Comissões, quando chegava a resumir sua participação a elogios e demonstrações de amizade aos investigados.

No entanto, chamaram a atenção os constantes questionamentos da oposição em relação aos objetivos do pessoal do governo para o controle da mídia e as Fake News. Controle que eles consideram profundamente antidemocrático. Não sei se por cinismo ou por um condescendente conceito de liberdade de expressão. Pois, se houve profundas mudanças históricas que levaram as pessoas a se conterem mais nas relações sociais, parece que há algum tempo estamos regredindo. E o que é pior – chamando isto de democracia. Estas condutas incluem parlamentares e outros se manifestando com os piores palavrões, ameaças à integridade física de opositores, mentiras deslavadamente apregoadas, inclusive com a utilização do deepface. Em um movimento consistente de degradação da civilidade. Ou seja, da possibilidade de relações sociais fundamentadas, entre outros aspectos, em comportamentos de respeito, verdade e justiça com o outro.

Existe um processo de manipulação política da informação que consiste na mentira, na ausência ou excesso de informação. Confundindo os desinformados. No entanto, quanto à mentira: “Entre todas as formas de poder é ela que acarreta a mais grave condenação moral.” Considerada “a face mais ignóbil do poder,” e “a forma mais inumana da violência.” Sendo sua vítima um “espoliado da alma.” Como no Dicionário de Política - Vol. 2 de Noberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino. Levando ainda em conta a gravidade da situação - se existe monopólio da mentira ou pluralismo competitivo. Embora não possamos reconhecer um monopólio desta perversa estratégia entre nós, reconheçamos a organização e a extensão do grupo da oposição.

As regras que impedem a manipulação da informação deveriam ser estabelecidas antes das eleições. Ontem, na sabatina, por exemplo, falava-se de um abaixo assinado com milhões de assinaturas pedindo para que o dr. Flávio Dino não fosse aceito como futuro Ministro de STF. Por todos os santos deuses! Foi mesmo assim? Porque a manifestação das ruas nem foi prestigiada como desejava a oposição. Será tão difícil reconhecer que mentira desmentida é desprestígio, é nauseante? Que ninguém respeita o mentiroso?

Ao final, é a verdade dos fatos que ilumina. Mas, francamente, corremos riscos todos nós em um país culturalmente atrasado e cuja educação básica é uma das piores do mundo. E no qual o Parlamento, com raras exceções, considera a política a arte do é dando que se recebe. E a manipulação da informação está formando configurações de cérebros alienados. (dez/2023/luiza)

 

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