Theresa Catharina de Góes Campos

 
O CLUBE DO IMPERADOR
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A sorte está lançada

Andréia Moura
 


"Terminus pendeo in exordium",. Do latim, "o fim depende do início". Em suma, eis o segredo de uma vida. As histórias são feitas de vidas, e vidas são feitas de momentos e atitudes. O que determinará cada momento, o que definirá cada ação é parte diretamente da educação recebida. Como já diziam sociólogos e filósofos, nada mais somos do que o resultado do meio em que vivemos. O filme O Clube do Imperador (2004) apresenta esse conceito como ponto de partida de uma história capaz de confirmar a real importância de uma educação verdadeira.

O cenário é uma escola exclusiva para garotos ricos. O herói, um professor amante da História Antiga. O objetivo, transformar meninos em homens com princípios morais, homens de sucesso. Enquanto houve vontade e receptividade, a meta foi cumprida. Porém, ao se deparar com a indiferença, o cinismo e a mediocridade calculada, o professor se vê ante a mais difícil batalha de sua carreira: admitir que, dar asas a quem não quer voar é missão destinada ao fracasso.

O Brasil anda às voltas com a onda "vamos educar". A mídia superlota a mente da população com campanhas de conscientização que ostentam uma única mensagem: Educar, caminho para o primeiro mundo. A questão é que informar o povo sobre a "obrigatoriedade" da educação não o faz necessariamente compreender a real necessidade e a devida utilidade dela no processo de desenvolvimento. Nossas escolas estão cheias de pessoas que buscam certificados sem nenhuma intenção de assimilar o que é ensinado.

Que detalhes, que responsabilidades, que conseqüências a educação compreende na íntegra? Esse é o ponto proposto no filme para reflexão. A guerra entre um mestre idealista que procura dar verdadeiro significado à vida; e um aluno que se contenta com a própria estupidez e com a influência e dinheiro do pai para garantir sua ascensão. É um retrato cru da mentalidade em que se encontra parte do povo. Educar é ampliar horizontes, redefinir metas, aguçar a sensibilidade, e não simplesmente disponibilizar um diploma. Educação de nada serve se não puder ser revertida em crescimento, desenvolvimento. Se não resultar em mudança.

Em dado momento do filme, o professor pergunta: "Grande ambição e conquista sem contribuição não tem significado. Qual será a contribuição de vocês?" Qual será a nossa contribuição? A mídia deveria se empenhar nessa questão, acima de tudo. No detalhe invariável de que verdadeira educação cria consciência política. Utilizando-se da leveza e banindo a opressão típica do drama, a história consegue induzir a uma constatação pura. Um professor vive da esperança de moldar o caráter de um homem e da convicção de que o caráter de um homem pode mudar seu destino. 

Assim, "alea jacta est": a sorte está lançada. A história de um bom educador se prolonga e se imortaliza nas muitas vidas por ele conduzidas no caminho da aprendizagem. A trama salienta sabiamente que a cota de alunos medíocres sempre existirá. Afinal, joio e trigo se misturam facilmente, porém, a fé na educação deve permanecer. Em todo empreendimento de sucesso há uma pequena margem de fracasso. Aos sábios, que aproveitem o que lhes é ensinado. Aos eternamente medíocres fica o conselho de Aristófanes citado num dos empolgantes diálogos do filme: "A juventude envelhece, a imaturidade é superada, a ignorância pode ser educada e a embriaguez passa, mas a estupidez dura para sempre."

 


Ficha Técnica

Título Original:
The Emperor's Club
Gênero:
Drama
Tempo de duração:
109 min
Ano de lançamento:
2002, EUA, 2004, BRA
Distribuição:
Europa Filmes
Direção:
Michael Hoffman
Roteiro:
Ethan Canin e Neil Tolkin
Produção:
Andrew Karsch e Marc Abrahan
Fotografia:
Lajos Koltai
Edição:
Harvey Rosenstock
Figurinos:
Cynthia Fynt

Elenco

Kevin Kline: Willian Hundert
Emile Hirsh: Sedgewick Bell
Paul Dano: Martin Blyte
Rish Mehta: Deepak mehta
Jesse Eisenberg: Louis Missoudi

                      

 

criação: lisandro staut
 

 

 

 

 
 
 

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