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A sorte está lançada
Andréia Moura
"Terminus
pendeo in exordium",. Do latim,
"o fim depende do início". Em
suma, eis o segredo de uma vida.
As histórias são feitas de
vidas, e vidas são feitas de
momentos e atitudes. O que
determinará cada momento, o que
definirá cada ação é parte
diretamente da educação
recebida. Como já diziam
sociólogos e filósofos, nada
mais somos do que o resultado do
meio em que vivemos. O filme
O Clube do Imperador (2004)
apresenta esse conceito como
ponto de partida de uma história
capaz de confirmar a real
importância de uma educação
verdadeira.
O cenário é uma escola exclusiva
para garotos ricos. O herói, um
professor amante da História
Antiga. O objetivo, transformar
meninos em homens com princípios
morais, homens de sucesso.
Enquanto houve vontade e
receptividade, a meta foi
cumprida. Porém, ao se deparar
com a indiferença, o cinismo e a
mediocridade calculada, o
professor se vê ante a mais
difícil batalha de sua carreira:
admitir que, dar asas a quem não
quer voar é missão destinada ao
fracasso.
O Brasil anda às voltas com a
onda "vamos educar". A mídia
superlota a mente da população
com campanhas de conscientização
que ostentam uma única mensagem:
Educar, caminho para o primeiro
mundo. A questão é que informar
o povo sobre a "obrigatoriedade"
da educação não o faz
necessariamente compreender a
real necessidade e a devida
utilidade dela no processo de
desenvolvimento. Nossas escolas
estão cheias de pessoas que
buscam certificados sem nenhuma
intenção de assimilar o que é
ensinado.
Que detalhes, que
responsabilidades, que
conseqüências a educação
compreende na íntegra? Esse é o
ponto proposto no filme para
reflexão. A guerra entre um
mestre idealista que procura dar
verdadeiro significado à vida; e
um aluno que se contenta com a
própria estupidez e com a
influência e dinheiro do pai
para garantir sua ascensão. É um
retrato cru da mentalidade em
que se encontra parte do povo.
Educar é ampliar horizontes,
redefinir metas, aguçar a
sensibilidade, e não
simplesmente disponibilizar um
diploma. Educação de nada serve
se não puder ser revertida em
crescimento, desenvolvimento. Se
não resultar em mudança.
Em dado momento do filme, o
professor pergunta: "Grande
ambição e conquista sem
contribuição não tem
significado. Qual será a
contribuição de vocês?" Qual
será a nossa contribuição? A
mídia deveria se empenhar nessa
questão, acima de tudo. No
detalhe invariável de que
verdadeira educação cria
consciência política.
Utilizando-se da leveza e
banindo a opressão típica do
drama, a história consegue
induzir a uma constatação pura.
Um professor vive da esperança
de moldar o caráter de um homem
e da convicção de que o caráter
de um homem pode mudar seu
destino.
Assim, "alea jacta est": a sorte
está lançada. A história de um
bom educador se prolonga e se
imortaliza nas muitas vidas por
ele conduzidas no caminho da
aprendizagem. A trama salienta
sabiamente que a cota de alunos
medíocres sempre existirá.
Afinal, joio e trigo se misturam
facilmente, porém, a fé na
educação deve permanecer. Em
todo empreendimento de sucesso
há uma pequena margem de
fracasso. Aos sábios, que
aproveitem o que lhes é
ensinado. Aos eternamente
medíocres fica o conselho de
Aristófanes citado num dos
empolgantes diálogos do filme:
"A juventude envelhece, a
imaturidade é superada, a
ignorância pode ser educada e a
embriaguez passa, mas a
estupidez dura para sempre."
Ficha Técnica
Título Original: The Emperor's
Club
Gênero: Drama
Tempo de duração: 109 min
Ano de lançamento: 2002,
EUA, 2004, BRA
Distribuição: Europa Filmes
Direção: Michael Hoffman
Roteiro: Ethan Canin e Neil
Tolkin
Produção: Andrew Karsch e
Marc Abrahan
Fotografia: Lajos Koltai
Edição: Harvey Rosenstock
Figurinos: Cynthia Fynt
Elenco
Kevin Kline: Willian Hundert
Emile Hirsh: Sedgewick Bell
Paul Dano: Martin Blyte
Rish Mehta: Deepak mehta
Jesse Eisenberg: Louis Missoudi
criação:
lisandro staut
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