Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
Deu errado, e está tudo certo - Nova Acrópole DF
 
De: Nova Acrópole DF
Date: seg., 26 de fev. de 2024
Subject: #92 - Deu errado, e está tudo certo
 

“A vida dura um momento, mais leve que o pensamento. A vida leva-a o vento. A vida é folha que cai!” – João de Deus de Nogueira Ramos (1830 - 1896), poeta lírico e pedagogo português.

 

 Certa vez, numa viagem em família para a Itália, fizemos uma pausa de 4 dias em Portugal, antes de retornarmos ao Brasil. O tempo era curto e os planos eram muitos. As recomendações dos amigos eram que visitássemos os palácios e museus de Sintra, uma região localizada no Monte da Lua. Pois bem, seguimos as dicas, e fomos!

Porém, ao chegarmos na estação de trem, soubemos que os transportes públicos de Lisboa estavam limitados, por causa de uma greve. Depois de um tempo, finalmente conseguimos chegar em Sintra, no tal Castelo da Pena, um dos mais recomendados.

E ali, ao não encontrarmos filas no portão, descobrimos que, na verdade, a greve era mais ampla, e se estendia a museus, palácios e monumentos, não só de Lisboa, mas de todo o país.

Mudar de planos e recalcular a rota, mas sem perder os encantos da estrada, essa era a nossa meta. E porque deu errado aquele passeio, tantas outras coisas deram certo! Uma visita aos jardins da Quinta da Regaleira, uma voltinha nas ruas do centro histórico de Sintra, um tour gastronômico para provar os docinhos da região etc.

E no retorno a Lisboa, fizemos um passeio pelo Parque dos Poetas. Um lugar lindíssimo no meio da cidade, com estátuas dos maiores poetas e poetisas da língua portuguesa, com direito a vários de seus poemas espalhados pelas calçadas do parque, e um jardim em forma de labirinto cujo centro era o que eles denominaram como: Templo da Poesia.

Ninguém planeja uma viagem turística pensando que os trabalhadores locais possam entrar em greve, mas aconteceu conosco. E foi porque deu tudo errado com a visita aos palácios e museus de Sintra, que acabou dando tudo certo com o passeio ao Parque dos Poetas, e a todos os outros lugares que visitamos naquele mesmo dia.

Essa experiência, acabou me ensinando algo muito bonito: quantas vezes a Vida não nos pede mudanças, que lá no fundo, não queríamos?! Porém, ao nos entregarmos ao novo, nos encontramos com paisagens e experiências incríveis e valiosas.

Descobri que, não importa como, mas eu sempre encontrarei a Poesia na minha caminhada, porque, para mim, a Poesia é caminho e Poema é Destino. Poema é a forma pronta da Poesia, que o poeta escreve e a gente lê (na calçada ou nos livros), mas a Poesia é o fio que tece a Vida. Poesia é aquilo que acontece, enquanto a Vida se faz.

Há Poesia numa flor em formato de estrelas. Há Poesia na pausa em uma cafeteria. Há Poesia nas risadas prolongadas e sinceras, trocadas em família. Há Poesia num parque que homenageia poetas e poetisas de Portugal e do mundo.

E se estivermos com os nossos olhos bem atentos, veremos essa Poesia em todo lugar, e em qualquer experiência. Afinal, não são apenas os olhos físicos que nos levam a enxergar, são os olhos da alma que nos ensinam a ver.

 Aline Freitas

 

 

  

Filme: Tão forte, tão perto. 2011. No filme, acompanhamos a jornada de um jovem, Oskar, que perde seu pai no 11 de setembro e embarca em uma busca emocional para resolver um enigma deixado por ele. O filme explora a dor da perda, a busca por significado e a conexão humana. Disponível no PrimeVideo.

Podcast: Deu tudo errado, e está tudo certo! Episódio #32 do Podcast “Feito Pedra no Lago”, por Aline Freitas, que inspirou esta edição da newsletter. “Poder encontrar o incrível naquilo que parecia não ter dado certo é saber recalcular a rota. Se o destino tem que mudar, que o caminho seja bem aproveitado. Tudo valeu a pena, porque não só a Alma, mas a resiliência e a vontade de aproveitar o que a Vida traz, nunca foi pequena.”

Poema: A Vida. João de Deus de Nogueira Ramos (1830 - 1896), foi um poeta lírico e pedagogo português, proponente de um método de ensino da leitura, que teve grande aceitação, sendo ainda utilizado. Foi considerado o poeta do amor e encontra-se sepultado no Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa. “... A vida é sonho tão leve / Que se desfaz como a neve / E como o fumo se esvai: / A vida dura num momento, / Mais leve que o pensamento...” Vale a pena conferir na íntegra.

Vídeo-palestra: Reflexões sobre a leveza. Acredite, a vida pode ser bem mais leve! Reflita com a Professora Lúcia Helena Galvão sobre como entrar no doce fluxo da vida, com os conselhos de vários sábios que a humanidade já produziu!

Ilustração: A tempestade. Maxfield Parrish. Ao longo de sua longa carreira como ilustrador, inclusive para livros infantis, Parrish criou belas obras como “A Tempestade” que expressam a juventude de forma única. Neste quadro, há um jovem rapaz envolto com panos que esvoaçam ao vento de uma tempestade que se aproxima. Sua expressão e postura são alegres, algo contrário ao que muitos sentem ao avistarem tal intenso fenômeno da natureza.

Música: Concerto para Violino No. 3 em Sol maior. W. A. Mozart. Composta quando tinha Mozart tinha apenas 19 anos, esta obra é conhecida popularmente por sua alegria e vivacidade, típicas da juventude. Em momentos confusos e de grande mudança, uma postura otimista e alegre pode nos ajudar a aceitar mudanças inesperadas e a nos adaptarmos da melhor forma.

  

 

 

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