De: Nova
Acrópole DF
Date: seg., 4 de mar. de 2024
Subject: #93 - A mulher e a natureza
“Saber dar
luz, saber harmonizar, poder deixar um rastro de
conciliação, de potencialização das partes, de
beleza: eis o eterno feminino.” –Lúcia
Helena Galvão
Ao longo da
história, muito se falou e muitas vezes se
representou este símbolo do eterno feminino, da mulher
como cúmplice da vida no ofício de
ajudar a própria vida a se multiplicar.
Bem, mas um
outro atributo de nosso tempo é que nada é
entendido de forma simbólica, e sim de maneira
muito (excessivamente até) explícita; assim,
corro o risco de que me critiquem por associar o
eterno feminino à maternidade; isso é verdadeiro
e falso, simultaneamente.
Não dar à
luz no plano físico é uma opção que deve ser
respeitada; agora, não dar à luz em
plano nenhum… honestamente, não acho
tão respeitável assim. E aí sim, penetramos no
terreno do eterno feminino.
A natureza
como um todo possui uma receita de combinar
diferenças que é maravilhosa. Toda vez que vemos
algo belo, significa que a natureza
conciliou inúmeras cores, sons,
texturas, etc, e produziu harmonia. Soube
iluminar as diferenças de forma positiva,
gerando o encaixe perfeito, em vez do atrito e
da rejeição.
Saber dar
luz, saber harmonizar, poder deixar um rastro de
conciliação, de potencialização das partes, de
beleza: eis o eterno feminino.
Segundo o
poeta nicaraguense, Rubén Darío, sem a
mulher, a poesia não nasceria: teríamos
apenas prosa, talvez informativa, talvez útil,
mas sem aquele atributo de musicalidade e de
transcendência que as palavras adquirem quando
se enlaçam em poesia, imitando a Vida.
Ao entender
isso como potencial, como patrimônio próprio,
legado pela natureza, as mulheres poderiam
encontrar muito mais facilmente, eu creio, soluções
para a desarmonia entre suas emoções,
na tão falada instabilidade psicológica; para a
desarmonia com os homens, na tão discutida
“guerra dos sexos”; para a desarmonia entre os
seres humanos, na tão dolorida carência
universal de fraternidade. Quer algo mais
luminoso, mais poético?
A antiga
tradição do “eterno feminino” não defende a
ideia de que as mulheres são diferentes dos
homens, mas sim de que todos os seres do
universo são diferentes uns dos outros,
como diria Aristóteles, e que a felicidade dos
seres consiste no conhecimento e na realização
de suas identidades.
“Sê quem
és, sabendo”, dizia o poeta Píndaro (para
concluir com outro poeta). E só quem nada
conhece de luz, de poesia e de beleza poderia
considerar menos do que um privilégio servi-las como
missão e como dever, por natureza… e
pela Natureza.
Adaptado de texto de Lúcia Helena Galvão
Vídeo-palestra:O
ideal feminino. Por
ocasião do mês de celebração da mulher, esta
maravilhosa palestra de 2011, proferida pela
Professora Lúcia Helena Galvão, foi
remasterizada, contendo reflexões, sob à luz da
Filosofia, sobre as características destacadas
da natureza feminina.
Podcast:Grandes
mulheres na mitologia e na história. Neste
episódio, a Dra. Priscila Miranda Soares e a
Profa. Lúcia Helena Galvão conversam sobre
mulheres admiráveis na mitologia e na história,
e como estas foram capazes de canalizar os
valores femininos ao longo do tempo.
Artigo:Reivindicação
da metafísica da mulher. “...
Daí esta tentativa de encontrar os seus
fundamentos metafísicos, e daí, voltar o olhar à
vida cotidiana em busca de melhorias. Faz muito
– demasiado – que não se chama pelo reino
espiritual das mulheres, e sem essa força, creio
insustentáveis todas as outras conquistas e
petições...” Vale a pena conferir na íntegra.
Filme:Padman.2018.
Comédia-dramática biográfica, baseada na vida de
Arunachalam Muruganantham, um ativista social e
empreendedor indiano que inventou um absorvente
higiênico de baixo custo para ajudar as mulheres
rurais da Índia. O filme mostra os valores da
solidariedade, generosidade e amor ao próximo,
dando grande enfoque ao papel feminino na
sociedade indiana. Disponível no Netflix.
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