Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
Nas nuvens - Nova Acrópole DF 
 
De: Nova Acrópole DF
Date: seg., 11 de mar. de 2024 
Subject: #94 - Nas nuvens
 

“E que vosso presente abrace o passado com nostalgia e o futuro com ânsia e carinho” – Khalil Gibran 

  

Depois de vários dias fora do país, e quase sem oportunidade de receber notícias atualizadas, finalmente regresso num avião, em meio a grossas nuvens, com uma imensa franja luminosa por cima delas.

Estou nas nuvens… tal como se interpreta essa expressão, encontro-me um tanto fora da realidade cotidiana, ou no lugar onde eu gostaria de me esconder de vez em quando para me distanciar da opressão que se converte em rotina, sem se dar conta.

Nas nuvens me sinto flutuar na beleza da paisagem atípica, da qual emergem, de quando em quando, alguns picos erguidos, ou o brilho do amplo mar. Deixo-me levar pelas minhas músicas preferidas por meio de fones de ouvido que me isolam ainda mais. E, por fim, cedo à leitura de um jornal…

Ainda antes de o avião aterrissar, deixo de estar nas nuvens. Sinto a “realidade” antes de tocar a terra.

Volto a olhar através da estreita janela do avião para recuperar minha leveza anterior, para estar nas nuvens, mas já não posso. Estou na “realidade”, uma dura realidade com suas exigências.

Acreditar? Em todos e em ninguém.

Em todos, porque cada um tem algo para dizer e talvez tenha suas razões. Em ninguém, porque todos parecem utilizar a mentira descarada, a manipulação de fatos e ideias, e isso é alarmante.

Amar? Todos e ninguém.

Amar a ninguém, porque nos ensinam, consciente ou inconscientemente, a desconfiar de todos. Amar a todos, porque ninguém está à margem dessa Humanidade que formamos em conjunto, apesar de tantos ódios, tanto separatismo e tantos crimes absurdos.

Fazer? Tudo e nada.

Nada, por momentos, quando nos sentimos impotentes ante a magnitude do que nos espera e nos incumbe, quando nos assalta o desejo de fugir. Mas para onde? Tudo, porque ainda que pese o desejo de evasão, sabemos que cada grão de areia que possamos aportar é importante quando se tem de construir um grande edifício.

Agora que aceitei a realidade, mergulho outra vez nas nuvens, no puro, sutil e luminoso, como uma respiração para os pulmões cansados da poluição diária. Brinco com as figuras etéreas das nuvens, brinco em colocar olhos e mãos nelas e sorrir com elas.

Dentro de algumas horas, seguirei o rumo de tudo que se move na superfície da terra: tormentas, dor, fome, medo e, também, algum sorriso. O mesmo sorriso, cheio de esperança, que lanço a você, que me lê agora que já não estou nas nuvens…

 

Adaptado de texto de Delia Steinberg Guzmán

 

  

Livro: Os jogos de Maya. Delia Steinberg Guzmán. Neste livro a autora revela que aprender a jogar com Maya, que simbolicamente representa o véu com que a Natureza resguarda seus segredos, implica desvelar pouco a pouco as leis ocultas que regem o Jogo da Vida.

Vídeo-palestra: O que é estar aberto para a vida? A Profa. Lúcia Helena Galvão enumera as virtudes que precisamos desenvolver para viver de maneira mais plena e sermos mais felizes, refletindo sobre o que é necessário para estarmos abertos para a vida e como fazer para abrir nossa mente e coração.

Vídeo curtinho: Não se deixe contaminar pelo meio. A Profa. Lúcia Helena Galvão compartilha insights valiosos sobre como manter-se íntegro e não se deixar contaminar pelo meio. Ela aborda a importância do autoconhecimento, do desenvolvimento pessoal e da construção de um ambiente interno saudável para resistir às influências negativas externas, nos oferecendo ferramentas para fortalecer nosso caráter e enfrentar os desafios da vida com sabedoria e resiliência.

Pintura: Viajante sobre o mar de névoa. Caspar David Friedrich. Conhecido por suas profundas, simbólicas e belas obras, Friedrich destacou-se como o mais influente pintor romântico da Alemanha. Ao apreciar esta obra, podemos sentir o que sente o pensativo viajante, quando alcança um ponto alto de uma montanha podendo, assim, contemplar a vasta natureza de forma diferente. 

Pintura: Felicidade luminosa. Ksenya Verse. Nesta pintura, a artista consegue capturar com precisão uma beleza própria desse fenômeno da natureza que vemos em momentos rotineiros para a natureza, mas que se tornam memoráveis para nós.

Música: Nuages. Claude Debussy. “Nuages”, “nuvens” em francês. é o primeiro movimento de uma obra chamada “Nocturnes”, um conjunto de três poemas sinfônicos. Debussy escreveu que sua intenção para esta peça era capturar "a aparência inalterada do céu com o lento e melancólico progresso das nuvens, terminando em uma dissolução cinza levemente tingida de branco". Ao apreciar esta bela obra, podemos fechar os olhos e, com atenção, imaginar esse céu que o artista criou.

 

 

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