ISMÁLIA - Reynaldo Domingos Ferreira
De: Reynaldo
Ferreira
Date: ter., 9 de abr. de 2024
Subject: Fwd: ISMÁLIA
AH, GRANDE
ALPHONSUS
Ah, grande
Alphonsus!
Teu nome,
como
uma homilia,
já inspira
Profissão
de fé
Na poesia,
Que me faz
Lembrar
Ismália,
Trancada,
Na torre,
voando
nas asas
da plena
agonia,
mesmo
quando,
serena,
Dormia.
Seu corpo,
como o
de Ophelia,
mergulhando,
nas águas,
de um rio,
era lindo,
uma flor,
em botão:
braços,
pernas,
cabelos
tão finos
mas,
pelo jeito,
que, nua,
na torre,
o estendia,
dava pena
vê-la,
largada,
no abandono,
na solidão.
Uma sombra,
maligna
passou-lhe,
então,
sobre os olhos,
numa noite
de luar,
Sua alma
subiu aos céus
e seu corpo
desceu
ao mar!...
Ah, grande
Alphonsus!...
REYNALDO DOMINGOS
FERREIRA
advogado, jornalista,
escritor
ISMÁLIA
Quando
Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na
torre a sonhar...
Viu uma
lua no céu,
Viu outra
lua no mar.
No sonho
em que se perdeu,
Banhou-se
toda em luar...
Queria
subir ao céu,
Queria
descer ao mar...
E, no
desvario seu,
Na torre
pôs-se a cantar...
Estava
perto do céu,
Estava
longe do mar...
E como um
anjo pendeu
As asas
para voar...
Queria a
lua do céu,
Queria a
lua do mar...
As asas
que Deus lhe deu
Ruflaram
de par em par...
Sua alma
subiu ao céu,
Seu corpo
desceu ao mar...
GUIMARÃES,
Alphonsus de. Obra Completa. Rio
de Janeiro: José Aguilar, 1960, p.
231-232.
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