Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO: CORAÇÃO DESCOMPASSADO!

De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO
Date: ter., 28 de mai. de 2024
Subject: coração

CORAÇÃO DESCOMPASSADO!

Sobre o coração muito se falou. Cada um com o seu e suas circunstâncias. O coração alado de Fagner, que desfolhará meus olhos, nesse escuro véu, onde são tantas as ilusões e perdidas lembranças, sob o fogo apagado das paixões. Em uma estrada na qual somente quem pode me seguir sou eu. Ou como Belchior em seu coração selvagem. Ele alerta: tenha cuidado, meu coração é frágil, é como um vidro ou um beijo de novela. Não quero o que a cabeça pensa, mas o que a alma deseja. Tenho pressa de me apaixonar. O mundo inteiro está naquela estrada ali em frente, diz ele. E o meu coração selvagem tem pressa de viver.

O meu também. Agora atento ao fato de que as flores, como diz Fagner, perdem a força com o tempo e quando a ventania vem mais forte. Hoje, diz ele, só acredito no pulsar de minhas veias. As minhas estão pulsando cada vez mais apressadas, em um coração meio aloucado, arrítmico, atrás do que a alma deseja e não pode alcançar. Como poetisa Belchior, querendo andar errado pela simples alegria de ser, correndo perigo. Mas, como diz a letra, é preciso cuidado porque meu coração está fragilizado. Ele queria um pouco de descanso. Que se acalmassem as vozes e os sentimentos que a realidade obstinada me empurra pela goela. E com os quais já me faltam forças para lidar, talvez porque o cansaço e a ansiedade as tornem maiores do que são realmente.

Sim. Vem correr perigo. Se aventurar, diz Belchior. Penetrar em desconhecidos mundos, na delicadeza do afeto. Mas meu coração descompassado insiste muitas vezes em se deixar agressivo e raivoso. Insiste em perder as esperanças. Insiste em ver como muito pequena a estrada que se coloca à frente. E se perde em angústias mil. Sim, meu coração selvagem nunca de fato foi selvagem. Talvez burro, limitado e carente. E agora o tempo se encarregou de mostrar que os limites, de certa forma, se estabeleceram estreitos. E ele desembesta a qualquer hora. Como os jumentos do Nordeste quando maltratados. E reclama de mim: tenha tento, mulher! Não se avexe. E respondo: mas eu tenho pressa de viver, amigo.

E gostaria que você compreendesse. (05/2024/luiza)

 

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