LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO: O PODER DOS
SENTIMENTOS E EMOÇÕES!
De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO
Date: seg., 24 de jun. de 2024
O PODER DOS SENTIMENTOS E EMOÇÕES!
Marc esclarece que não foi uma criança feliz.
“Eu me sentia assustado, com raiva, sem
esperança. Intimidado. Isolado. Eu sofria
bastante. Nossa, como sofria!” Bastava olhar
para ele, afirmava, para perceber que algo
estava errado. Inteligente, era péssimo aluno,
com notas medíocres, passou de magérrimo à faixa
de sobrepeso e não tinha amigos. Sofria bullying
na escola. E permanecia horas no quarto chorando
ou angustiado. Mas sua principal reação era a
raiva. Seus pais tinham seus próprios problemas
e não se davam conta do que se passava.
Discutindo e brigando quando sua mãe reclamava
da agressividade do filho em suas respostas.
Eles não entendiam sua raiva. E suas explosões
emocionais somente foram compreendidas quando se
descobriu um dos seus segredos mais terríveis:
um vizinho, amigo da família, abusava
sexualmente dele. Descoberto o escândalo, seu
pai agrediu fisicamente o pedófilo, que foi
preso pela polícia. Os pais de Marc surtaram e o
encaminharam para a terapia. Apareceram muitas
outras crianças igualmente abusadas pelo
indivíduo. No entanto, embora o ocorrido tenha
afastado o perigo do infame abusador de menores,
os vizinhos mandavam as crianças não se
aproximarem de Marc. Na velha e covarde
estratégia de culpabilizar a vítima para
diminuir a própria culpa.
E Marc esclarece o que aconteceu: a total
falta de atenção dos pais com o comportamento
diferente do filho. E o fato de não fazerem as
perguntas certas. Muitos de nós passaram
exatamente esta mesma experiência de vida. De
uma infância feliz se tornar uma criança e/ou
adolescente infeliz e raivoso. Sem que ninguém
perguntasse, diante da evidente mudança de
comportamento: como você está se sentindo?
Percebendo a dor e ensinando a lidar com os
sentimentos. Basicamente, saber ouvir. Pois,
quem está desesperado quer um ouvido atento e
nenhum conselho ou admoestação. Mas como pais
despreparados podem agir assim? Gasta-se com
cerimônia de casamento, de aniversários, viagens
e não se tem compromisso e tempo para abrir um
livro sobre crianças e adolescentes. Que ajude a
entender o ser sobre o qual temos a maior
responsabilidade de nossas vidas.
É dever inalienável dos pais prevenir abusos
sexuais de seus filhos, estando atento ao
ambiente ao redor. E ser capaz de ajudá-los no
sofrimento. É sua função a atenção continuada,
inteligente e respeitosa, condição
imprescindível para quem ousou ter filhos.
Infelizmente, nem sempre conseguimos estar à
altura da missão. Mas foi com um tio que Marc
conseguiu o que ele chama de milagre. Professor
e líder de uma banda, seu tio em sala de aula
estimulava os alunos a expressarem o que
sentiam. E, numa tarde verão, suspeitando dos
sofrimentos do sobrinho, fez uma pergunta a Marc
que afirma nunca a ter ouvido de um adulto:
“Marc, disse ele, como você está se sentindo?”
“Com essas palavras, a represa dentro de mim
se rompeu e foi liberada a torrente de emoções.
Todas as coisas terríveis que eu vivenciava na
época e todos os sentimentos que tive em
resposta a essas experiências, tudo veio à tona
num turbilhão”. E esclarece: “Essa breve
pergunta foi o que bastou para mudar a minha
vida”. Para aqueles que estão vivendo uma
situação de desespero espero que consigam alguém
querido e respeitoso que lhes façam a pergunta:
“Como você está se sentindo?”Marc Brackett, Ph.
D. é Diretor do Centro de Inteligência Emocional
de Yale, EUA. Autor do livro: “Permissão para
sentir.” |