De: Nova
Acrópole
Date: seg., 8 de jul. de 2024
Subject: #111 – Preencher a vida
“A
vida é breve, mas cabe nela muito mais do que
somos capazes de viver” –
José Saramago
Nos
perguntamos… O que é a vida? O que é viver?
É claro que
viver é muito mais do que dispor de um corpo e
tentar satisfazê-lo em todos os seus caprichos.
Tampouco é conseguir um lugar de destaque na
sociedade, porque o prestígio e os elogios são
sombras ilusórias que criam pessoas afundadas na
ilusão.
O mesmo
podemos dizer de quem coloca suas esperanças
nos afetos humanos, mais ainda se não
souber mantê-los e enriquecê-los com o tempo.
Formar uma
família, perpetuar um nome ou uma tradição, tudo
isso é válido, mas… preenche por completo a
vida? Não surge de vez em quando um anseio
profundo e recôndito que pede “algo mais”, para
que todas as outras coisas adquiram um novo
significado, mais válido e necessário?
Há os que
se fecham em seus estudos, buscando ali o
sentido da existência. Saber é mais uma forma de
se destacar. Há quem, ao contrário, não encontra
meios suficientes para preencher as longas horas
de tédio e busca distrações que acabam se
tornando escapatórias. Tudo é pouco para
evitar o vazio do eu interior, que
permanece mudo diante de nós mesmos.
Para um
filósofo, viver é muito mais do que tudo o que
foi exposto até agora. Viver é uma escola, a
mais completa e a mais difícil de todas. Corpo,
sentimentos e pensamentos são as ferramentas que
nos ajudam a superar as provas neste
momento tão especial de aprendizado. O
tempo é o grande mestre e o eu interior é o
discípulo que recolhe experiências ao longo de
toda a existência.
Desse ponto
de vista, as circunstâncias externas têm um
valor relativo, o valor necessário para nos
proporcionar situações apropriadas para o nosso
desenvolvimento, mas não são essenciais nem
definitivas nem constroem o ser humano.
Ademais,
quando se aceitam as circunstâncias desta
maneira, elas deixam de se converter em
obsessões e podem ser manejadas e
modificadas com muito mais perícia. Só então
começamos a nos transformar em donos de nosso
próprio destino.
Viver é um ato de responsabilidade,
diante de si mesmo e diante dos demais. Um
filósofo não pode viver de qualquer maneira.
Seus atos devem ter um sentido e uma lógica que
possam transcender a simples sobrevivência
física. Na escola da vida tudo tem um “porquê”
e, por conseguinte, um “como” e um “para quê”.
Viver é um ato de generosidade para
consigo mesmo e para com os demais. Trata-se de
se ajudar aprendendo e de compartilhar cada
sucesso, cada aprendizado, de fazer valer a
existência como uma entrega constante para o
mundo no qual nos encontramos e,
fundamentalmente, para a humanidade da qual
fazemos parte.
Viver é…. estar vivo. Não
é um segredo, não é um jogo de palavras. É
sentir-se parte do universo vital e de suas
energias, é aproveitá-las e vibrar com elas.
Assim o filósofo pode fazer da vida um ato
eterno para uma meta de perfeição, que é também
a eternidade.
Seja como
for, no final do caminho, a Musa da História
espera, com os seus olhos serenos de mármore,
para estender as mãos a quem ajuda a escrever o
futuro e não apenas a contemplá-lo, a inspirar
para todo o sempre os bravos e
determinados, os protagonistas da vida, os
conhecedores do início e do fim das coisas e,
portanto, deste ambiente que agora percorremos.
Adaptado
de Delia Steinberg Guzmán
Livro:O
que fazemos com a mente e o coração?Delia
Steinberg Guzmán. Com simplicidade, profundidade
e beleza, Delia recolhe temas fundamentais de
reflexão sobre esta realidade de alma comum a
todos nós, e que bem poderia ser sintetizada em
uma pergunta: o que costumamos fazer com a nossa
mente e com o nosso coração?
Filme:A
teoria de tudo. 2014.
Conheça a história de Stephen Hawking, gênio da
física, exemplo de realização e superação humana
em busca de algo maior. Aos 21 anos, Hawking
descobriu que sofria de uma doença motora
degenerativa, mas isso não o impediu de se
tornar um dos maiores cientistas da atualidade.
Disponível no Globoplay e no Amazon Prime.
Apreciação Poética: Encontro
com a alma. Belíssima
declamação do poema “Encontro com a alma”, de
Rumi. Uma
das melhores formas para se transmitir as
mensagens metafísicas é a linguagem poética.
Jalāl ad-Dīn Muhammad Balkhī, mais conhecido
como Rumi, é um dos grandes representantes da
poesia mística universal. Vale a pena conferir.
Música: Balada
no. 1 em Sol menor, Op. 23.Frédéric
Chopin. Este foi um dos maiores compositores da
história da música, não só do ponto de vista da
técnica mas, também, sua sensibilidade à beleza
que foi reconhecida por todos que o conheceram.
Comparado a Mozart por sua genialidade desde
criança, Chopin revolucionou a arte de tocar
piano, bem como a música em si, influenciando
inúmeros artistas até os dias de hoje. Assim
como Mozart, Chopin morreu relativamente jovem
mas, mesmo com pouco tempo de vida, conseguiu
desenvolver sua potencialidade e deixar um
legado de beleza e harmonia.
Escultura: Davi. Michelangelo.
Considerada uma das esculturas mais importantes
e influentes da história, esta obra prima do
virtuoso e genial Michelangelo impacta
profundamente todos que a visitam e apreciam de
perto. A escultura retrata Davi prestes a lutar
contra Golias, em uma postura sóbria e forte,
como se estivesse traçando uma estratégia para
vencer a batalha mais difícil de sua vida, como
descreve a passagem bíblica.
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