Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
Preencher a vida - Nova Acrópole

 

De: Nova Acrópole 
Date: seg., 8 de jul. de 2024 
Subject: #111 – Preencher a vida

 

A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver” – José Saramago

 

 

Nos perguntamos… O que é a vida? O que é viver?

É claro que viver é muito mais do que dispor de um corpo e tentar satisfazê-lo em todos os seus caprichos. Tampouco é conseguir um lugar de destaque na sociedade, porque o prestígio e os elogios são sombras ilusórias que criam pessoas afundadas na ilusão.

O mesmo podemos dizer de quem coloca suas esperanças nos afetos humanos, mais ainda se não souber mantê-los e enriquecê-los com o tempo.

Formar uma família, perpetuar um nome ou uma tradição, tudo isso é válido, mas… preenche por completo a vida? Não surge de vez em quando um anseio profundo e recôndito que pede “algo mais”, para que todas as outras coisas adquiram um novo significado, mais válido e necessário?

Há os que se fecham em seus estudos, buscando ali o sentido da existência. Saber é mais uma forma de se destacar. Há quem, ao contrário, não encontra meios suficientes para preencher as longas horas de tédio e busca distrações que acabam se tornando escapatórias. Tudo é pouco para evitar o vazio do eu interior, que permanece mudo diante de nós mesmos.

Para um filósofo, viver é muito mais do que tudo o que foi exposto até agora. Viver é uma escola, a mais completa e a mais difícil de todas. Corpo, sentimentos e pensamentos são as ferramentas que nos ajudam a superar as provas neste momento tão especial de aprendizado. O tempo é o grande mestre e o eu interior é o discípulo que recolhe experiências ao longo de toda a existência.

Desse ponto de vista, as circunstâncias externas têm um valor relativo, o valor necessário para nos proporcionar situações apropriadas para o nosso desenvolvimento, mas não são essenciais nem definitivas nem constroem o ser humano.

Ademais, quando se aceitam as circunstâncias desta maneira, elas deixam de se converter em obsessões e podem ser manejadas e modificadas com muito mais perícia. Só então começamos a nos transformar em donos de nosso próprio destino.

Viver é um ato de responsabilidade, diante de si mesmo e diante dos demais. Um filósofo não pode viver de qualquer maneira. Seus atos devem ter um sentido e uma lógica que possam transcender a simples sobrevivência física. Na escola da vida tudo tem um “porquê” e, por conseguinte, um “como” e um “para quê”.

Viver é um ato de generosidade para consigo mesmo e para com os demais. Trata-se de se ajudar aprendendo e de compartilhar cada sucesso, cada aprendizado, de fazer valer a existência como uma entrega constante para o mundo no qual nos encontramos e, fundamentalmente, para a humanidade da qual fazemos parte.

Viver é…. estar vivo. Não é um segredo, não é um jogo de palavras. É sentir-se parte do universo vital e de suas energias, é aproveitá-las e vibrar com elas. Assim o filósofo pode fazer da vida um ato eterno para uma meta de perfeição, que é também a eternidade.

Seja como for, no final do caminho, a Musa da História espera, com os seus olhos serenos de mármore, para estender as mãos a quem ajuda a escrever o futuro e não apenas a contemplá-lo, a inspirar para todo o sempre os bravos e determinados, os protagonistas da vida, os conhecedores do início e do fim das coisas e, portanto, deste ambiente que agora percorremos.

 Adaptado de Delia Steinberg Guzmán

 

  

Livro: O que fazemos com a mente e o coração? Delia Steinberg Guzmán. Com simplicidade, profundidade e beleza, Delia recolhe temas fundamentais de reflexão sobre esta realidade de alma comum a todos nós, e que bem poderia ser sintetizada em uma pergunta: o que costumamos fazer com a nossa mente e com o nosso coração? 

Filme: A teoria de tudo. 2014. Conheça a história de Stephen Hawking, gênio da física, exemplo de realização e superação humana em busca de algo maior. Aos 21 anos, Hawking descobriu que sofria de uma doença motora degenerativa, mas isso não o impediu de se tornar um dos maiores cientistas da atualidade. Disponível no Globoplay e no Amazon Prime.

Apreciação Poética: Encontro com a alma. Belíssima declamação do poema “Encontro com a alma”, de Rumi. Uma das melhores formas para se transmitir as mensagens metafísicas é a linguagem poética. Jalāl ad-Dīn Muhammad Balkhī, mais conhecido como Rumi, é um dos grandes representantes da poesia mística universal. Vale a pena conferir.

Música: Balada no. 1 em Sol menor, Op. 23. Frédéric Chopin. Este foi um dos maiores compositores da história da música, não só do ponto de vista da técnica mas, também, sua sensibilidade à beleza que foi reconhecida por todos que o conheceram. Comparado a Mozart por sua genialidade desde criança, Chopin revolucionou a arte de tocar piano, bem como a música em si, influenciando inúmeros artistas até os dias de hoje. Assim como Mozart, Chopin morreu relativamente jovem mas, mesmo com pouco tempo de vida, conseguiu desenvolver sua potencialidade e deixar um legado de beleza e harmonia.

Escultura: Davi. Michelangelo. Considerada uma das esculturas mais importantes e influentes da história, esta obra prima do virtuoso e genial Michelangelo impacta profundamente todos que a visitam e apreciam de perto. A escultura retrata Davi prestes a lutar contra Golias, em uma postura sóbria e forte, como se estivesse traçando uma estratégia para vencer a batalha mais difícil de sua vida, como descreve a passagem bíblica.

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