LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO: A omissão de
informações e a negligência - TRAGÉDIA! De:
LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO <luizaccardoso@gmail.com>
Date: ter., 20 de ago. de 2024
Subject: crime
TRAGÉDIA!
Em 1985, no povoado de Armero na Colômbia,
morreram 25 mil pessoas quando o vulcão, há
cerca de 40 km de distância, entrou em
atividade. Em uma tragédia anunciada pelos
estudos de uma equipe de especialistas
internacionais. Que apontavam esta
possibilidade, com necessidade de acompanhamento
e de evacuar a área se necessário. No entanto,
mesmo com os sinais de agravamento da situação,
os gestores responsáveis consideraram que a
evacuação prejudicaria a atividade econômica da
região: a plantação de algodão e a criação de
gado. Assim, omitiram para a comunidade as
informações e resolveram esperar para ver os
resultados. Somente uma voz se ergueu nesta
reunião, lutando para que os habitantes fossem
evacuados. Com o problema agravado pelo
derretimento da neve em contato com a lava
quente, no leito do rio que circundava a cidade.
Não haveria saídas. Quando a população recebeu o
aviso da erupção já não havia chances de
salvamento. As lavas entraram na cidade
arrasando com tudo, espalhando o imenso número
de mortos pelo povoado.
No documentário da Netflix, algumas pessoas
resolveram ir embora antes do desastre. Uma
família cujo pai tivera pesadelos e desespero
com a situação. Assim como o padre, que dominado
pelos mesmos presságios, chama o sacristão e
viajam de carro. Após uma missa na qual
aconselhara os paroquianos a terem calma, como
as autoridades pediam. Permaneceram os menos
atentos às mudanças, inclusive à camada de cinza
que caiu sobre o povoado. Influenciados ainda
pela decisão autocrática e criminosa de não
evacuar a população, o que causou a morte dos 25
mil cidadãos.
Em 2013 o navio de um armador russo com
bandeira da Moldávia faz uma parada de
emergência no porto de Beirute. Sua carga é
apreendida pelas autoridades libanesas. São
2.700 toneladas de nitrato de amônio. Que,
segundo o primeiro-ministro libanês, Michel Aon,
estavam inadequadamente armazenadas. Incluindo a
proximidade com um depósito de fogos de
artifício. O perigo que esta situação oferecia
foi denunciada várias vezes às autoridades
competentes pelos técnicos e órgãos envolvidos,
solicitando providências. Nenhuma providência
foi tomada. A negligência criminosa do governo
foi aceita. Salvo engano, não houve informação
da mídia sobre o caso ou mobilização da
comunidade. Segundo o site da BBC, esta carga
passou seis anos no porto de Beirute. A explosão
do material foi enorme e matou 137 pessoas,
ferindo mais de 5.000 e arrasando um bairro
inteiro. Uma das entrevistadas para o
documentário da Netflix fala da dor de ver seu
filho de três anos atravessado por um pedaço de
vidro da varanda do apartamento.
No Brasil, em relação aos desastres aéreos,
que tipo de fiscalização é feita? A baseada
somente nos dados fornecidos pelas empresas? O
avião da Voe Pass era de segunda mão e com cerca
de mais de 14 anos de uso. Vendido justamente
por este motivo. Embora saibamos que a idade dos
aviões é segredo de sete chaves para não nos
assustar. O fato é que ele sofrera vários
problemas antes do acidente. Realmente estava
seguro para voar? Um segundo aspecto – o
silêncio da Latam. Nenhuma responsabilidade?
Nenhuma consideração com o consumidor que nem
sabia com qual empresa do seu grupo voava? Por
fim, um fato inquestionável: no Brasil não
aprendemos a respeitar as pessoas. E muito menos
a figura do consumidor. O que inclui a
negligência, a omissão e a irresponsabilidade
mortais na prestação dos serviços. Poucos dias
depois do acidente com a Voe Pass, caiu um avião
de pequeno porte matando o avô e seus netos.
(08/2024/luiza) |