Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO: A GUERRA

De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO <luizaccardoso@gmail.com>
Date: sex., 4 de out. de 2024
Subject: guerra

A GUERRA

O mundo se encontra em chamas. Com o sofrimento maior de quem convive com a violência da guerra ou dos que acompanham o desenrolar dos acontecimentos de longe, mas com apreensão e medo de que batam em sua porta. O fato é que a ganância por territórios e poder são a base dos extremismos cevados pelos que não se livraram do ódio e, provavelmente, pela força e influência da indústria de armas. Que precisa de demanda, de vender o que produz para sobreviver. De qualquer modo, é terrível como os homens insistem em tornar o mundo tão cruel. De modo que seus filhos e netos serão as próximas vítimas das consequências das guerras! Sem poder pensarem no futuro, serão obrigados a empregarem suas forças para reconstruir o que foi destruído. Se tiverem sobrevivido.

Assim na Ucrânia, invadida pela Rússia por uma insensata decisão de Putin. Que não imagina o peso do ódio de toda uma geração do mundo contra ele. Assim será em terras palestinas, no combate que envolve agora Irã e Israel. Depois do atentado do Hamas contra jovens e idosos em terras israelenses. Com cerca de 100 reféns civis israelenses ainda presos em campo de batalha do inimigo.

Em uma ONU enfraquecida, os esforços para a paz não proliferaram. Sanções econômicas não foram suficientes para dissuadir os envolvidos. E é o enfrentamento pela força que mantém os conflitos. Os seus líderes recusando qualquer saída. Em nenhum momento as estatísticas das mortes na população civil foram suficientes para encerrarem as lutas. Será que os comandantes da guerra foram até os campos de combate e viram a desgraça de seus rastros? Viram crianças mortas em meio aos escombros?

Há muitos anos vi um documentário no qual um repórter aproximava crianças e jovens palestinos e israelenses, levando-os a conhecerem os costumes, a família, os entretenimentos uns dos outros. Era interessante ver a timidez de todos. A forma meio indecisa e ao mesmo tempo curiosa com que se aproximavam. E depois, jogando futebol, se soltavam como se fossem velhos conhecidos. Todos eles acharam interessante a experiência. Era comovente ver como poderia ser a vida deles se não vivessem sob tanta tensão e os rigores do ódio nas relações entre suas pátrias.

E hoje, com o emprego de alta tecnologia de defesa, a guerra mostra estranhos resultados, impensáveis no passado. O Iran soltou mais de 180 mísseis balísticos sobre Israel. Conseguiram atingir um palestino que estava em Jericó, na Jordânia. As outras sete mortes e 11 feridos em Jaffa foram resultado da ação direta de dois palestinos. A população em Israel encontrou proteção nos quartos seguros (fortificados) em suas próprias casas e nos bunkers. A Marinha norte-americana ajudou também a interceptar os mísseis e o sistema de defesa aérea de Israel se encarregou do resto. Inclusive o sistema Arrow 3, a terceira camada de defesa aérea. Ou seja, se todas as nações tiverem igual tecnologia, as guerras voltarão a ser de homem contra homem. O morticínio será grande! No primeiro dia de invasão do Irã por terra, sete soldados israelenses já morreram.

E quantas decisões dolorosamente insensatas! A Rússia não precisa de nenhum território a mais. O desrespeito à independência da Ucrânia não tem fundamento. A decisão custou vidas, sofrimento e um país destruído. Um estado Palestino iria contribuir para a paz e o desenvolvimento da região. Israel só estará seguro se reconhecê-lo. Segundo especialistas, o Irã viveria melhor se contivesse seu projeto imperialista, não tentando desestabilizar as relações de poder no Oriente Médio. E aconselham a ONU a se basear no Direito Internacional em vez de basear suas decisões em interesses pragmáticos.

A falta de empenho em construir a paz aponta um futuro aterrador para a humanidade. Uma geração da qual os sobreviventes sofrerão sempre os efeitos devastadores das perdas nas guerras, como o medo constante, a necessidade de proteção e os recursos sendo desviados para a manutenção da indústria das armas. Nenhuma família poderá viver em paz. Nenhuma criança crescerá sadia como cidadão. Ou seja, derrotados e vencedores estão esmagando a futura geração. Da qual serão dependentes. (10/2024/luiza)
 

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