"Se pudesses manter teu coração
maravilhado com os milagres diários de tua
vida,
tua dor não pareceria menos
maravilhosa que tua alegria."
Khalil Gibran
“Há
uma pergunta que costumamos fazer várias
vezes por dia, muitas vezes na vida. Por
que os homens sofrem? Por que existe a dor?”
Esta
pergunta assinala uma realidade da qual é
impossível escapar. Todos
sofrem, por uma ou outra razão, todos
sangram em seu coração e tentam inutilmente
apressar uma felicidade concebida como uma
sucessão ininterrupta de prazeres e
satisfações.
No
entanto, o fato do sofrimento chegar a todos
os seres humanos, não tira nem explica a
realidade do sofrimento. E outra vez nos
perguntamos, por quê?
Velhos ensinamentos nos ajudam a penetrar no
intrincado labirinto da dor. Em geral, nos
indicam queo
sofrimento é resultado da ignorância.Assim,
somamos dor após dor, ou seja, aos fatos
dolorosos em si, somamos o desconhecimento
das causas que impulsionaram esses fatos:
não somos capazes de chegar até a raiz das
coisas para descobrir a procedência profunda
daquilo que nos preocupa.
Simplesmente ficamos na superfície
da dor, onde mais se sente e onde mais se
manifesta a impotência para sair da
armadilha.
Ignoramos a causa do que nos acontece, e
ignoramos a nós mesmos, somando uma dupla
incapacidade de ação positiva.
Deveríamos saber quenenhuma
dor é eterna, que nenhuma dor se
mantém ante o embate de uma vontade
construtiva. Nada, nem dor, nem
felicidade, pode durar eternamente no mesmo
estado. Temos que aprender,
portanto, a jogar com o Tempo para encontrar
uma das possíveis saídas do labirinto.
A dor
do porvir não cabe no presente, já que é um
sofrimento inútil, antes do tempo e, talvez,
sem razão de ser. Em relação à dor das
coisas passadas, é como tentar manter o
cadáver de um ser querido em nossa casa,
repetindo constantemente que não morreu,
olhando mil vezes para a irrealidade de um
corpo que não existe e desconhecendo a outra
realidade espiritual que sim, existe.
E
quanto à dor do presente, é apenas uma
pontada que em breve se afunda no passado
para dar lugar ao futuro.
Por
isso, um sábio dizia que nós, seres humanos,
somos capazes de sofrer três vezes pela
mesma coisa: esperando que aconteça,
enquanto acontece e depois que aconteceu.
Assim, reforça-se a tese da “ignorância como
mãe de todas as dores”.
Para
os orientais, seguindo a tônica da parábola
budista “O Grão de Mostarda”, “a dor
é veículo de consciência”, o que equivale a
dizer que todo sofrimento encerra um
ensinamento necessário para nossa evolução.
“A dor
é o que nos obriga a parar e perguntar sobre
as coisas. Sem a dor, jamais diríamos, como
tantas vezes fazemos: “Por que comigo?”,
para advertir em seguida que não é “comigo”
somente… Sem a dor, não nos proporíamos a
indagar sobre as leis ocultas que movem
todas as coisas, fatos e pessoas.”
Basta procurar um pouco que encontraremos
sofrimento: sofre a semente que brota para
dar lugar à árvore, sofre o gelo que se
derrete com o calor ou a água que se
endurece com o frio, e sofre o homem que,
para evoluir, tem que romper as velhas peles
de seu cárcere de matéria.
Contudo, por detrás de todos esses
sofrimentos, esconde-se uma felicidade
desconhecida: a plenitude da semente, da
água e da alma humana, que descobrem, em
meio às trevas, a luz segura do seu próprio
Destino.
Delia
Steinberg Guzmán
Adaptação de
seu texto original
Podcast: Buda
- Sobre a Dor. Neste
bate papo, Uibirá Barreto e Danilo Gomes
conversam um pouco sobre os ensinamentos
que Buda traz sobre a dor.
Vídeo-palestra: BUDA
e o Nobre Óctuplo Caminho - Ensinamentos
budistas - Prof. Ana Paula Leobas de Nova
Acrópole.Siddârtha
Gautama, mais conhecido como Buda, foi o
príncipe de uma região do sul do Nepal e
durante o início de sua vida, teve à sua
disposição riquezas e conforto, mas sua
missão na Terra era outra. Ao se deparar de
perto com a dor humana, decidiu sair em
busca de uma solução, um caminho para cessar
o sofrimento humano. Depois de um longo
período de busca espiritual, meditação e
isolamento, atingiu a iluminação e viu com
mais clareza como deveria ser a conduta
humana para uma vida mais plena e feliz.
Além de outros inúmeros ensinamentos,
revelou-nos o Nobre Óctuplo Caminho - oito
direcionamentos para a condução de uma vida
feliz e harmônica, descritos no livro
Dhammapada.
Filme: Srikanth
| Official Trailer.Baseado
em uma história real, este filme retrata a
superação de obstáculos extremos de um
menino indiano, demonstrando que a dor pode
ser caminho de tomada de consciência.
Disponível na Netflix.
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