O cientista político e historiador Samuel Feldberg, diretor acadêmico da ONG StandWithUs Brasil, é o convidado do último Podcast OA!, publicado nesta segunda, 4.
Ao comentar a ascensão do ódio na Alemanha na década de 1930, Feldberg afirma que a rejeição ao outro e a culpabilização da pessoa diferente pelos próprios problemas promovida pelas autoridades nazista ganharam tração na sociedade, principalmente por causa do contexto da crise econômica. Isso ampliou a penetração do antissemitismo na sociedade alemã e em países próximos.
"A principal lição do que aconteceu no Holocausto, na Segunda Guerra Mundial, é que a população pode estar disposta a abraçar esse tipo de valor (antissemita). Os nazistas não fizeram o que fizeram sozinhos, mas em colaboração com boa parte da sociedade alemã e de povos vizinhos. Houve massacre em países que depois foram ocupados pela Alemanha. O maior massacre de judeus foi na Polônia, não na Alemanha", diz Feldberg, autor do recém-lançado livro Coletânea: Decifrando o Oriente Médio, com textos publicados por Feldberg de 1996 a 2014.
Feldberg, porém, não acredita que exista a chance de um novo Holocausto no mundo atual.
"Não acho que estejamos próximos ou no caminho para um evento dessa magnitude. O Holocausto ocorreu em parte porque os nazistas estavam se preocupando muito em disfarçar o que eles estavam falando. Além disso, foi um evento de dimensões tão absurdas que, mesmo quando começaram a surgir notícias, as populações ao redor do mundo não acreditavam no que estavam ouvindo", diz Feldberg.
Esconder crimes contra a humanidade hoje ficou mais complicado. "Nós estamos em uma era de disseminação das informações. Então, essa tentativa de manter segredo sobre esse tipo de crimes já não é possível. E temos um histórico de massacres depois da Segunda Guerra Mundial que já deveriam servir como um alerta. As populações judaicas hoje se sentem relativamente seguras, apesar do aumento do antissemitismo ao redor do mundo. E não vejo nenhum governo se propor a isso (realizar um massacre). E o elemento mais importante é o fato de que hoje existe o Estado de Israel que é um refúgio para a população judaica do mundo inteiro."
Feldberg acredita que a mera existência de Israel serve como uma garantia de que um novo Holocausto não terá lugar em algum país do mundo. "No limite, os judeus sempre podem contar com o Estado de Israel como refúgio. Isto é talvez uma das aberrações que nós vemos no sistema internacional: Israel é o único país do mundo cuja existência é contestada", diz Feldberg.
O cientista político também falou sobre o surgimento do Estado de Israel e das guerras empreendidas pelos países árabes para evitar que o novo país prosperasse. "Da mesma forma que os judeus eram discriminados na Alemanha nazista na década de 1930, agora o Estado de Israel é discriminado no Oriente Médio como um elemento diferente do etnicamente homogêneo no mundo árabe", diz Feldberg.
Neste podcast, Feldberg comenta as possibilidades para a Faixa de Gaza após a guerra de Israel com o Hamas, os assentamentos na Cisjordânia, a agenda da diplomacia petista, as divisões da sociedade israelense e o apoio americano ao governo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Assista à íntegra da conversa com Samuel Feldberg no Podcast OA!: |