" O que o mundo necessita acima de tudo é
Fraternidade, primeiro no coração do ser humano
e, depois, como seu reflexo no mundo externo,
uma integração de suas partes e funções
separadas."
Sri Ram
Hoje, muito
se fala sobre a integração das diferenças; o
tema da discriminação racial, sexual e
religiosa, entre outras, ocupa as telas da mídia
com uma frequência cada vez maior. Parece que,
enfim, colocamo-nos de acordo em relação a
alguma coisa: toda forma de
discriminação deve ser abolida, e isso é justo e
necessário. Porém, o tema das
diferenças, acredito, deve transbordar essas
pautas mais divulgadas e ir além, contemplando
outros tipos de discriminação.
Vivemos um momento eminentemente massificado,
por exemplo, onde pensar diferente das opiniões
“oficiais”, da moda, é algo que toca o
inadmissível: logo se é taxado de alienado, “em
cima do muro” ou outras adjetivações de mesma
natureza. Curioso é lembrar da frase do
imperador estóico Marco Aurélio, que dizia: “A
morte de um único ser humano me empobrece, pois
se trata de um universo único e irrepetível com
o qual deixei de travar contato.” Único e
irrepetível, cada um de nós? Isso
implica dizer que, se cada cidadão brasileiro,
por exemplo, se dispusesse a refletir e pensar
por si próprio, teríamos algo como duzentos
milhões de pontos de vista que, combinados e
compostos entre si, dariam origem a um incrível
mosaico de visões complementares da realidade,
como na composição de diferentes cores em um
quadro, ou diferentes notas em uma melodia, o
que nos enriqueceria muito!
Mas, infelizmente, não é isso o que vemos
acontecer: há uma polarização em duas posições,
e esses duzentos milhões de mentes são obrigadas
a ajustarem-se a uma ou outra dessas opções;
quantos, de fato, estão pensando, neste grupo?
Quantos estão autorizados a fazê-lo? Ou seja, há
outros tipos de “diferenças” que não são de
forma alguma respeitadas ou integradas e,
estranhamente, não se discute sobre isso.
E quanto aos modos de vida? A versão oficial do
estudar /trabalhar/casar/ter filhos/ cuidar dos
netos, quando desafiada, também é submetida à
crítica implacável da sociedade. Quem
resolve estender sua noção de família, tomar
para si os filhos da humanidade, trabalhar para
eles sem visar riqueza material nem status
social, por exemplo, é um excêntrico que está
“desperdiçando a sua vida”.
E o que dizer daquele que não quer apenas usar
os seus sentidos ao máximo limite para obter
cada vez mais prazeres sensoriais através deles,
mas que busca outros prazeres oferecidos pelos
sentidos internos, como a percepção de que há
algo em nós que não pode ser arrastado pelo
tempo, e que esse “algo” deve ser desenvolvido e
cultivado; a impressão de que todas as coisas
guardam em si uma essência imortal e o desejo de
aproximar-se desse mistério de todas as coisas
para percebê-lo e participar dele; aquele que
sente que não há prazer maior do que o prazer do
dever cumprido, de servir à vida, de fazer com
que os valores humanos venham ao mundo através
de nós, o que dizer desse estranho ser humano?
Que é um alienado que desperdiça os prazeres
“palpáveis” correndo atrás de fantasias...
Enfim, ainda há muitas diferenças a serem
integradas antes que possamos entoar um
“réquiem” pelas discriminações. E são, todas
elas, muito limitantes, sufocantes mesmo e, em
geral, “cortam nossas asas”, com seu afã
infinito por padronizar escolhas, reações,
pensamentos, sentimentos e a vida como um todo. Libertar
a autenticidade humana permite o encontro dos
elementos em comum, que estão dentro, e não
fora, como em um colar, onde todas as contas são
atravessadas por um único fio.Assim,
sendo aquilo que se é, entregando o seu
particular recado ao mundo, descobrimo-nos como
células, e o Corpo, que tudo harmoniza e
justifica, evoca a Unidade.
“O sagrado é a função de dar sentido”, dizia o
filósofo Mircea Eliade. Assim, ao
encontrar o sentido de cada coisa e compô-las na
Unidade, sacralizamos a vida.
Vídeo-palestra:ARTE:
CRIANDO COM AS DIFERENÇAS - Luis Carlos Marques
Fonseca da Nova Acrópole.Nesta
palestra, o professor Luis Carlos Marques
Fonseca, diretor da Nova Acrópole Brasil-Norte,
oferece as bases filosóficas para refletirmos
sobre a importância das diferenças para que haja
Vida real e sobre a expressão única e
irrepetível de cada um de nós como parte
indispensável na construção de um mundo
harmonioso.
Pinturas: É
uma prática comum entre pintores e artistas
viajar para diversos lugares e transformar suas
experiências em belas obras de arte. Bons
exemplos disso são o pintor dinamarquês Peder
Monsted e o gravurista Japonês Hiroshi Yoshida,
cujas distintas técnicas foram aperfeiçoadas
enquanto pintavam paisagens de diversos lugares
do mundo, incluindo o Egito. Para apreciar as
diferentes formas de representar a beleza dos
monumentos egípcios, clique nos nomes abaixo:
Música: Bachianas
Brasileiras N°5: Ária (Cantilena).Esta
é uma das obras mais conhecidas e amadas deste
compositor brasileiro. Composta entre 1938 e
1945, faz parte de uma série de nove suítes que
combinam elementos da música barroca de Bach com
a música folclórica brasileira. Villa-Lobos
tinha o dom para fundir música clássica europeia
com ritmos brasileiros, criando um belo e único
"mosaico de visões complementares".
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