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De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO <luizaccardoso@gmail.com>
Date: dom., 1 de dez. de 2024
O PARAÍSO DAS ÁGUAS
Uma das coisas que o trabalho permite é
aproveitar a aposentadoria para viajar. Tentei
aproveitá-la e consegui conhecer cerca de 15
países. Viagens de avião para o destino de
partida e chegada e o percurso entre países em
viagens rodoviárias. O que permitia conhecer
todo o interior dos países visitados. Conheci
maravilhas como as Cataratas de Niágara, as
Floresta das Sequóias gigantes, o Parque
nacional do Grand Canyon, as geleiras da
Argentina, o Parque Nacional de Yosemite, o lago
Lugano aos pés dos Alpes suíços, a estrada
privada na Califórnia com as mansões de
diretores de cinema e atores, entre a floresta
de pinheiros e o mar. E obras como o Arco do
Triunfo, o grande Arco na Alemanha, o Coliseu, a
Cidade Santa, o Santuário de Fátima, todos os
aquários que encontrei e museus. Mas, devo
confessar, a lagoa continua sendo a minha grande
paixão.
Na verdade, não é uma lagoa. Mas um rio que se
estende serpenteando entre duas grandes lagoas -
Mundaú e Manguaba. Uma em Maceió e outra em
Marechal Deodoro, a nossa primeira capital.
Conheço este cenário desde criança. Com um sítio
e uma casa para férias e feriados. Quando na
maré cheia, as águas costumavam quase lamber
nossos pés. Onde eu nadava, remava ou
simplesmente ficava a contemplar. Como continuo
fazendo ainda hoje. Suas águas mansas, plácidas,
refletindo o azul do céu, com algumas pequenas
ilhas de areia que a maré seca descobre. Rodeada
por mangues, coqueiros e sítios com casas e
caiçaras no meio da lagoa, para os pescadores
apanharem os peixes em suas canoas quando a
noite chega.
Mas ninguém se engane. A lagoa é volúvel,
sentimental, atenta. Quando o dia continua, ela
começa a encher suas margens e refletir o
prateado ou o cinzento das nuvens. Marolas
menores ou maiores se formam avançando com a
força das marés. Suas águas escuras escondem
segredos, o verde vai ficando denso e o fundo de
lama cada vez mais profundo. A largura de suas
margens toca nossa alma. Imensidão, calma ou
inquietude, encontro, finitude. Nada valeria a
pena se não fosse possível contemplar este
cenário. Que aparece em toda a plenitude de sua
beleza no Pontal da Barra quando encontra as
águas do mar.
Os Prefeitos de Maceió e Marechal Deodoro,
juntos, poderiam oferecer esta viagem de sonhos.
Uma vez que o turismo pode representar uma
grande fonte de renda para os municípios. É
importante, no entanto, a capacitação das
pessoas que tratam com turistas. Pois é triste a
falta de cultura e a omissão das autoridades.
Barcos que saem de Massagueira de Cima para a
Prainha usam música em som altíssimo. Músicas da
mais baixa qualidade, até pornográficas. O som
se espalha pela lagoa e pelos sítios perturbando
a paz. E mostrando aos turistas a qualidade de
nosso péssimo gosto musical.
Maceió, que se oferece limpa e bonita, guarda
ainda certas feridas, como a rua para o comércio
fechada por camelôs. Uma das coisas mais feias e
degradantes em pleno centro da cidade. Assim
como a desorganização ao redor do Mercado Modelo
com barracas e o trânsito nas linhas do trem.
Por outro lado, é difícil acreditar que a
administração pública não tenha, até hoje,
enfrentado os desafios de explorar as belezas da
viagem percorrendo as paisagens da lagoa entre
Marechal Deodoro e Maceió em barcos de turismo.
(Outubro/2024/Luiza). |
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