Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO: A EXTINÇÃO DAS EMENDAS PARLAMENTARES


De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO <luizaccardoso@gmail.com>
Date: dom., 1 de dez. de 2024
Subject: emendas




A EXTINÇÃO DAS EMENDAS PARLAMENTARES

O Ministro da Fazenda, senhor Fernando Haddad, apresentou em rede nacional o Plano de Governo para reduzir os gastos públicos em R$ 70 bilhões. O necessário para equilibrar em dois anos as contas públicas, evitando o inferno do descontrole entre despesas e receitas governamentais. Apesar de sua reconhecida capacidade de articulação houve um vendaval de descontentamento por parte da classe política e dos grupos de interesse econômicos. Além das Forças Armadas, que também entrariam nos cortes. Assim, em lugar de um debate civilizado, com o objetivo último de conseguir o bem comum, principalmente o dos desprivilegiados, provavelmente teremos um esticar de cordas cheio de ressentimentos. Pois o que parece interessar são os desejos de classe e grupos. E, como sempre, já aparecem os comentários dos parlamentares no Congresso Nacional, demonstrando a intenção de dificultar a aprovação das medidas, até que sejam liberadas as emendas parlamentares ainda guardadas no STF, preocupado com a falta de transparência e o nível de corrupção que as cercam. Servindo, portanto, como instrumento de pressão e troca na comercialização das relações políticas.

As emendas parlamentares, em seus objetivos finais e estratégias, possuem um nome claro: propaganda eleitoral gratuita, paga por nós contribuintes. Pois as obras que ajudam a financiar são decisões dos administradores locais, fazendo parte de um planejamento estrutural de governo. Os parlamentares poderiam colaborar com a comunidade para exercer pressão e fiscalização sobre a administração. Mas preferem colocar a mão diretamente no Orçamento Federal, aumentando assustadoramente a cada ano, os gastos com seus interesses. Para atender aos 513 deputados e 80 senadores em um total de, salvo engano, 593 parlamentares. E mais os Fundos Partidário e Eleitoral. O que torna o nosso Parlamento o segundo mais caro do mundo. Em um país em desenvolvimento e com um elevado nível de injustiça social.

Os parlamentares brasileiros alegam o direito de intervenção no Orçamento Federal. O que parece em desacordo com suas funções institucionais. Assim, para o ano de 2024 foram previstos R$ 53 bilhões para as emendas. Claro que a liberação deste valor ao longo do ano pode não alcançar o total. Agora, por exemplo, eles aguardam a liberação de R$ 25 bilhões que estão parados no STF por exigências de transparência. Mas o total de R$ 53 bilhões está definido, cabendo a cada deputado R$ 37 milhões e a cada senador R$ 69.6 milhões. Fora as emendas de bancada e comissão. Fica muito difícil encontrar outra explicação senão a da maior extorsão de recursos públicos.

Só para se ter uma noção do tamanho da extorsão de nossos impostos em decisões personalistas e dispersão de recursos via emendas, vale comparar com outros valores relacionados às Políticas Públicas. Começando pelo total de redução geral dos gastos em R$ 70 bilhões para equilibrar as contas públicas. Que são um pouco mais dos R$ 53 bilhões que os parlamentares previram para o ano que termina. O novo cálculo de bloqueio de recursos pelo Ministério do Planejamento em relação aos ministérios, alcançou R$ 17.6 bilhões. Uma diminuição em relação aos R$ 19,3 anteriormente previstos. Diminuição que atingiu o valor repassado para a cultura nos estados e municípios. Sendo que os ministérios mais sacrificados serão os da Saúde (R$ 4.39 bilhões) e o da Educação (R$ 3,04 bilhões). Os bloqueios alcançaram outras pastas, como a de Desenvolvimento e Assistência Social (R$ 1 bilhão) , a Defesa (606,6 milhões) e Cidades (R$ 2.4 bilhões). Se somente somarmos estes valores eles chegarão perto de R$ 11 bilhões. Que é muito menos do que a metade destinada às emendas parlamentares. (Correio Braziliense, 01/12/2024)

Importante reconhecer que ao analisarmos as emendas parlamentares estamos tratando de: propaganda eleitoral gratuita financiada por nossos impostos para aumentar o poder eleitoral de cada parlamentar; dispersão significativa de recursos; falta de transparência; presença de corrupção e uma relação estranha com as administrações locais em relação a um planejamento estruturado de gestão. Estudos de institutos científicos, assim como os realizados pelas assessorias técnicas do próprio Congresso Nacional, advogam a extinção das emendas parlamentares. Por quais motivos não estamos engajados nesta luta? (01/12/2024 Luiza)
 

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