Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
Reynaldo Domingos Ferreira: OS ANTECEDENTES DA CRIAÇÃO DE LULLIUS REI
 

 
De: Reynaldo Ferreira <reydferreira@gmail.com>
Date: ter., 10 de dez. de 2024 
Subject: OS ANTECEDENTES DA CRIAÇÃO DE LULLIUS REI
 
  • OS ANTECEDENTES DA CRIAÇÃO DE LULLIUS REI
  • Em uma recente reunião de amigos, perguntaram-me, outro dia, a que eu 
  • atribuía o fato de meu livro "Lullius Rei", haver merecido, do portal internacional Better World Books, a qualificação de um dos melhores livros do mundo, o que, confesso, como é natural, me surpreendeu, mas me sensibilizou muito.
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  • Em resposta, disse-lhes que, lançado, em 2010, pela Editora Livros, de São Paulo, já extinta, a obra, de natureza teatral, encerra uma paródia à tragédia " Édipo Rei ", de Sófocles, o que - concordo - não é costumeiro, entre nós. Mas,  como tal, não foge às regras e normas da dramaturgia, expostas, na  Alemanha, por Johann Christoph Gottsched, em seu "Ensaio de uma Poética Crítica", no qual ele - segundo Friedrich Nietzsche, em sua "Introdução à Tragédia de Sófocles"-, observa que  foi Sófocles, na Grécia Antiga, o melhor estudioso da oratória e da poesia, elementos constitutivos da tragédia, a qual, como ressalta, sempre conservou um caráter puramente democrático, pois surgiu do povo..

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  • Por sinal, tenho de revelar aqui que, quando escrevi "Lullius Rei", eu acabara de ler a obra de Nietzsche - de quem eu já conhecia "O Nascimento da Tragédia "- na edição de Jorge Zahar Editor (2006), na tradução, do alemão, de Ernani Chaves, do Departamento  de Filosofia da Universidade do Pará, sendo ele também responsável pela apresentação e notas do livro. 

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  • É nesta apresentação que Chaves revela que o tema "tragédia "( Tragödie, em alemão ) passou a ocupar de maneira mais intensa a mente de Nietzsche a partir do outono de 1866, quando designado a proferir palestra na Sociedade Filológica de Leipzig - que, na verdade, ele acabou não fazendo - sobre a teoria da inserção, de forma deliberada, numa obra, de elementos estranhos ao original.

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  • É a partir daí, segundo Chaves, que cresce o interesse de Nietzsche sobre o tema, principalmente, depois que leu "O Mundo Como Vontade e Representação ", de Schopenhauer, e a partir do outono de 1868, tornou-se amigo de Richard Wagner, quando a questão da tragédia passou a ocupar, cada vez mais, o centro dos interesses comuns aos dois amigos. 

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  • Nietzsche afirma, na primeira parte de sua obra, que " Édipo Rei " exige, como nenhuma outra tragédia da Antiguidade, uma comparação entre a forma antiga da tragédia e a moderna, observando que, para Aristóteles, ela é considerada como tragédia-modelo, o que não é levado em consideração pela estética moderna, que até a deprecia, porque nela - nisso não estou de acordo - a "antinomia entre destino absoluto e culpa" permanece sem solução, como esclarece Nietzsche.

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  • Assim - como expliquei aos amigos.- para construir a minha paródia da tragédia de Sófocles, eu não só acompanhei a estética moderna, nos termos expostos por Nietzsche, como me baseei também bastante nas adaptações cinematográficas do " Édipo Rei " (1967), do cineasta italiano, Pier Paolo Pasolini, e de "As Troianas " 
  • ( 1971), de Eurípedes, esta realizada pelo cineasta grego Michael Cacoyannis, as quais possuo em DVD. 

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  • A minha história se situa num reino fictício latino-americano, onde o soberano, despreparado para exercer as funções de chefe de estado, e pressionado pelas circunstâncias, se vê forçado a criar falsas expectativas em seus súditos diante dos sucessivos escândalos de corrupção que afetam enormemente sua administração.

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  • Embora pressionado pelo partido, que o elegeu, para dar aparência de que nada sabia do que vinha acontecendo, às escâncaras, em seu reino, Lullius Rei, para se livrar também dos problemas econômicos, que o assombram, aceita a sugestão de seu ministro da Economia de fazer o jogo do personagem, ou seja, interpretar a todo tempo o papel de Édipo Rei, que também de nada sabia do que vinha acontecendo no reino de Tebas.  

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  • Avesso, porém, às questões de ordem moral - e mesmo legal - e cultor da mentira, Lullius Rei se recusa, em definitivo, a aceitar o trágico destino do seu personagem. De qualquer forma, apesar dessa sua recusa, como prevê o Coro, os deuses poderão punir Lullius Rei de forma diferente, do que pela qual puniram Édipo Rei. 
  • E o seu final também será trágico.

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  • De posse de vários exemplares do livro, segundo as normas contratuais da edição, enviei-os a diversas bibliotecas universitárias do Brasil e de Portugal. Pois foi a Biblioteca da Universidade de Aveiro, que, ao agradecer o envio da obra, me sugeriu enviá-la também à Faculdade Estatal Pedagógica de São Petersburgo, na Rússia, que ensina o nosso idioma português, com a qual mantém convênio, sugestão essa que logo aceitei, e da mesma forma, dela recebi agradecimentos. São esses, portanto, os antecedentes da criação daobra e de sua divulgação, no Brasil e no exterior. RDF
 
 

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