De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO <luizaccardoso@gmail.com>
Date: seg., 23 de dez. de 2024
Subject: manutenção ?

MANUTENÇÃO?

Nos últimos onze anos houve 1.856 acidentes aéreos no Brasil, com um total de 832 vítimas. Desde 2016 não tínhamos tantos acidentes como em 2024 = 136 com 127 mortes, um aumento de 92%, o maior em dez anos. Números que incluem o de ontem e o voo da Voepass com 58 passageiros e 4 tripulantes. A maior parte dos acidentes estão relacionados a táxis aéreos ou aviões particulares de pequeno porte ou destinados à lavoura. Em 25 anos, houve 1.874 acidentes aéreos nos EUA com 1.286 mortes. Sendo que 674 acidentes foram no Alasca. Ou seja, em pouco mais da metade de anos, o Brasil apresentou quase a mesma taxa de acidentes e mortes em acidentes aéreos. Envolvendo aqui, como em terras americanas, em sua maioria aviões de pequeno porte.

Segundo os especialistas, há três condições essenciais para as quedas das aeronaves: manutenção, condições da pista e de controle, que deve ser a capacidade dos pilotos. Outras condições circunstanciais dizem respeito ao tempo. Havendo necessidade de monitoramento da meteorologia, planejamento de rotas alternativas, gerência de rádio e comunicação e planejamento de combustível. Em relação aos aviões pequenos, a impressão é que há dois fatores importantes e talvez não levados tão a sério: preparação dos pilotos e manutenção. Há pouco tempo encontrei no Google um caso grave em relação a este item. O chefe de manutenção de uma grande companhia aérea norte-americana, um dia antes de sair de férias, identificou a necessidade de troca de uma peça no avião. Deixou um relatório falando sobre isso. Saiu de férias e o avião caiu no outro dia. Ao chegar do período de afastamento foi conversar com a Diretoria e então foi ameaçado de não conseguir emprego em mais nenhuma companhia aérea caso falasse o que havia ocorrido. Ele levou o caso ao FBI. Anos atrás, no Brasil, o programa Fantástico, da Globo, apresentou uma investigação da PF que descobriu muitas oficinas de manutenção de aeronaves de pequeno porte utilizando peças velhas na reposição.

Uma família inteira, de esposos, cunhados, filhos e sogra perderam a vida ontem em um desastre de avião de pequeno porte, com cerca de 25 anos de fabricação. Lembrando que o avião que caiu – ou com um candidato à presidência Eduardo Campos, pai do atual prefeito de Pernambuco ou com o filho do vice-presidente Alckmin, tem uma foto de suas pás caindo em pleno voo. A questão é: de quem é a responsabilidade de fiscalizar as oficinas de manutenção de aeronaves de pequeno porte? Há fiscalização? Por que os laudos das quedas, que demoram uma eternidade para serem feitos, não são publicados? Quais os motivos que impedem a discussão do assunto? Talvez o jornalismo investigativo da Globo possa repetir a reportagem sobre as oficinas, atualizando o assunto. A formação dos pilotos deveria ser também alvo de investigação. Não nos fazendo esquecer a dor dos que partiram. Por negligência e falta de fiscalização. Como os recentes acidentes com veículos nas estradas mal fiscalizadas. Tal como a ponte que caiu causando várias mortes e já apresentava sinais de erosão. Até filmada por um cidadão preocupado e responsável.A dor que atravessa o corpo e o coração dos que perderam seus entes queridos, não parece calar aqueles que são responsáveis pela fiscalização séria dos serviços. Principalmente os que envolvem vidas humanas. (12/2024/luiza)