LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO: emendas - QUEM
RECEBERÁ MAIS?
De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO <luizaccardoso@gmail.com>
Date: dom., 29 de dez. de 2024
Subject: emendas
QUEM RECEBERÁ MAIS?
Assusta, assombra, espanta considerar natural
a venda de nossos votos no Parlamento.
Substituindo o debate democrático, baseado em
valores e na ideia do país que os eleitores
querem. Esta comercialização das relações
políticas assume as feições de uma catástrofe
para o povo e para a nossa democracia. Negando,
em sua propriedade e importância, a função
fiscalizadora constitucional do Parlamento. Se
os Partidos fazem questão de trocar votos por
emendas e cargos na própria estrutura
burocrática da máquina governamental, como
fiscalizar as Políticas governamentais?
Contraditoriamente, importantes projetos são
votados no Congresso, como a Reforma Tributária,
resultados dos esforços de: Bernard Appy, que
dedicou oito anos seguidos ao Projeto; a
apresentação da PEC 45/19 pelo deputado Baleia
Rossi: ao trabalho de sensibilização do Ministro
Haddad e sua equipe e aos parlamentares. Que
realizaram um trabalho exaustivo, de dedicação e
alto nível, através dos debates e a oitiva de
especialistas para aprovação de uma reforma que
o país esperava há 35 anos.
As duas faces de nossa representação. Pois,
no assunto emendas, estão permanentemente
envolvidos em conseguir mais e mais recursos.
Agindo de modo oposto aos requisitos
constitucionais. Pois falta transparência e
sobra obscuridade no trato com os recursos
públicos dos nossos impostos. Além dos
privilégios excessivos com verbas públicas para
a manutenção dos Partidos, que antes eram
mantidos com recursos próprios. Verbas públicas
para as campanhas eleitorais; verba
indenizatória mensal de mais de R$ 100 mil para
manter um número de funcionários que nem cabe
nos gabinetes; e ainda ressarcimento de despesas
com transporte, que podem chegar a R$ 12 mil.
Afinal, o que resta às excelências de trabalho e
empenho na vida partidária, além da promoção
pessoal?
Quanto às emendas parlamentares, seu nome
real é propaganda eleitoral gratuita –
financiada com nosso dinheiro. Como os R$ 53
bilhões previstos para este ano. Envolvidas
muitas vezes em obscuras manobras e objeto de
corrupção. Se for para se referir a importância
das emendas, enquanto recursos enviados pelos
parlamentares para seus redutos eleitorais, não
esqueçamos de alguns aspectos: obras importantes
devem estar no planejamento dos gestores de seus
municípios; as emendas são escolhas pessoais;
muitas vezes desvinculadas de fiscalização ou
fundamentação técnica; não estão relacionadas
diretamente com as necessidades da comunidade,
mas com as necessidades de promoção eleitoral do
parlamentar para aumentar o seu poder político.
Pois, se quisessem, poderiam influir muito mais
em seus contatos com o Poder Executivo.
Alegando, inclusive, o famoso conhecimento de
sua comunidade. O que minimiza ou exclui o
conhecimento da própria comunidade e do gestor.
Lembrando que os recursos para as emendas são
retirados do Orçamento Federal. Não são criados
ou produzidos pelos parlamentares.
Os problemas relacionados às emendas incluem
falta de transparência, impossibilitando: a
identificação dos autores, os resultados, a
fiscalização. Sem possibilidade de
rastreabilidade. Dentro do próprio Parlamento
existem reações contra esta situação. Assim, por
provocação dos Partidos NOVO e PSOL, além da
TRANSPARÊNCIA BRASIL, o Ministro Flávio Dino que
havia determinado certas exigências para
liberação das emendas, resolveu preservar um
total de mais de R$ 4 bilhões que restavam. Uma
forte reação do Congresso foi a resposta. Não
por acaso, o Parlamento brasileiro é o segundo
mais caro do mundo. Atrás somente dos EUA, uma
potência mundial. Com uma estrutura vergonhosa
de gastos para servir aos parlamentares,
impede-se a oxigenação - com mandatos que se
renovam eternamente e lideranças caquéticas. E
verdadeiras monarquias são criadas, com a
proliferação da eleição de filhos, mães,
sobrinhos e o que quer que seja. Precisamos
discutir democracia. E queremos mudanças.
Limites para a renovação dos mandatos. Que
projetos de governo sejam tratados através do
processo democrático, de discussão e
acolhimento, sem se tornarem objeto de comércio.
Esperamos que nossos representantes saibam
legislar ou acabem com as leis arcaicas. E,
principalmente, que fiscalizem as Políticas
Públicas. Sem colocar a mão em nosso dinheiro.
Então, é hora de falarmos na extinção das
emendas parlamentares. (12/2024/luiza) |