Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO: EU E AS BULAS !

De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO <luizaccardoso@gmail.com>
Date: sáb., 25 de jan. de 2025
Subject: bulasEU E AS BULAS !

Sim. Difícil admitir diante do poder e da mágica da medicina e seus representantes, que nos merecem respeito. Porém, experimentar um novo remédio é para mim um exercício enorme para vencer o medo e suas preocupações. Meus cabelos ficam em pé e é com uma certa angústia que começo a leitura das bulas dos remédios prescritos para mim ou os meus. Sabendo das pesquisas para chegar aos efeitos esperados pela droga, da manipulação de seus componentes, dos outros que são colocados para estabilizar as substâncias e que podem ir do talco à cera. E quando você entra em contato com os efeitos colaterais ou as relações com outras drogas? Sinceramente? Começo a me questionar se vale a pena tomá-los.

Um dos remédios que passaram para mim tinha tantos outros remédios a evitar que pensei se sobraria algum da lista. Em geral, a relação de efeitos colaterais vai além do que eu poderia razoavelmente aceitar. Sim, alegam que as indústrias fazem isto para evitar problemas e que o uso continuado do medicamento se desenvolve sem intercorrências. Sinto muito. Não estou convencida. Se na bula estão os efeitos colaterais é porque eles realmente podem acontecer. Quando na menopausa a pressão arterial passou a ser problema, um dos remédios que me passaram trazia na bula a informação de que mais de mil pessoas haviam morrido com ele. Por todos os deuses, seria talvez mais difícil eu morrer da doença. Certamente eu não queria fazer parte daquela estatística.

Sofro de artrose na lombar, um envelhecimento natural dos ligamentos nos ombros e um joelho estropiado do vôlei. É difícil quando vou me levantar da cama pela manhã. E ao sair do banheiro já estou travada e parecendo o corcunda de Notre Dame. Para evitar a dor continuo caminhando assim. Sento na minha poltrona do papai, que deveria ser da mamãe e leio meu jornal. Ao terminar estou melhor e vou para a hidroginástica ou o Pilates. Agora estou no Sarah Lago Norte em fisioterapia. E ontem, pela primeira vez depois de muito tempo, consegui usar uma sandália linda de salto baixo. Mas não consigo fechar nada nas costas, pois os ombros reclamam. No entanto, se estou parada, nada de dores. Então nunca tomei analgésico. Nem quando fissurei duas vértebras. É que a dor somente se apresentava enorme ao levantar da cama e com determinados movimentos.

Com exceção de quando retirei a vesícula. Esperando para ser operada em uma sala enorme e iluminada como em um filme de ficção, vi meu jovem cirurgião e o jovem anestesista conversando calmamente num canto. Chamei meu cirurgião e falei que, caso fosse possível, eu não desejava remédios para prevenir dor ou náusea. A menos que estivesse sentindo, não preventivamente. E como respondo prontamente às menores doses de remédios, eu também solicitava que, se possível, as doses fossem menores. E, se possível, o remédio para dor esperasse para quando eu estivesse desperta da cirurgia. Não cabe explicar os motivos. E também não estranhem a repetição do “se possível”. Estou falando em mudanças de estratégias para um profissional que estudou seis anos e com muito tempo de experiência profissional.

Para minha paz, meu cirurgião concordou e o anestesista vibrou comigo, dizendo que os pacientes em geral querem toneladas de remédios. Então meu cirurgião me afirmou que faria tudo ao seu alcance para a cirurgia transcorrer muito bem. Foi o suficiente para que eu me sentisse calma e confiante. Ele cumpriu o que pedi. E descobri que, pelo menos no meu caso, dói depois da cirurgia. Pedi o analgésico que, segundo a enfermeira, vinha em dose menor como eu solicitara e foi suficiente para eu ficar sem dor. Em seguida, ela trouxe uma injeção enorme com remédio para evitar vômito. Pedi desculpas, mas eu não queria tomar pois estava me sentindo ótima. Ela aceitou tranquilamente e continuei assim até o dia seguinte, quando fui para casa. Algum tempo depois vi uma notícia que não sei se é verdadeira: dietas rigorosas podem causar crises de vesícula e sua extração. Eu fizera por quatro meses uma bem rigorosa, com eliminação de todo carboidrato a não ser a chia. Com a perda de 15 quilos. Que, infelizmente, foram recuperados tempos depois. Como estou mais perto do Triângulo das Bermudas não encontro tanta motivação ou força para começar nova restrição alimentar. Mesmo porque, em matéria de quantidade, não tem muito o que tirar.

Ainda bem que não preciso de muitos remédios, a não ser o de pressão e o que deveria tomar para o colesterol. Mas adoro vitamina C e cápsulas de óleo de alho cru, que é anti-inflamatório e redutor de gordura, além de ser bom nos resfriados. E magnésio por causa das câimbras. Para falar a verdade, gostaria de não ter de tomar nada. A não ser um Martini ou uma caipirinha, que ninguém é de ferro. (01/2025/luiza).

 

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