Theresa Catharina de Góes Campos

 
Odair Goçalves, ex-aluno da Unimep, há 10 anos coordena a assessoria da Prefeitura de Indaiatuba
 
Quase 19% dos formados em jornalismo fazem assessoria de imprensa
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Profissional polivalente
 

Juliana Holanda
Tatiane Camargo

Por exigência do mercado, jornalistas se adaptam cada vez mais aos vários segmentos da comunicação
 

As exigências do mercado de trabalho, cada vez mais competitivo, e o recente desenvolvimento das tecnologias de informação, colocam novos desafios aos profissionais de comunicação, em especial ao jornalista. Apesar das dificuldades, os que se mantêm atualizados e abertos às oportunidades sobrevivem, ganham bons salários e são inclusive disputados pelas empresas do setor.

É preciso ter conhecimentos específicos sobre a atividade e o profissional deve ser capaz de desempenhar funções nas diversas áreas das chamadas mídias tradicionais como jornais, revistas, agências de notícias, emissoras de rádio e televisão, e no conjunto de serviços possibilitado pela Internet.

Mas, se depender só destas mídias, o profissional pode não conseguir emprego. A televisão por assinatura, bancos de imagens, produtoras de vídeo, empresas de clipping, bancos de informação especializada e assessorias de imprensa também fazem parte do mercado e empregam uma porcentagem cada vez maior da categoria.

Como em outras profissões, a área jornalística também enfrenta dificuldades. Excesso de profissionais despejados todos os anos, a banalização da imprensa, entre outras. Para o jornalista econômico do Estado de S. Paulo, Agnaldo Souza de Brito, 35, entretanto, não há problemas, existem desafios. "Os desafios são os mesmos em qualquer área do jornalismo, por isso devemos fazer o melhor sempre".

Brito sempre trabalhou no jornalismo impresso e não pensa em mudar de área. Ele garante que só começou a gostar da profissão quando conseguiu entendê-la. "A possibilidade de conhecer e de dividir esse conhecimento com outras pessoas é algo muito relevante num país tão carente como o Brasil", observa.

Para quem está começando, o jornalista aconselha a não ter pressa: "Ser curioso. Duvidar muito. Não ter preguiça. Questionar sempre. Não ser um 'lambe botas'. Há uma imensidão desse tipo. Não ser é a diferença".

Rubens Queiroz Filho, 45, repórter policial em uma emissora de televisão no interior de São Paulo, há 15 anos na profissão, acredita que o jornalismo é fundamental para a democracia. "Entendo imprensa como sinônimo de jornalismo e jornalismo como elemento fundamental para informação e formação de opinião", comenta.

Outra dica de quem, apesar de jovem, já descobriu o seu espaço é gostar do que se faz. Para o locutor, Igor Saalfeld Jr, 22, que trabalha na Educadora FM, o veículo de comunicação mais antigo do país também é uma boa opção. "Sempre fui viciado em rádio. Meu primeiro trabalho foi aos 16 anos. Aprendi edição de áudio, notas jornalísticas, produção e fazer entrevistas", conta.

Para Igor, o jornalismo, independente da amplitude do veículo de comunicação, é responsável pela formação de opinião de muitas pessoas, por isso o compromisso com verdade e a criatividade são fundamentais para fazer um bom trabalho. "Sucesso é você quem faz", diz.

Remuneração

Em São Paulo, o salário médio dos profissionais de TV, de acordo com o Ministério do Trabalho, está em torno de quatro mil reais, pouco acima da média salarial nos jornais impressos de grande circulação, de três mil e quinhentos reais. E bem maior que a dos radialistas, com a média de mil e quinhentos reais.

Geralmente recebem mais os apresentadores e repórteres do chamado "primeiro time", entre eles os correspondentes estrangeiros e os que fazem os programas e jornais de rede.

De tempos em tempos a imprensa publica que salários astronômicos, entre cem e quinhentos mil reais, são oferecidos por emissoras de TV para atrair profissionais de empresas concorrentes. Mas para Heloisa Pinhatelli, editora chefe do jornal "20 Minutos" em um canal de televisão no interior de São Paulo, dá para contar nos dedos esses profissionais.
Para ela, os pisos salariais na capital e no interior são baixos. "A diferença da capital para o interior é justificável, já que lá os custos são maiores. Ridículo mesmo é o salário para rádio e TV, principalmente de interior. É um absurdo um profissional receber menos do que o valor da mensalidade de qualquer faculdade de jornalismo".

Outro problema, segundo Heloisa, é que após algum tempo de serviço, o mais lógico é que todo profissional seja promovido e acumule novas funções, o que acontece, mas, muitas vezes, o salário continua o mesmo. "Piso é para iniciante e não para profissional experiente.

Ninguém trabalha em uma empresa sem ter a perspectiva de subir na vida. Ninguém faz uma faculdade, cursos de especialização, mestrado e doutorado pra receber piso salarial", reclama.

A profissional deixa claro, por outro lado que salário baixo não pode ser desculpa para deslizes. "Dizem que o jornalista é um fofoqueiro com salário - brinca Heloísa - Em parte eu concordo, mas a diferença do jornalista para o fofoqueiro não é o salário e sim a responsabilidade. A informação é um terreno instável, por isso o repórter deve estar atento à qualquer deslize. Um bom profissional não deve, jamais, divulgar notícia sem tem certeza, fazer matéria favorecendo um único lado e omitir informação. Isso independente do salário, veículo ou função que possui", alerta.

Assessor

Uma das áreas que mais vem crescendo em número de empregos e valor de salários é a de assessoria de imprensa. A atividade implica na prestação de serviços a empresas, instituições e órgãos públicos e privados e enfrenta preconceito por parte de muitos profissionais da área. Alguns são categóricos e dizem que assessoria de imprensa não é jornalismo.

Apesar disto, os jornalistas que atuam neste campo utilizam ferramentas jornalísticas para realizar o seu trabalho, pois trabalham com pautas, apuração, coleta e sistematização de informações. Também produzem boletins, jornais e releases (matérias jornalísticas enviadas à imprensa) para divulgar as ações do seu assessorado.

Para o assessor de imprensa da prefeitura de Indaiatuba, Odair Gonçalves, o assessor pode ser um jornalista. "Há algum tempo, as empresas e a própria administração pública utilizavam gerentes de RH ou publicitários para a função. Entretanto, o tempo está mostrando que para lidar com a imprensa, nada mais eficaz que um profissional da área".

Odair é formado em Ciências e Letras, Direito e Jornalismo. Já trabalhou em rádios em São Paulo e assumiu a função de editor em um jornal impresso. Em sua opinião, tanto os profissionais que atuam em veículos de comunicação, como jornalistas, quanto os que trabalham em empresas, fazendo assessoria, devem se respeitar e, queira ou não, um precisa do outro. "Assessor de imprensa e jornalista, desde que sejam bons profissionais, éticos, e pautados pela verdade, são iguais", diz.

"Uma assessoria profissional não fica pintando o seu assessorado de ouro. Hoje a notícia verdadeira tem muito valor ganham credibilidade dos profissionais que usam o expediente da verdade", afirma. Quase 19% dos profissionais formados em jornalismo trabalham como assessores de imprensa.

Fotos: Caio Florentino e Juliana Holanda

 

 

 

Jornalismo com ética e solidariedade.