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Profissional polivalente
Juliana Holanda
Tatiane Camargo
Por exigência do mercado,
jornalistas se adaptam cada vez mais
aos vários segmentos da comunicação
As exigências do mercado de
trabalho, cada vez mais competitivo,
e o recente desenvolvimento das
tecnologias de informação, colocam
novos desafios aos profissionais de
comunicação, em especial ao
jornalista. Apesar das dificuldades,
os que se mantêm atualizados e
abertos às oportunidades sobrevivem,
ganham bons salários e são inclusive
disputados pelas empresas do setor.
É preciso ter conhecimentos
específicos sobre a atividade e o
profissional deve ser capaz de
desempenhar funções nas diversas
áreas das chamadas mídias
tradicionais como jornais, revistas,
agências de notícias, emissoras de
rádio e televisão, e no conjunto de
serviços possibilitado pela
Internet.
Mas, se depender só destas mídias, o
profissional pode não conseguir
emprego. A televisão por assinatura,
bancos de imagens, produtoras de
vídeo, empresas de clipping, bancos
de informação especializada e
assessorias de imprensa também fazem
parte do mercado e empregam uma
porcentagem cada vez maior da
categoria.
Como em outras profissões, a área
jornalística também enfrenta
dificuldades. Excesso de
profissionais despejados todos os
anos, a banalização da imprensa,
entre outras. Para o jornalista
econômico do Estado de S. Paulo,
Agnaldo Souza de Brito, 35,
entretanto, não há problemas,
existem desafios. "Os desafios são
os mesmos em qualquer área do
jornalismo, por isso devemos fazer o
melhor sempre".
Brito sempre trabalhou no jornalismo
impresso e não pensa em mudar de
área. Ele garante que só começou a
gostar da profissão quando conseguiu
entendê-la. "A possibilidade de
conhecer e de dividir esse
conhecimento com outras pessoas é
algo muito relevante num país tão
carente como o Brasil", observa.
Para quem está começando, o
jornalista aconselha a não ter
pressa: "Ser curioso. Duvidar muito.
Não ter preguiça. Questionar sempre.
Não ser um 'lambe botas'. Há uma
imensidão desse tipo. Não ser é a
diferença".
Rubens Queiroz Filho, 45, repórter
policial em uma emissora de
televisão no interior de São Paulo,
há 15 anos na profissão, acredita
que o jornalismo é fundamental para
a democracia. "Entendo imprensa como
sinônimo de jornalismo e jornalismo
como elemento fundamental para
informação e formação de opinião",
comenta.
Outra dica de quem, apesar de jovem,
já descobriu o seu espaço é gostar
do que se faz. Para o locutor, Igor
Saalfeld Jr, 22, que trabalha na
Educadora FM, o veículo de
comunicação mais antigo do país
também é uma boa opção. "Sempre fui
viciado em rádio. Meu primeiro
trabalho foi aos 16 anos. Aprendi
edição de áudio, notas
jornalísticas, produção e fazer
entrevistas", conta.
Para Igor, o jornalismo,
independente da amplitude do veículo
de comunicação, é responsável pela
formação de opinião de muitas
pessoas, por isso o compromisso com
verdade e a criatividade são
fundamentais para fazer um bom
trabalho. "Sucesso é você quem faz",
diz.
Remuneração
Em São Paulo, o salário médio dos
profissionais de TV, de acordo com o
Ministério do Trabalho, está em
torno de quatro mil reais, pouco
acima da média salarial nos jornais
impressos de grande circulação, de
três mil e quinhentos reais. E bem
maior que a dos radialistas, com a
média de mil e quinhentos reais.
Geralmente recebem mais os
apresentadores e repórteres do
chamado "primeiro time", entre eles
os correspondentes estrangeiros e os
que fazem os programas e jornais de
rede.
De tempos em tempos a imprensa
publica que salários astronômicos,
entre cem e quinhentos mil reais,
são oferecidos por emissoras de TV
para atrair profissionais de
empresas concorrentes. Mas para
Heloisa Pinhatelli, editora chefe do
jornal "20 Minutos" em um canal de
televisão no interior de São Paulo,
dá para contar nos dedos esses
profissionais.
Para ela, os pisos salariais na
capital e no interior são baixos. "A
diferença da capital para o interior
é justificável, já que lá os custos
são maiores. Ridículo mesmo é o
salário para rádio e TV,
principalmente de interior. É um
absurdo um profissional receber
menos do que o valor da mensalidade
de qualquer faculdade de
jornalismo".
Outro problema, segundo Heloisa, é
que após algum tempo de serviço, o
mais lógico é que todo profissional
seja promovido e acumule novas
funções, o que acontece, mas, muitas
vezes, o salário continua o mesmo.
"Piso é para iniciante e não para
profissional experiente.
Ninguém trabalha em uma empresa sem
ter a perspectiva de subir na vida.
Ninguém faz uma faculdade, cursos de
especialização, mestrado e doutorado
pra receber piso salarial", reclama.
A profissional deixa claro, por
outro lado que salário baixo não
pode ser desculpa para deslizes.
"Dizem que o jornalista é um
fofoqueiro com salário - brinca
Heloísa - Em parte eu concordo, mas
a diferença do jornalista para o
fofoqueiro não é o salário e sim a
responsabilidade. A informação é um
terreno instável, por isso o
repórter deve estar atento à
qualquer deslize. Um bom
profissional não deve, jamais,
divulgar notícia sem tem certeza,
fazer matéria favorecendo um único
lado e omitir informação. Isso
independente do salário, veículo ou
função que possui", alerta.
Assessor
Uma das áreas que mais vem crescendo
em número de empregos e valor de
salários é a de assessoria de
imprensa. A atividade implica na
prestação de serviços a empresas,
instituições e órgãos públicos e
privados e enfrenta preconceito por
parte de muitos profissionais da
área. Alguns são categóricos e dizem
que assessoria de imprensa não é
jornalismo.
Apesar disto, os jornalistas que
atuam neste campo utilizam
ferramentas jornalísticas para
realizar o seu trabalho, pois
trabalham com pautas, apuração,
coleta e sistematização de
informações. Também produzem
boletins, jornais e releases
(matérias jornalísticas enviadas à
imprensa) para divulgar as ações do
seu assessorado.
Para o assessor de imprensa da
prefeitura de Indaiatuba, Odair
Gonçalves, o assessor pode ser um
jornalista. "Há algum tempo, as
empresas e a própria administração
pública utilizavam gerentes de RH ou
publicitários para a função.
Entretanto, o tempo está mostrando
que para lidar com a imprensa, nada
mais eficaz que um profissional da
área".
Odair é formado em Ciências e
Letras, Direito e Jornalismo. Já
trabalhou em rádios em São Paulo e
assumiu a função de editor em um
jornal impresso. Em sua opinião,
tanto os profissionais que atuam em
veículos de comunicação, como
jornalistas, quanto os que trabalham
em empresas, fazendo assessoria,
devem se respeitar e, queira ou não,
um precisa do outro. "Assessor de
imprensa e jornalista, desde que
sejam bons profissionais, éticos, e
pautados pela verdade, são iguais",
diz.
"Uma assessoria profissional não
fica pintando o seu assessorado de
ouro. Hoje a notícia verdadeira tem
muito valor ganham credibilidade dos
profissionais que usam o expediente
da verdade", afirma. Quase 19% dos
profissionais formados em jornalismo
trabalham como assessores de
imprensa.
Fotos: Caio
Florentino e Juliana Holanda
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