Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
Reynaldo Domingos Ferreira recomenda artigo de Aylê-Salassié Quintão: CHANTAGENS  INCONFESSAS  PELA PAZ

 

 

De: Reynaldo Ferreira <reydferreira@gmail.com>
Date: qua., 5 de mar. de 2025 
Subject: Fwd: Paz sob chantagens
 
Repassando: Belo comentário do Jornalista e professor Aylê-Salassié Quintão sobre o encontro dos presidentes Trump, dos EUA, e Zelensky, da Ucrânia, no Salão Oval da Casa Branca.
 
CHANTAGENS  INCONFESSAS  PELA PAZ
 
Aylê-Salassié Filgueiras Quintão*
 
A impressão tirada de  toda aquela retórica de Donald Trump na conversa com Zelenski no Salão Oval da Casa Branca, defendendo a Rússia contra a Ucrânia, e  que assustou  americanos, e europeus,  tem  propósitos inconfessos, entre outros, o  de   trazer os russos para uma aliança preventiva contra  a possibilidade  de um 
conflito com a  China. Em segundo  lugar, despertar a  Europa para essa onerosa tutoria militar dos Estados Unidos,  denunciada por Trump, e o vice-presidente Vance - "Não vamos ficar ali por muito tempo", sugerindo que os governos europeus devem   criar  o seu próprio escudo de segurança, sem depender dos EUA. A Finlândia, nas portas da Rússia, foi a primeira a se posicionar.  
 
  A Rússia  está, teoricamente,  cedendo às manifestações de  Trump para conseguir reafirmar como verdadeiras   suas  teses ambíguas,  reproduzidas  pela militância marxista leninista no mundo, e testadas  na invasão de uma Ucrânia democrática.   Sem a ajuda dos EUA ou da China, a Rússia tende a fracassar nos seus intentos protecionistas. Embora se pregue  que o PIB russo está crescendo. Sua  economia vem  tendo  perdas   
monumentais  no campo de batalha e, com as sanções impostas por governos de países capitalistas ocidentais, 
que impedem a  locomoção de alguns de seus líderes pelo mundo,  embargam a venda de armas , petróleo e gás, 
têm congelados  os ativos financeiros    depositados no Ocidente. Suas reservas monetárias  estão  imobilizadas  
nos EUA e na Inglaterra. Seus cientistas estão  participando,  nos EUA, de projetos espaciais (não se sabe se militares) conjuntos. 

 
Mesmo assim, a Rússia  achou que seria fácil  invadir e tomar a  Ucrânia . Por meio de  acordos  de boa vizinhança 
e segurança  mútua,  no passado, conseguiu desmilitarizar  os países fronteiriços,  fragilizando  soberanias nacionais no seu entorno.  Escaldada, contudo,  com as  invasões russas históricas em  países fronteiriços,  como  a Hungria, a Polônia e a Tchecoslováquia e , mais recente a Chechênia e a Geórgia, a Ucrânia foi buscar apoio  na OTAN- Organização do Tratado do Atlântico Norte ( segurança da Europa) , sobretudo depois da tomada à força da Criméia  e de parte da região de Donbass.  Com Putin, um autocrata frustrado com o fim da URSS,  os acordos de vizinhança deixaram de ser confiáveis.    

 
Desse cenário de guerras permanentes no  Leste Europeu , surgiu, nos EUA, essa figura  excêntrica de Donald Trump e mais alguns companheiros líderes de fortunas pessoais  que, confundindo o público e o privado,   
prometem fazer a "América great  again". Trump atemoriza  aos próprios aliados com suas decisões extemporâneas, destinadas a  reduzir o déficit  econômico dos EUA, o que leva o importante economista de Harvard ,   Jeffrey Sachs, a concluir que  "ser aliado  dos EUA é perigoso, e ser amigo é fatal". O  bordão conduzido por Donald Trump  é algo que vai , portanto, além  dos propósitos democráticos da multilateralidade.  Alça a si mesmo à condição de  "xerife do mundo", na presunção de  poder  conduzir a paz entre Rússia e Ucrânia. Pelo insucesso na conversa com Zelenski, a quem quis impor um acordo draconiano com os russos, afirmou que vai retirar a ajuda militar e financeira à Ucrânia.  

 
Suas bravatas só não assustam a China, que permanece silenciosa no seu canto, concentrada na absorção e  desenvolvimento de tecnologias  inovadoras, levadas por empresas europeias e norte-americanas atraídas  pela  
mão de obra barata. Segundo dados do Brics - grupo de países do Hemisfério Sul  -  a China    já lidera 47% da produção e   do mercado consumidor mundial em 37% do PIB . Junto com  Indonésia , Nigéria , Irã , Arábia Saudita chega a mais de  57%    da população mundial.   Os chineses estão investindo  volumosos recursos em muitos países. Para o  Brasil teriam desenvolvido, entre outros,  o projeto de construção de uma cidade futurista na Paraíba  com investimentos da ordem de R$ 9 trilhões em um único município,  Mataraca, um PIB brasileiro: US$ 2,2 trilhões  https://www.youtube.com/watch?v=-wGx3_rFef8).  

 
Ao contrário da China, com sua política  de contrapartida,  "os EUA estariam  emitindo  sinais  para que o resto do mundo caia no colo da China" ,  observou, sob reserva,  um analista diplomático credenciado.  As ameaças tarifárias de Trump contra os produtos chineses levou  Xi Jinping a adotar o mesmo tratamento para os produtos norte-americanos. Os produtos vão encarecer. Atacado por Trump por gozar de tarifas especiais nas compras nos EUA, o Canadá abriu seu mercado para os carros elétricos europeus. O México fará a mesma coisa. " O perigo  é que ninguém cai sem sair atirando", ponderou  o analista. 

 
Enquanto isso, Trump insiste em continuar distribuindo ameaças , numa tentativa de chantagem pela    paz, diante 
de uma guerra que já assassinou mais de um milhão de civis tanto na Rússia quanto na Ucrânia.  De acordo com  Trump, Putin está disposto a fazer a paz, desde que ele receba o aval para permanecer nos territórios invadidos . 
Na interpretação do Presidente norte-americano: " Esse cara (Zelenski) não vai parar a guerra enquanto os EUA estiverem fornecendo-lhe armas". A resposta de Zelenski é a de que assinaria um acordo de cessação da guerra 
desde que tivesse a garantia da segurança para seu país.  Ele não confia em Putin, que já invadiu a Ucrânia duas a três vezes: "Ele não cumpre  acordos".  Trump disse que ele  pessoalmente seria a garantia. Mas,  nessa altura  nem Putin, nem Trump  parecem confiáveis.  França e Inglaterra estão dispostas a manter a ajuda à Ucrânia, até com artefatos nucleares. São países que estão, contudo,  sempre no foco da  beligerância de Putin.

 
Trump já anunciou que vai deixar a OTAN  e que  pretende repatriar   80 mil homens sediados na Europa. 
"Eles que cuidem de si". Nessa semana  os países europeus voltam a se reunir para dar legitimidade à   disponibilidade de 800 milhões de euros para sua segurança, e mais  100 milhões de ajuda à Ucrânia. 
O propósito é alcançar,  pelo menos, 4% do  PIB  com gastos em segurança   e adotar novas medidas substitutivas 
de qualquer dependência russa, inclusive  o petróleo e o gás , que continuam chegando à Europa via países   associados da OPEP - Organização Mundial dos Exportadores de Petróleo .  A Europa não quer mais viver sob o tacão de chantagens políticas e econômicas. O certo é que o cenário está poluído por notícias e estatísticas "fakes",  bem como versões ideologizadas , "ainda!!!". 
 
* Jornalista e professor.
 
Cordialmente, Aylê-Salassié  http://spaces.msn.com/ayleq
 

Jornalismo com ética e solidariedade.