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LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO: NOSSA INSENSATEZ !

De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO <luizaccardoso@gmail.com>
Date: qui., 6 de mar. de 2025
Subject: Insensatez
NOSSA INSENSATEZ!
Criar um número excessivo de Ministérios,
inchando a pesada e paquidérmica máquina pública
é uma insensatez. Principalmente, porque os
objetivos não são, evidentemente, a eficiência
ou a eficácia dos serviços prestados à
população. Mas ao atendimento das reivindicações
de poder pelos Partidos. Assim, a harmonia e,
principalmente, a independência entre os poderes
da República, se tornam letra morta dos ditames
constitucionais. Situação criada pelos mesmos
representantes eleitos pelo povo para garantir o
bem-estar social e a equidade. No entanto,
enquanto não melhorarmos a qualidade de nossos
votos, estaremos cercados pela corrupção, pela
ganância e pelo parasitismo político. E a
máquina estatal continuará com sérios problemas,
a depender dos interesses dos grupos no poder.
No Brasil de hoje temos Ministérios para
qualquer gosto. Criamos um especificamente para
as mulheres. Por todos os deuses! Temos o da
Igualdade Social, Povos Indígenas, Turismo,
Pesca e Agricultura Familiar, Direitos Humanos e
Cidadania. No Ministério da Justiça uma
Secretaria poderia cuidar de alguns dos acima
citados. Ministério da Pesca? Ou seja, troca-se
a eficiência da máquina pública por uma
fragmentação que inclui excesso de pessoal e
recursos. Que são insuficientes, pois
obrigatoriamente distribuídos em um número
incalculável de setores e programas. Tem
Ministério com um orçamento anual de menos de 3
milhões. O que significa uma ínfima parte
(0,00566%) do gasto previsto para 2024 com as
emendas parlamentares, cujo valor total foi de
R$ 53 bilhões.
Nossa situação político administrativa sugere
que vivemos sob a pata do Legislativo? O poder
do Presidente do país para administrar, de modo
a responder às necessidades de seus cidadãos, se
encontra sob o comando do Congresso. Que não
sendo o gestor dos recursos públicos, aumentou
consideravelmente seu poder no Orçamento
Federal. Pretendendo aumentar o valor que lhe
cabe este ano. Além de comercializar as relações
políticas. Portanto, não se trata de convergir
em visões do país que se deseja ter. Não se
trata do debate democrático ativo, vibrante, na
qual as ideias se encontram para chegar a um
mínimo denominador comum, na votação dos
projetos governamentais. O que significaria o
melhor para nos tornarmos um país rico e
socialmente justo.
Não! Não é disso que se trata! Os jornais nos
informam que os parlamentares agora nem estão
mais tão interessados nos cargos na burocracia
governamental. O que é bem estranho, mas talvez
tenha relação com as próximas eleições
presidenciais. Para as quais, em matéria de
adesão, todo cuidado é pouco. O fato é que agora
colocam a liberação das emendas como condição
essencial para a discussão dos projetos de
governo. Por todos os deuses! Claramente somos
informados que as votações no Congresso dependem
da chantagem comercial. E que o Congresso
funciona na base do dinheiro das emendas. Que
deveriam ser extintas. Não é cabível,
compreensível ou moralmente aceitável que nossos
recursos financiem decisões individuais ligadas
à promoção do parlamentar. Não é função do
Legislativo
No entanto, como sociedade, perdemos a coragem
de reagir. Coletivamente, esquecemos a nossa
força. E nos submetemos facilmente ao poder da
burocracia e aos desejos espúrios do
Legislativo, quando bradam por dinheiro dos
contribuintes para promoção pessoal. E
multiplicam privilégios, Fundos, verbas
indenizatórias e emendas. Enquanto, por outro
lado, poucos governantes no Brasil de hoje
apresentam aceitação majoritária da população
pela eficácia de suas Políticas Públicas.
Ainda estamos, como afirma Faoro, sob o abraço
lusitano que em lugar da renovação nos mantém
com “velhos quadros e instituições anacrônicas”,
gerando uma civilização marcada pela veleidade?
Esta vontade imperfeita, hesitante, “a claridade
opaca, a luz coada por um vidro fosco, figura
vaga e transparente, trajada de névoas, tocada
de reflexos, sem contornos, sombra que ambula
entre as sombras, ser e não ser, ir e não ir, a
indefinição das formas e da vontade criadora.”
(Os Donos do Poder, Raymundo Faoro - Volume 2)
03/2025/Luiza. |
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