OS SESSENTA ANOS DO
BANCO CENTRAL DO
BRASIL
Para o jornal "O
Estado de S. Paulo
". eu cobria os
trabalhos do Palácio
do Planalto, no
governo do general
Humberto Castelo
Branco (1964-1968),
quando, numa manhã,
a Secretaria de
Imprensa divulgou
uma série de atos
presidenciais, como
vinha fazendo
diariamente, desde o
início do governo,
entre os quais o
projeto de lei, que
aprovado,
posteriormente,
pelo Congresso
Nacional, ganharia o
número 4595/64, o
qual criava o Banco
Central do Brasil -
BACEN -, instituía
a reforma bancária e
o Conselho Monetário
Nacional - CMN.
O projeto era
apresentado por
longa exposição de
motivos, assinada
pelo economista
Denio Chagas
Nogueira
(1920-1997), ex-
diretor executivo da
Superintendência da
Moeda e do Crédito -
SUMOC -, criação de
Octávio Gouvêa
Bulhões (1906-1990),
que, naquela
oportunidade, era o
ministro da Fazenda.
Destacava-se, então,
a propósito, que,
até aquela data, o
Brasil era o único
país da América
Latina, que não
possuía um Banco
Central. Criado o
BACEN, Denio
Nogueira
tornar-se-ia o
primeiro presidente
da instituição
(1965-1967). Vale a
pena aqui lembrar,
portanto, algumas
considerações feitas
por Nogueira sobre o
projeto de criação
da Banco Central do
Brasil, por ele
elaborado:
" Filosoficamente, o
Banco Central que se
criou foi exatamente
um reflexo das
ideias que eu vinha
defendendo. Foramm
feitas pequenas
adaptações, que no
entanto, lhe
conferiram poderes
maiores do que eu
jamais ousaria
sonhar. Porque
antes, como eu
queria convencer o
maior número
possível da
necessidade de um
banco central ,
talvez tivesse sido
um pouco mais
cauteloso em
defender sua
independência do que
fui no projeto que
propus e que afinal
foi transformada em
lei após receber
emendas do Congresso
Nacional. (...) Tive
que correr o risco
de fazer do Banco
Central também um
banco de fomento
porque não confiava
no BB e no BNDE, uma
vez que ambos viviam
implorando que os
liberasse da
cláusula da correção
monetária na
concessão de
empréstimos a seus
mutuários (.... )
Gostaria ainda de
deixar registrado o
meu orgulho pessoal
de ter conseguido
criar o Banco
Central do Brasil ".
Ao redigir, naquela
manhã ensolarada, a
matéria, a ser
transmitida, de
imediato, por telex,
para a redação do
jornal, em São
Paulo, repetindo
Ngueira, " eu jamais
ousaria sonhar ",
que, ao início da
década de 1980, o
meu nome seria
indicado pelos
jornalistas, que
cobriam o setor
econômico, para ser
o Assessor de
Imprensa do Banco
Central do Brasil,
na gestão de seu
novo presidente,
Carlos Geraldo
Langoni (1944-
2021), ex-Diretor da
Área Bancária.
Langoni foi sempre,
como poucos homens
públicos, que
conheci, grande
admirador e defensor
do trabalho dos
jornalistas, que
cobriam o Bacen,
razão pela qual
exigia que eu, além
de participar, como
qualquer um de seus
assessores técnicos,
das reuniões do
Conselho Monetári
Nacional, integrasse
também suas
comitivas, para
participar das
reuniões anuais do
FMI, do BIRD e do
BID, as quais se
realizaram, durante
sua gestão, na
Colômbia, na
Alemanha Ocidental,
no Gabão e na
Finlândia.
Em relação à questão
da dívida externa -
ao nível, na época,
mais ou menos, de 3
bilhões de dólares,
impagável, na
opinião de muitos,
principalmente ante
a crise cambial,
desencadeada, em
setembro de1982,
pela moratória,
pedida pelo México,
a qual provocou
total retração dos
bancos credores,
todos privados, da
dívida brasileira -
, Langoni foi, sem
dúvida, um hábil e
bravo negociador,
junto ao FMI, ao
BIRD, e ao Clube de
Paris.
Foi ele também -
cujo nome dá hoje ao
edifício-sede do
Banco Central do
Brasil - quem
defendeu a ideia da
criação de um fundo
com recursos dos
países desenvolvidos
para cobrir
flutuações dos juros
de curtos prazos,
face aos de longo
prazo, proposta esta
que, no âmbito
internacional,
recebeu a
denominação de
Interest Rate
Facility. Mas o seu
grande sonho, posso
dizer,
lamentavelmente, não
concretizado -
acredito que tenha
deixado o esboço de
um projeto, neste
sentido -, era a
transformação do Rio
de Janeiro em um
Centro Financeiro
Internacional (
paraíso fiscal ) ,
nos moldes da Cidade
do Panamá.
Depois de Carlos
Langoni, fui também
Assessor de Imprensa
nas gestões de
Fernão Carlos
Botelho Bracher
(1935-2019 ),
Fernando Milliet de
Oliveira (1942),
Francisco Gros (1942
- 2010), e Gustavo
Laboissière Loyola
(1952 ). Enfim,
repetindo, uma vez
mais, Dênio
Nogueira," gostaria
de deixar aqui
registrado o meu
orgulho pessoal ",
de haver prestado ,
como jornalista,
minha modesta
colaboracão ao Banco
Central do Brasil -
BACEN - , que nesta
data, de 2 de abril,
de 2025, completa 60
anos de magníficos
servicos prestados
ao país, no controle
de seu sistema
financeiro, na
elaboração do
balanço de
pagamentos e na
condução da politica
monetária, visando o
combate à inflação,
injusto imposto que
pesa hoje
enormemente sobre as
costas do povo
brasileiro.
Parabéns, Banco
Central do Brasil,
presidido
atualmente, pelo
economista Gabriel
Galípolo (1982),
ex-Diretor de
Política Monetáriia
do BACEN.
R.D.F.
-----------
Gustavo Franco,
Gustavo Loyola,
Pedro Malan, Wadico
Bucchi, Alexandre
Tombini, Armínio
Fraga, Henrique
Meirelles e Ilan
Goldfajn participam.
Leia no Poder360.
BC chama Campos
Neto e outros
ex-presidentes
para celebrar 60
anos...