Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
 Reynaldo  Domingos Ferreira: 
 
OS SESSENTA ANOS DO BANCO CENTRAL DO BRASIL
 

 
De: Reynaldo Ferreira <reydferreira@gmail.com>
Date: qua., 2 de abr. de 2025 
 
OS SESSENTA  ANOS DO BANCO CENTRAL DO BRASIL
 
Para o jornal "O Estado de S. Paulo ". eu cobria os trabalhos do Palácio do Planalto, no governo do general Humberto Castelo Branco (1964-1968), quando, numa manhã, a Secretaria de Imprensa divulgou uma série de atos presidenciais, como vinha fazendo diariamente, desde o início do governo, entre os quais o projeto de lei,  que aprovado, posteriormente,  pelo Congresso Nacional, ganharia o número 4595/64, o qual criava o Banco Central do Brasil - BACEN -,  instituía a reforma bancária e o Conselho Monetário Nacional - CMN.

 
O projeto era apresentado por longa exposição de motivos, assinada pelo economista Denio Chagas Nogueira (1920-1997), ex- diretor executivo da Superintendência da Moeda e do Crédito - SUMOC -, criação de Octávio Gouvêa Bulhões (1906-1990), que, naquela oportunidade, era o ministro da Fazenda. Destacava-se, então, a propósito, que, até aquela data, o Brasil era o único país da América Latina, que não possuía um Banco Central. Criado o BACEN, Denio Nogueira tornar-se-ia o primeiro presidente da instituição (1965-1967).  Vale a pena aqui lembrar, portanto, algumas considerações feitas por Nogueira sobre o projeto de criação da Banco Central do Brasil, por ele elaborado:

 
" Filosoficamente, o Banco Central que se criou foi exatamente um reflexo das ideias que eu vinha defendendo. Foramm feitas pequenas adaptações, que no entanto, lhe conferiram poderes maiores do que eu jamais ousaria sonhar. Porque antes, como eu queria convencer o maior número possível  da necessidade de um banco central , talvez tivesse sido um pouco mais cauteloso em defender sua independência do que fui no projeto que propus e que afinal foi transformada em lei após receber emendas do Congresso Nacional. (...) Tive que correr o risco de fazer do Banco Central também um banco de fomento porque não confiava no BB e no BNDE, uma vez que ambos viviam implorando que os liberasse da cláusula da correção monetária na concessão de empréstimos a seus mutuários  (.... )  Gostaria ainda de deixar registrado o meu orgulho pessoal de ter conseguido criar o Banco Central do Brasil ".

 
Ao redigir, naquela manhã ensolarada,  a matéria, a ser transmitida, de imediato, por telex, para a redação do jornal, em São Paulo, repetindo Ngueira, " eu jamais ousaria sonhar ", que, ao início da década de 1980, o meu nome seria indicado pelos jornalistas, que cobriam o setor econômico, para ser o Assessor de Imprensa do Banco Central do Brasil, na gestão de seu novo presidente, Carlos Geraldo Langoni (1944- 2021), ex-Diretor da Área Bancária. Langoni foi sempre, como poucos homens públicos, que conheci, grande admirador e defensor do trabalho dos jornalistas, que cobriam o Bacen, razão pela qual exigia que eu, além de participar, como qualquer um de seus assessores técnicos, das reuniões do Conselho Monetári Nacional, integrasse também suas comitivas, para participar das reuniões anuais do FMI, do BIRD e do BID, as quais se realizaram, durante sua gestão, na Colômbia, na Alemanha Ocidental, no Gabão e na Finlândia. 

 
Em relação à questão da dívida externa - ao nível, na época, mais ou menos, de 3 bilhões de dólares, impagável, na opinião de muitos, principalmente ante a crise cambial, desencadeada, em setembro de1982, pela moratória, pedida pelo México, a qual provocou total retração dos bancos credores, todos privados, da dívida brasileira - , Langoni foi, sem dúvida, um hábil e bravo negociador, junto ao FMI, ao BIRD, e ao Clube de Paris. 

 
Foi ele também - cujo nome dá hoje ao edifício-sede do Banco Central do Brasil - quem defendeu a ideia da criação de um fundo com recursos dos países desenvolvidos para cobrir flutuações dos juros de curtos prazos, face aos de longo prazo, proposta esta que, no âmbito internacional, recebeu a denominação  de Interest Rate Facility. Mas o seu grande sonho, posso dizer, lamentavelmente, não concretizado - acredito que tenha deixado o esboço de um projeto, neste sentido -, era a transformação do Rio de Janeiro em um Centro Financeiro Internacional ( paraíso fiscal ) , nos moldes da Cidade do Panamá.

 
Depois de Carlos Langoni, fui também Assessor de Imprensa nas gestões de Fernão Carlos Botelho Bracher (1935-2019 ), Fernando Milliet de Oliveira  (1942), Francisco Gros (1942 - 2010), e Gustavo Laboissière Loyola (1952 ). Enfim, repetindo, uma vez mais, Dênio Nogueira," gostaria de deixar aqui registrado o meu orgulho pessoal ", de haver prestado , como jornalista, minha modesta colaboracão ao Banco Central do Brasil -  BACEN - , que nesta data, de 2 de abril, de 2025, completa 60 anos de magníficos servicos prestados ao país, no controle de seu  sistema financeiro, na elaboração do balanço de pagamentos e na condução da politica monetária, visando o combate à inflação, injusto imposto que pesa hoje enormemente sobre as costas do povo brasileiro. Parabéns, Banco Central do Brasil, presidido atualmente, pelo economista Gabriel Galípolo (1982), ex-Diretor de Política Monetáriia do BACEN. 
R.D.F.
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Gustavo Franco, Gustavo Loyola, Pedro Malan, Wadico Bucchi, Alexandre Tombini, Armínio Fraga, Henrique Meirelles e Ilan Goldfajn participam. Leia no Poder360.

 
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