Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO: A corrupção estruturada e dinamicamente organizada


De: LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO <luizaccardoso@gmail.com>
Date: qui., 24 de abr. de 2025
Subject: corrupção

DESENGANO!

Nós, brasileiros, de uma certa maneira somos muito criativos. Vejam vocês, o pessoal inventou uma nova utilidade para a cueca. Passou de uma roupa intima para acolher secretos pendores para se transformar em cofre. Diga-se de passagem, em ocasiões mais perigosas, como o intuito de fugir de uma investigação da nossa Polícia Federal. Em outras ocasiões, as malas, antes destinadas a guardar roupas, é agora utilizada para se encher de dinheiro. Seria cômico, se não fosse trágico, o fato destas artimanhas estarem diretamente ligadas à corrupção. Como tragédia agora estoura o escândalo dos descontos indevidos nos salários diminutos dos aposentados, para enriquecimento dos ladrões em um total de R$ 6.3 bilhões. Dinheiro retirado das contas dos aposentados para Associações de classe, sindicatos e outras, através de acordos de cooperação entre estas empresas e o INSS. E mais – a CGU (Controladoria Geral da União) em suas auditorias descobriu a “ausência de documentação obrigatória em 70% das entidades conveniadas e a inexistência de estrutura para prestar os serviços oferecidos”. As apurações das fraudes pela CGU foram realizadas com 1.800 aposentados. (Correio Braziliense, 24 de abril, 2025)

Tem mais: na primeira investigação realizada pelo CGU, o INSS não cumpriu as regras de segurança sugeridas. E ainda, para a incompetência ilimitada ou a provável conivência da Presidência do órgão e chefias, não pareceu nada significativo o crescimento anormal de mais de 150% de associados destas entidades em dois anos. Assim como passou “despercebido” o fato de que uma significativa parte delas apresentavam incompleta a documentação exigida. Os fatos, portanto, para quem tem um mínimo de raciocínio lógico, apontam para um sistema estruturado de corrupção chefiado pelas autoridades máximas do INSS e servidores

Grande parte do problema, a corrupção estruturada e dinamicamente organizada, parece estar ligada ao processo de governabilidade nacional, cujo baixo nível da política nacional, ignorando princípios partidários e éticos, chantageia a adesão a projetos de governo por cargos ou liberação de emendas. Comprovando, à exceção de determinadas áreas, a falta de compromisso do governo com a escolha de dirigentes com conhecimento específico, honesto e sem submissão partidária. Assim, a governabilidade no Brasil depende diretamente da troca de privilégios: cargos ou dinheiro das emendas. Conscientemente ignorado o debate das ideias, o compromisso político com o eleitor, o dever como cidadão, a ética. Excluído um dos princípios da verdadeira democracia - a independência entre os Poderes. Tudo tratado com uma naturalidade cínica.

São R$ 53 bilhões para as emendas este ano, distribuídos por decisão pessoal- propaganda eleitoral gratuita porque financiada com o dinheiro de nossos impostos, em parte sem fiscalização ou identificação do autor. Sendo que o total que pagamos por elas é muito maior do que o dispêndio de muitas Políticas Públicas em favor da população desprivilegiada. A substancial essência antidemocrática das emendas parlamentares inclui, segundo a Transparência Internacional de maio de 2024: a feudalização da política através dos recursos do Orçamento Secreto, com a eleição de grupos de políticos já estabelecidos e que controlam a maior fatia do Orçamento da União destinada às emendas. Caracterizando o poder político e econômico e o abuso deste poder desequilibrando as disputas eleitorais locais, “interferindo com o direito do eleitor de formar convencimento livre.” Além de ser o suporte da perversa distorção da reeleição ilimitada dos mandatos.

Acrescente-se a falta de transparência, o aumento substancial do valor apropriado pelos parlamentares e a corrupção, facilitada pelas transferências especiais como as emendas Pix! Em junho de 2024, segundo a Transparência Internacional, a Procuradoria Geral da República (PGR) protocolou 13 investigações por irregularidades nas emendas; em setembro, 3 deputados foram considerados participantes de organização criminosa; em dezembro, a Polícia Federal, na Operação Overclean, descobriu um desvio de R$ 14 bilhões em emendas parlamentares para o DENOCS da Bahia – órgão contra a seca no sertão. E hoje o Supremo Tribunal Federal tem 80 casos de investigações sobre o mesmo objeto. Quantos parlamentares são alvo de processo de corrupção nestes dois últimos anos? Precisamos parar o sangramento de recursos com os Fundo Eleitoral, Partidário e emendas. Nossa democracia teria a ganhar sem o parasitismo partidário e a corrupção política. (04/2024/luiza)
 

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