O livro "O Código Da
Vinci", em destaque na
lista de best-sellers
do New York Times,
cativou a atenção de milhões
de leitores, motivou um
programa especial no horário
nobre na ABC News [e
foi lançado como um
importante filme de
Hollywood]. O livro prende o
leitor com uma história
excitante de aventura e
intriga, fazendo-o
acompanhar seus personagens
numa louca incursão pela
Europa à medida em que
procuram indícios da
verdadeira identidade de
Jesus Cristo.
O problema é que o livro
aborda a vida de Jesus de
uma maneira completamente
antibíblica, ofensiva e
estarrecedora para os que
nEle crêem. Assim como
tantos outros ataques à
integridade de Jesus Cristo,
O Código Da Vinci
declara que Jesus realmente
existiu, mas que Ele era
meramente humano e não
divino. Na realidade, os
personagens do livro alegam
insultuosamente que Jesus
foi casado com Maria
Madalena e que teria deixado
uma linhagem de descendentes
humanos, alguns dos quais
estariam vivos hoje.
O enredo deturpado gira em
torno de uma série de
indícios ocultos nas obras
de Leonardo da Vinci, que
pintou "Mona Lisa" e "A
Última Ceia". O romance
apresenta da Vinci como
membro de uma sociedade
secreta chamada de "Priorado
de Sião", fundada em 1099. O
livro também liga algumas
celebridades como Sir Isaac
Newton, Victor Hugo e Claude
Debussy à teoria da
conspiração de que o
priorado teria
deliberadamente escondido a
"verdade" sobre Jesus e
Maria Madalena do resto do
mundo durante séculos.
O romance envolve a história
de Robert Langdon, um
simbologista de Harvard, e
uma criptógrafa francesa
chamada Sophie Neveu ("nova
sabedoria", em francês).
Juntos, eles teriam
encontrado uma série de
vestígios criptografados que
revelam os "segredos" do
Cristianismo: que Deus seria
uma mulher, Jesus teria
descendentes e que Maria
Madalena seria divina. O
livro alega que essas
verdades estariam escondidas
numa série de documentos
secretos chamados de
"Documentos do Santo Graal".
Dan Brown tece uma narrativa
com grande poder de
entretenimento, mas
perigosamente blasfema, em
O Código Da Vinci.
Ele afirma que Maria
Madalena seria o Santo Graal
(o cálice de Cristo), que
ela e Jesus seriam os
progenitores da linhagem
merovíngia de governantes
europeus e que ela estaria
sepultada sob a pirâmide
invertida de vidro no
Louvre, em Paris, onde ainda
hoje se poderia sentir
emanações de seu espírito
divino.
Engano intencional
O romance descreve o
Cristianismo como uma
gigantesca conspiração
baseada numa grande mentira
(a divindade de Cristo). Os
personagens de Brown sugerem
que os apóstolos e pais da
igreja seriam nada mais do
que opressores patriarcais
que teriam suprimido a
adoração à "divindade
feminina". Na verdade, o
livro descreve os Evangelhos
do Novo Testamento como
produtos humanos de machos
chauvinistas anti-feministas
que teriam procurado
reinventar o Cristianismo
para oprimir as mulheres e
reprimir a adoração à deusa.
A agenda feminista é
ostentosa por todo o
romance, alegando que a
igreja primitiva, dominada
por homens e liderada por
Pedro, teria se voltado
contra Maria Madalena após a
morte de Jesus e provocado
sua fuga para a França (a
antiga Gália). Então, o
imperador Constantino teria
convenientemente deificado
Jesus a fim de consolidar
seu controle sobre o mundo.
O livro indica que na
votação do Concílio de
Nicéia sobre a divindade de
Cristo o resultado teria
sido apertado. Na realidade,
houve 300 votos favoráveis e
apenas dois contrários.
Dificilmente essa pode ser
considerada uma eleição
disputada! Mas,
definitivamente, a precisão
histórica não é o ponto
forte do romance.
|
Auto-retrato de
Leonardo da Vinci.
|
Essa é apenas uma das muitas
distorções deliberadas
existentes no livro. Outra
envolve os heréticos
evangelhos gnósticos
escritos no final do século
II como sendo os evangelhos
"reais". Encontrados em Nag
Hammadi no Egito, em 1946,
esses mitos gnósticos nunca
foram reconhecidos pela
igreja primitiva como
Escrituras legítimas. O Dr.
Albert Mohler, presidente do
Seminário Batista do Sul
(nos EUA), disse que "as
Escrituras do Novo
Testamento foram
reconhecidas e destacadas
devido à sua autoria
apostólica e pelo seu
conteúdo claramente
ortodoxo". Em contrapartida,
Mohler afirma que os textos
de Nag Hammadi são
"facilmente identificáveis
como literatura gnóstica
distanciada da Igreja".
É verdade que a igreja
medieval distorceu as
verdades básicas da mensagem
simples do Evangelho. Mas
foi vários séculos depois da
época de Cristo e dos
apóstolos que ela
acrescentou idéias como a
salvação pelas obras, a
veneração de santos e a
importância de relíquias
sagradas, como o chamado
"Santo Graal" – o cálice de
Cristo. Em O Código Da
Vinci o "cálice" é Maria
Madalena, mitologizada e
sexualizada como se fosse a
amante ou esposa de Jesus
Cristo.
Distorção diabólica
Em comparação ao livro O
Código Da Vinci, o filme
"A Última Tentação de
Cristo" parece ameno. O
romance de Brown acusa o
Cristianismo de culpar a
mulher pela queda de toda a
raça humana. Ele parece
esquecer que a história de
Adão e Eva é judaica e
antecipa o Novo Testamento
por muitos séculos. Na
realidade, o enredo de O
Código Da Vinci é uma
combinação de secularismo
ostensivo com feminismo
hostil.
O livro assevera que o
próprio Da Vinci, um
cientista brilhante e pintor
renascentista, estaria
ciente da verdade sobre
Maria Madalena e a teria
representado como João,
sentado próximo a Jesus em
sua "A Última Ceia". O
romance deixa a impressão de
que Maria estaria retratada
na pintura de Da Vinci como
a esposa de Cristo. Ele
também afirma que Pedro
estaria fazendo um gesto
ameaçador em direção a Maria
como se estivesse tentando
eliminar a influência
feminina da Igreja. Na
realidade, de forma nenhuma
Maria Madalena aparece no
quadro! Os personagens de
Brown "lêem" na pintura
aquilo que eles querem ver –
a feminização do
Cristianismo.
Não há nada no registro
bíblico sobre a Última Ceia
que indique a presença de
mulheres nessa refeição.
Também não há qualquer
indicação nos Evangelhos
bíblicos de que os
discípulos guardaram o
cálice de Cristo, pedaços da
cruz ou quaisquer outras
relíquias religiosas. Não é
o cálice no qual Jesus bebeu
que nos salva, tampouco
lascas da cruz onde Ele
morreu. O sangue que Ele
derramou naquela cruz,
simbolizado pelo cálice, é a
verdadeira base para nossa
salvação.
A Bíblia diz: "a quem
Deus propôs, no seu sangue,
como propiciação, mediante a
fé" (Romanos 3.25); "no qual
temos a redenção, pelo seu
sangue" (Efésios 1.7); "e
que, havendo feito a paz
pelo sangue da sua cruz"
(Colossenses 1.20); "e o
sangue de Jesus, seu Filho,
nos purifica de todo pecado"
(1 João 1.7).
Desafio decisivo
Não tenho idéia de quais são
as convicções religiosas de
Dan Brown, mas posso
dizer-lhes com certeza que
não são baseadas em crenças
cristãs ortodoxas. Seu
romance é fascinante e de
grande poder de
entretenimento, mas é
exatamente esse o problema.
Jovens pastores me contam
que são bombardeados com
perguntas céticas de
recém-convertidos que ficam
genuinamente perturbados ao
lerem o livro, por parecer
tão convincente.
O Cristianismo superou tais
críticas antes e o fará
novamente. A verdadeira
história do Evangelho ainda
é a maior história que já
foi contada! Os ensinamentos
de Jesus Cristo sempre foram
e sempre serão superiores a
qualquer coisa que o mundo
venha a oferecer. Ao mesmo
tempo, não podemos enfiar
nossa cabeça na "areia
eclesiástica" e simplesmente
desejar que esse tipo de
coisa desapareça.
Há respostas reais para as
questões levantadas em O
Código Da Vinci. Tais
desafios à fé devem nos
estimular a lidar com essas
questões, respondendo as
perguntas para satisfazer as
mentes honestas e
inquiridoras. O que me
preocupa é a mentalidade da
geração pós-moderna. Talvez
a questão real não seja o
que o livro contém, mas o
fato de que um público
biblicamente ignorante o
leve realmente a sério.
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O romance deixa a
impressão de que
Maria Madalena
estaria retratada na
pintura de Da Vinci
como a esposa de
Cristo.
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Em alguns aspectos, O
Código Da Vinci é mais
uma acusação à nossa geração
do que ao autor do livro.
Quando estava entrando na
adolescência, nos anos 60,
eu ficava continuamente
chocado pela ingenuidade de
meus pais, que acreditavam
em tudo que liam no jornal
só porque estava escrito
ali. Nunca lhes ocorreu que
as reportagens e editoriais
eram redigidos por pessoas
com agendas pessoais e
políticas. Eles haviam
crescido numa época em que
se acreditava naquilo que se
lia, não importando quem era
o autor. O mesmo é
verdadeiro, e até ainda
mais, para a televisão e o
cinema. Da mesma forma como
muitas vezes expliquei essa
realidade para a geração de
meus pais, advirto a atual
geração: não acreditem em
tudo que vocês lêem em um
romance ou vêem em um filme!
A Bíblia exorta: "Amados,
não deis crédito a qualquer
espírito; antes, provai os
espíritos se procedem de
Deus, porque muitos falsos
profetas têm saído pelo
mundo afora. Nisto
reconheceis o Espírito de
Deus: todo espírito que
confessa que Jesus Cristo
veio em carne é de Deus; e
todo espírito que não
confessa a Jesus não procede
de Deus; pelo contrário,
este é o espírito do
anticristo, a respeito do
qual tendes ouvido que vem
e, presentemente, já está no
mundo" (1 João 4.1-3).
(Pre-Trib Perspectives -
http://www.chamada.com.br)
O Dr. Ed Hindson é assessor
do reitor da Liberty
University em Lynchburg/VA
(EUA).
Publicado anteriormente na
revista Chamada da
Meia-Noite, julho de
2004.
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