* Bruno Barros
Barreira
Impressionante. Esta
é a palavra que
melhor define as
reações quando surge
a possibilidade dos
jornalistas tomarem
corpo definitivo com
um conselho federal.
O corporativismo é
citado como uma
afronta à sociedade
e aos profissionais
que atuam na área. A
Federação Nacional
dos Jornalistas (FENAJ)
é açoitada como uma
entidade criminosa,
retrógrada e
antidemocrática por
defender os
interesses de seus
associados, que
decidem,
democraticamente,
quais serão as
próximas iniciativas
tomadas no campo
político.
O que dizer da
atuação de entidades
como a Associação
Nacional dos Jornais
(ANJ)? Esta não é
corporativista? O
que dizer da Ordem
dos Advogados,
Conselho Federal de
Medicina, entre
outros? Ser
corporativista não é
o mesmo que ser
corrupto. No mais, a
principal missão do
Conselho Federal de
Jornalistas será
fazer cumprir o
código de ética
profissional dos
jornalistas,
devidamente
articulado com o
Interesse Público,
que almeja se
manter, de fato e de
direito, bem
informado. Em tempo,
a representação
sindical é
necessária e tem
amparo na lei
brasileira.
Os verdadeiros
antidemocráticos
É importante avisar
aos defensores do
patronato que é um
direito universal
dos cidadãos se
filiarem a uma
entidade de classe,
com o objetivo de
exigir melhores
salários,
representatividade
de corpo nacional e
melhores pisos
salariais. A ninguém
é dado o poder de
retirar o direito
que os jornalistas
têm de lutar,
democraticamente,
por vias legais e
próprias dos
congressos da classe
e no Congresso
Nacional, pelo
direito à
auto-regulamentação,
organização e
fiscalização do
ofício. É também um
dever de qualquer
classe trabalhista
zelar pela
excelência do
ofício, formação e o
ético cumprimento
das funções
privativas.
A verdade é que sem
uma regulamentação
rígida, os
trabalhadores se
transformam em
átomos soltos,
dispersos ao vento.
Passam a flutuar ao
puro sabor dos
empresários, sem ter
a quem recorrer.
Enfim, os
assalariados ficam
sem Corpo. Diante
dessas questões,
fica a pergunta:
quem é mesmo
antidemocrático?
Certamente não é a
FENAJ. Esta, por
vias legais
(Congresso e
Senado), tenta
regulamentar de
forma definitiva a
profissão dos
jornalistas e conta
com o apoio de cerca
de 40 mil afiliados,
além de outras
entidades de classe.
Portanto, são
completamente
infundadas as
críticas que apontam
um suposto surto
autoritário dos
jornalistas
profissionais
organizados. O
direito de
organização dos
trabalhadores está
amparado em lei, é
legítimo.
Totalitário é se
revoltar contra esse
direito e manifestar
absoluto desprezo
pelas deliberações
do coletivo.
A representatividade
social sempre foi
importante dentro da
democracia. O
esvaziamento
sindical é resultado
de uma
despolitização
generalizada no
Brasil, incentivado
pelos medias
que funciona como um
quarto Bios
existencial, onde os
reflexos são apenas
simulacros
referenciais a
serviço dos
proprietários. A
luta sindical por
melhores salários e
boas condições de
trabalho não é algo
Comunista, como
querem alguns. Ela
foi validada e tomou
impulso diante da
Revolução Industrial
inglesa, onde os
trabalhadores eram
explorados com
longas jornadas de
trabalho. Momento
histórico que ecoa
até hoje com os
Direitos Humanos.
Noticiário
antidemocrático
A forma mentirosa e
antidemocrática em
que é tratado o
assunto na mídia já
ultrapassou a
covardia há muito
tempo. Muito se
fala, por exemplo,
que especialistas de
diversas áreas ou
mesmo ex-jogadores
de futebol não
poderão mais
participar do
noticiário nacional.
São alegações
mentirosas, que
manipulam a Opinião
Pública para aceitar
a desregulamentação
total da atividade
jornalística no
Brasil.
Caso o PLC 079/2004,
que aumenta os
cargos privativos
dos jornalistas,
seja sancionado, ele
continua prevendo a
figura do
Colaborador, que é
destinado aos
especialistas de
diversas áreas do
conhecimento. Ou
seja, médicos,
economistas,
juristas,
escritores,
religiosos, entre
outros, continuam
livres para
escrever, opinar e
se expressar em
todos os jornais do
país. Mas, em meio à
desonestidade
covarde, isso não é
esclarecido.
* Jornalista e
professor de
História
Rio de Janeiro
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