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Texto
vigoroso e
atual: A
Mulher de
Lote -
Artigo de
Theresa
Catharina
é
jornalista,
escritora e
professora
universitária.
É editora do
Notícias
Culturais (www.noticiasculturais.com)
e do Arte
Cultura News
(www.arteculturanews.com).
Os
personagens
bíblicos,
protagonistas
neste texto
dramático de
Reynaldo
Domingos
Ferreira,
ainda que
vivendo na
realidade de
seu contexto
no Antigo
Testamento,
têm
personalidades
que podemos
reconhecer
como atuais,
cujas vozes
ecoam,
firmes e
perenes,
registrando
características
pessoais e
reflexos de
sua posição
no grupo
familiar e
na
comunidade
social.
Os diálogos,
assim como
os
pensamentos
que
disfarçam,
no silêncio
por trás de
palavras e
atitudes,
demonstram
como
decidiram
agir... nas
circunstâncias
de exceção.
A ambição
dos futuros
genros
ignora o
perigo
iminente, é
surda aos
desígnios
exigentes da
divindade
única. As
filhas e a
mulher de
Lote não
escondem,
sem
dissimulação
partilham o
seu apego ao
lar e à
cidade onde
moram,
resistindo à
insistência
do patriarca
temente a
Deus,
rejeitando
todos os
argumentos
para fugirem
do desastre
anunciado.
Situações e
personagens
de ontem que
ainda se
afirmam como
hodiernos.
Com ação,
suspense e o
que para mim
se afigura
como
fundamental,
uma bela
mensagem
moral.
Manifesta-se
nas
palavras,
reveladoras
de emoções e
sentimentos.
E nos
cenários
também. Com
a presença
de Deus
quase
audível e
visível...
porque a Sua
vontade é
lembrada,
com o
propósito de
ser
cumprida,
obedecida,
numa
demonstração
de
relacionamento
com fé
indiscutível.
A crença no
amor e na
sabedoria
divinos a
determinar,
ainda que no
contexto do
livre
arbítrio, as
melhores
decisões
para os Seus
filhos na
terra.
Para Lote,
chefe de
família, o
foco está no
mais
urgente...
mais
importante:
escapar da
morte
iminente. A
sua
generosidade,
expressa no
processo
objetivo de
negociação,
passo a
passo
renovado,
que manteve
com o Senhor
disposto,
logo de
início, em
Sua ira
divina, a
castigar os
pecadores
não-arrependidos,
inconscientes
de sua
mortalidade,
nem
dispostos a
buscar o
perdão
redentor e
salvífico.
A linguagem
de Reynaldo
Domingos
Ferreira,
repito, é
muito
vigorosa em
“A Mulher de
Lote”, de
novo
exercitando
seu talento
de
dramaturgo,
já merecedor
de críticas
elogiosas
desde a peça
inesquecível
de pesquisa
histórica –
“Dona
Bárbara” –
sobre as
mulheres
injustamente
esquecidas
em muitos
relatos
sobre o
tempo de
Inconfidência
Mineira.
Aqui, neste
episódio
bíblico
sobre os
antecedentes
da punição
divina aos
pecadores de
Sodoma e
Gomorra, a
crueza
característica
do realismo
naturalista
explicita-se
nas falas,
até nos
detalhes de
cenários,
figurinos e
na trilha
sonora
escolhida
pelo autor –
um caminho
pioneiramente
aberto no
texto
oferecido ao
público
leitor, aos
críticos e
possíveis
diretores,
um percurso
visualizado
sem
dificuldades
na leitura,
quase pronto
a ser
realizado no
palco.
Entretanto,
o enredo se
destaca,
quase
dispensa a
forma...
Homem de fé,
Lote não
hesita em
seguir a
palavra
salvadora,
preservadora
da vida.
Temente a
Deus,
respeita e
pratica o
dever da
hospitalidade
aos
estrangeiros.
Determinado
a lhes dar
abrigo e
proteção,
Lote
enfrenta
corajosamente
os homens
ameaçadores,
preconceituosos
e sem pejo
dos vícios
que os
mantêm
dominados,
capazes de
gritarem
palavras
abjetas,
intimidações
que
expressam a
mancha de
seus
pecados.
O virtuoso
Lote, por
saber que os
estrangeiros,
seus
hóspedes,
são Anjos,
emissários
do Senhor,
que vive
onipotente,
onisciente e
onipresente,
acima de
todos os
poderosos,
insiste em
defendê-los
a todo
custo.
Oferece os
recursos de
que dispõe
em defesa da
vida e da
dignidade
deles, cuja
identidade
só era por
ele
conhecida,
ao lhes
conceder o
privilégio
da
hospitalidade.
Princípios
significam
deveres,
obrigações.
Tomar e
assumir
decisões
coerentes.
Sem
desculpas,
nem falsas
justificativas
para omissão
ou
negligência.
O dever
consciente
que enfrenta
a violência
dos que, em
sua fraqueza
moral,
apenas
obedecem a
seus vícios.
Ressalto que
eu li “A
Mulher de
Lote”, sem
conseguir
parar, até
chegar à
última
palavra. O
texto é,
repito, sem
hesitação,
de conteúdo
atual,
vigoroso,
com
autêntica
linguagem
bíblica,
como se
estivéssemos
nas páginas
dos livros
proféticos
do Antigo
Testamento:
muitas
histórias da
Bíblia
Sagrada têm
o mesmo
estilo de
narrativa
que Reynaldo
Domingos
Ferreira
escolheu
para
recontar com
fidelidade
os
ensinamentos
da cultura
judaico-cristã
– com força
e realismo,
a se
desnudarem
numa crueza
naturalista
que se
impõe.
Maravilhoso
é sentir que
a leitura
desta peça,
ao invés de
nos deixar
petrificados,
como a
esposa
inconseqüente
que ignorou
a
advertência
de não olhar
para trás,
nos envolve
com a
presença dos
Anjos que se
hospedaram
na casa do
patriarca...
Com a fé de
Lote na
palavra do
Senhor Deus,
ganhamos
coragem para
acreditar no
futuro para
o qual
caminhamos,
apressados
porque o
tempo já se
esgotou, mas
dispostos a
recomeçar,
fortalecidos
na esperança
de uma
existência
fundamentada
em Suas
promessas. |
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