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Consumo e Identidade
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Maristela G. André
Pags: 208
Edição 2006
As trajetórias percorridas
pelos indivíduos, no ato de
consumir, revelam várias
armadilhas e também muitas
descobertas. Este livro é um
começo de conversa para se
identificar algumas delas.
Seu foco principal é a
relação entre identidade e
consumo, como um universo
cada vez mais complexo e
extremamente privilegiado
para se compreender o modo
de ser humano nas sociedades
contemporâneas.
O indivíduo, principalmente
nas grandes metrópoles vive
no fio da navalha, entre a
segurança e o perigo, e o
consumo, ao mesmo tempo em
que serve para aliviar as
tensões, oferecendo rotas
para uma vida programada,
anuncia possibilidades
desconhecidas de realização
e de prazer, como por
exemplo, na prática de
esportes radicais ou nas
experiências de
autoconhecimento
proporcionadas por
diferentes modalidades de
ecoturismo. Desse modo, os
hábitos de consumo se
revelam como uma busca
individual e coletiva pelas
referências locais de
inserção política, econômica
e social, e pelas aspirações
ensejadas pelos meios de
comunicação de massa.
Mais do que o simples ato de
comprar, o consumo é
apresentado como uma forma
de interação, uma
apropriação individual que
insere cada pessoa no todo
do tecido social, levando o
tratamento do tema à
necessidade do trânsito por
diversos campos do
conhecimento: antropologia,
sociologia, psicologia,
psicanálise, linguagem,
semiótica, história, e
economia.
Este livro se contrapõe às
análises monolíticas da
sociedade de consumo vista
predominantemente sob o
ângulo da dominação,
subjugação ou manipulação
dos indivíduos,
caracterizando-a como um
espaço de liberdade onde
transita o desejo móvel e
movente.
O aspecto articulador do
consumo se traduz em
narrativas alegóricas que
revelam o olhar desviante do
indivíduo no acesso de sua
subjetividade,
constituindo-se por essa
mesma razão, em uma das
chaves mais interessantes
para se percebê-la e
compreendê-la.
Os indícios e os rastros da
trama construída pelos
indivíduos no ato de
consumir podem ser
percebidos nas interconexões
entre a imagem, o imaginado
e o imaginário identificadas
na linguagem das mídias e
das tecno-logias de
comunicação, especialmente
aquelas da Internet.
As trajetórias do consumo se
confundem com os itinerários
da subjetividade e para
desvendá-las ou conhecê-las
minimamente é preciso
reconhecer no seu percurso
as micro-revoluções, ou
revoluções moleculares, de
que nos falava Felix
Guattari, e assim podermos
perceber as escolhas não
como uma rendição total ao
modo de ser costumeiro das
coisas, mas num nível
próximo da superação das
conturbações diárias pela
formulação de opções de vida
que, mais do que atravessada
por hábitos, são
direcio-nadas principalmente
por uma relação intensa
entre a ordem estabelecida e
a possibilidade de uma nova
ordem. |
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