Theresa Catharina de Góes Campos

 
A POESIA GAÚCHA DE ALCEU WAMOSY
 
Data: Tue, 3 Apr 2007 15:00:45 -0300
Assunto: JIRAU DIVERSO 14

JIRAU DIVERSO

Nº 14 – abril.2007
por Enzo Carlo Barrocco

A poesia gaúcha de Alceu Wamosy

O POEMA

Duas almas

Ó tu que vens de longe, ó tu, que vens cansada,
Entra, e, sob este teto encontrarás carinho:
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho,
Vives sozinha sempre, e nunca foste amada...

A neve anda a branquear, lividamente, a estrada,
E a minha alcova tem a tepidez de um ninho,
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
Se banhem no esplendor nascente da alvorada.

E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa,
Essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,
Podes partir de novo, ó nômade formosa!

Já não serei tão só, nem irás tão sozinha.
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha...

O POETA


Alceu de Freitas Wamosy,  poeta e jornalista gaúcho (Uruguaiana 1895 – Livramento 1923) trabalhando ativamente na imprensa pode, paralelamente, se dedicar à poesia que era o seu principal ofício . As impressões de vida interior são as principais características na poesia puramente subjetiva deste poeta do Rio Grande. Wamosy é o patrono da cadeira nº 40 da Academia Sul-rio-grandense de letras.

 

Jornalismo com ética e solidariedade.